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Políticos cassados tentam a redenção nas urnas

Piauí Hoje

Terça - 27/04/2010 às 04:04



Defenestrados de seus mandatos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por uma sorte de crimes que vão de abuso de poder econômico até a compra de votos, quatro políticos tentarão retornar ao palco político durante as eleições de outubro, a maioria na condição de favorito. Cassados no ano passado, os ex-governadores da Paraíba Cássio Cunha Lima (PSDB) e do Tocantins Marcelo Miranda (PMDB) sonham em voltar aos holofotes no Senado Federal. Já o ex-governador do Maranhão Jackson Lago (PDT) e o ex-senador Expedito Júnior (PSDB-RO) tentarão um mandato como governador em seus respectivos estados. À exceção de Lago, os políticos com histórico recente de cassação lideram as pesquisas.Os quatro políticos perderam os mandatos por decisões do TSE devido a irregularidades durante as eleições de 2006 (veja quadro). Por determinação da Justiça, três deles tiveram de entregar os cargos para os adversários diretos nas eleições de 2006. Jackson Lago passou o bastão da chefia do Executivo maranhense para a então senadora Roseana Sarney (PMDB). Cunha Lima abriu as portas do Palácio da Redenção para José Maranhão (PMDB) e Expedito Júnior deixou a cadeira no Senado para Acir Gurgacz (PDT). Apenas Marcelo Miranda não teve o desgosto de ver o cargo cair nos braços do principal adversário. A Justiça decidiu que, como Miranda havia vencido o pleito no primeiro turno, o novo governador de Tocantins deveria ser eleito pela Assembleia Legislativa em eleição indireta.O escolhido acabou sendo um aliado do ex-governador, o então deputado estadual Carlos Gaguim (PMDB). Agora candidato à reeleição, Gaguim deve formar uma chapa puro-sangue em Tocantins, com Miranda para o Senado e o atual senador peemedebista Leomar Quintanilha, candidato à reeleição. Os maiores adversários do ex-governador vêm da oposição ao governo federal, aglutinados em torno do PSDB. A aliança tucana terá o deputado federal Eduardo Gomes (PSDB) e o senador João Ribeiro (PR) candidatos ao Senado. Wilson Siqueira Campos (PSDB), algoz de Miranda no processo julgado pelo TSE, disputará a chefia do Executivo de Tocantins.Outro ex-governador que escolheu o Senado como palco da "ressurreição política" é o tucano Cássio Cunha Lima. Como havia sido reeleito em 2006, a Justiça proíbe uma nova candidatura ao governo. E um ano depois de perder o mandato, Cunha Lima é o franco favorito para ocupar uma das cadeiras em disputa nas eleições de outubro. A última pesquisa encomendada pela Consul/Correio da Paraíba na semana passada mostra o ex-governador com 48,7% das intenções de voto. O segundo colocado é o atual senador Efraim Moraes (DEM), com 32,77%, seguido por Vital Filho (PMDB), com 19,22%. Na Paraíba, os tucanos tentarão ganhar cargos no governo apoiando o ex-prefeito de João Pessoa Ricardo Coutinho (PSB). O atual governador, José Maranhão (PMDB), concorrerá à reeleição.ContragolpeCassado em abril do ano passado pelo TSE, o ex-governador do Maranhão Jackson Lago preparou um contragolpe para retornar ao cargo - ele se diz vítima de um complô. A estratégia é conquistar novamente nas urnas o direito de governar o estado, impondo uma humilhação à família Sarney. O pedetista é nome forte no interior, mas tem pela frente pelo menos uma grande batalha para ter chances de vencer a atual governadora, Roseana Sarney, candidata à reeleição. A cotação de Lago está ligada à capacidade de o ex-governador atrair o apoio do PSDB. "É um dever que me foi imposto pelo \'golpe judiciário\'. Fui cassado e tenho que ouvir o povo. Saber o que eles acham", disse Lago. Levantamentos informais colocam o ex-governador com mais de 20% das intenções de voto para o governo do Maranhão, atrás de Roseana.Em Rondônia, o ex-senador Expedito Júnior (PSDB) pretende alçar voos mais altos. Vai disputar em outubro o governo do estado, na condição de favorito. Ainda não há pesquisas oficiais, mas levantamentos internos do partido apontam o tucano com 36% das intenções de voto, à frente dos principais concorrentes: João Cahulla (PPS), Confúcio Moura (PMDB) e Eduardo Valverde (PT). O presidente do diretório estadual do PSDB em Rondônia, Hamilton Casara, avalia que a cassação não afetou negativamente a imagem de Expedito perante a população. "Grande parte dos eleitores sabe que ele teve um desempenho parlamentar significativo. Ele é um líder e tem visitado de três a quatro municípios por dia", afirma Casara.Tentativa de homicídioO ex-governador da Paraíba Cássio Cunha Lima pode não ser o único do clã a voltar aos mandatos políticos nas eleições de outubro. O patriarca da família, Ronaldo Cunha Lima (PSDB), estuda ser suplente na chapa à reeleição do atual senadorEfraim Moraes (DEM-PB). Ex-governador do estado, Ronaldo renunciou ao mandato de deputado federal em 2007 para escapar de um processo por tentativa de homicídio contra o adversário político Tarcísio Buriti, em dezembro de 1993. Uma semana antes de o caso ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o patriarca dos Cunha Lima abriu mão do mandato e, consequentemente, do foro privilegiado. A manobra livrou o ex-deputado de uma condenação. De volta à primeirainstância, o caso prescreverá sem julgamento.

Fonte: Correioweb

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