Política

SOLUÇÃO

Solução das mortes de Marielle e Anderson depende somente do STJ

Com informações do ex-sargento de Ronnie Lessa, o caso de Marielle teve um grande avanço

Da Redação

Quinta - 14/03/2024 às 11:28



Foto: O globo Vereadora Marielle Franco e motorista Anderson Gomes
Vereadora Marielle Franco e motorista Anderson Gomes

Informações do ex-sargento da Polícia Militar, Ronnie Lessa, que apoiadas geraram uma delação premiada (benefício em troca da colaboração), ainda não homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), trazem à tona que se deve chegar o mais rápido possível até os mandantes dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Até o momento, só depende do ministro Raul Araújo. O ex-sargento além de afirmar quem são dois os mandantes, o fato de a colaboração depender da validação do STJ comprova que, pelo menos um deles, tem foro privilegiado.

Entre os investigados pela Polícia Federal e pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio (MPRJ), apenas o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, Domingos Brazão, tem tal vantagem. Brazão, por sua vez, nega veementemente o crime. Na opinião dele, Lessa estaria protegendo alguém ao incriminá-lo. O conselheiro afirmou, que não conhecia as vítimas e, tampouco, os réus.

Enquanto não houver a homologação, as investigações seguem em sigilo absoluto por agentes e promotores. Apesar das autoridades do Ministério da Justiça e da Polícia Federal, em Brasília, asseguraram que as prisões dos mandantes do crime ocorreriam até esta quinta-feira (14), quando o duplo homicídio completa seis anos, a dependência da decisão do tribunal acabou provocando frustração aos parentes das vítimas. Por estar em segredo de Justiça, o STJ não comenta sobre o caso.

O ministro Flávio Dino, após ter assumido o compromisso de resolver o caso de Marielle e Anderson, logo que tomou posse ano passado, ofereceu ao governador Cláudio Castro o apoio da Polícia Federal nas investigações. Desde 22 de fevereiro de 2023, agentes da PF atuam em conjunto com Gaeco para, meses depois, a PF e a força-tarefa do MP conseguiram convencer o ex-policial militar Élcio de Queiroz a fazer uma colaboração premiada.

Ronnie Lessa, Élcio de Queiroz, Maxwell Simões, o Suel, e Edimilson Oliveira, o Macalé — Foto: Reprodução e Agência O Globov

Entrada da Polícia Federal no caso 

Após assumir o compromisso de resolver de vez o caso Marielle e Anderson, logo que tomou posse no ano passado, Dino ofereceu ao governador Cláudio Castro o apoio da Polícia Federal nas investigações. Desde 22 de fevereiro de 2023, agentes da PF atuam em conjunto com Gaeco para chegar ao mandante do crime. O ex-ministro chegou a afirmar que “desvendar” o caso era uma “questão de honra”.

O ministro Flávio Dino, após ter assumido o compromisso de resolver o caso de Marielle e Anderson, logo que tomou posse ano passado, ofereceu ao governador Cláudio Castro o apoio da Polícia Federal nas investigações. Desde 22 de fevereiro de 2023, agentes da PF atuam em conjunto com Gaeco para, meses depois, a PF e a força-tarefa do MP conseguiram convencer o ex-policial militar Élcio de Queiroz a fazer uma colaboração premiada.

A delação trouxe avanços significativos ao caso, que permanecia sem respostas por cinco anos. As revelações do ex-policial militar (PM) permitiram à Polícia Federal descobrir que os assassinos planejavam matar a vereadora desde dezembro de 2017.

Segundo o ex-PM, durante a virada do ano de 2017 para 2018, ele estava na casa de Lessa, que, alcoolizado, desabafou com Élcio sobre ter perdido uma oportunidade de atingir um alvo na área do Estácio semanas antes.

As informações do ex-PM também detalharam a participação do ex-bombeiro Maxwell Corrêa, conhecido como Suel. Suel teria auxiliado na vigilância dos passos de Marielle e participado da troca de placas do veículo Cobalt, além de providenciar seu desmanche.

Outro envolvido revelado pelo ex-PM é o sargento reformado Edimilson Oliveira, conhecido como Macalé. Macalé teria intermediado a contratação de Lessa e participado das operações de vigilância de Marielle durante a preparação para o crime.

Suel foi preso em julho do ano passado durante a Operação Élpis, conduzida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público do Rio, após sua delação premiada. Macalé, por sua vez, foi assassinado a tiros em novembro de 2021, aos 54 anos. Antes disso, ele já havia sido mencionado em inquéritos relacionados ao jogo do bicho, sendo apontado como integrante da equipe de segurança de Bernardo Bello e um dos principais colaboradores do bicheiro.

Antes da Polícia Federal assumir a investigação em conjunto com o Gaeco, eles já haviam contribuído pontualmente para o caso. Em 2019, concluíram que houve obstrução na apuração do duplo homicídio pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) da Polícia Civil, evidenciando que algumas pessoas estavam atrapalhando a resolução do caso ao disseminar informações falsas.

No período, a investigação da DHC apontava o miliciano Orlando Oliveira Araújo, o Orlando da Curicica, como o criminoso que intermediou a morte da vereadora, a mando do ex-vereador Marcello Siciliano. O trabalho da PF ficou conhecido como “Investigação da Investigação”.

A PF também corrigiu a rota, afastando o nome dos dois do centro do caso. Após essa correção de rumos, o delegado da DHC, Giniton Lages, e as promotoras Simone Sibilio e Letícia Emile, do Gaeco, passaram a mirar em Lessa, então policial militar, como atirador, e Élcio, o motorista do Cobalt usado na emboscada do dia 14 de março de 2018. Eles foram inseridos na investigação em outubro daquele ano, depois que um telefonema anônimo para a DHC trouxe os nomes à tona. 

Na época, a Procuradoria Geral da República (PGR) pediu para federalizar o caso, retirando a apuração do crime da Polícia Civil e do MPRJ. Na época, a ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge ela alegou que as autoridades fluminenses não demonstraram capacidade de chegar aos mandantes do crime.

Logo,  ela justificou o pedido apontando a participação de Domingos Brazão no homicídio, na época, o conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE), com foro privilegiado. Em maio de 2020, ministros da Terceira Seção do STJ indeferiram o pedido, entendendo que o pedido de federalização não teve amparo da justificativa técnica.

Desde o dia do crime, em 14 de março de 2018, cinco delegados da Polícia Civil estiveram à frente das investigações das mortes de Marielle e Anderson. O delegado federal Leandro Almada, atuou no início do caso, assinando o relatório da "investigação da investigação", e depois passou a ser o superintendente da PF no Rio. Atualmente, o responsável pelo inquérito dos mandantes é o delegado federal Guilhermo Catramby, enquanto o promotor do caso, Fábio Correa, que coordena o Gaeco, chefia a Força-Tarefa Marielle e Anderson.

Fonte: O Globo

Siga nas redes sociais

Compartilhe essa notícia: