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CCJ do Senado PL analisa PL que libera bingos e cassinos na próxima quarta

Senadores contrários à proposta afirmam que a permissão vai estimular crimes como lavagem de dinheiro e sonegação de impostos

Da Redação

Quarta - 12/06/2024 às 15:20



Foto: Divulgação Cassino
Cassino

O projeto de lei que autoriza o funcionamento de cassinos e bingos será analisado como item único em reunião extraordinária deliberativa da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na próxima quarta-feira (19). O presidente da comissão,  senador Davi Alcolumbre (União-AP), comunicou a decisão na reunião desta quarta-feira (12), após senadores manifestarem divergência sobre a matéria.

O projeto chegou a ser pautado na reunião e o relator, senador Irajá (PSD-TO), apresentou uma complementação de voto, acatando cinco emendas de redação. Enquanto alguns senadores manifestaram dúvidas em relação ao novo parecer e pediram mais tempo para estudar as mudanças, com pedido de vistas, outros membros da CCJ, que no início da reunião tinham apresentado requerimento para adiamento da análise, passaram a defender a votação da matéria nesta quarta.

Diante do impasse, Alcolumbre disse que não queria abordar qualquer questão ideológica e decidiu colocar a matéria para apreciação na semana que vem, após as sabatinas, com o compromisso de não mais adiar essa discussão.

O PL 2.234/2022, da Câmara dos Deputados, foi apresentado naquela Casa em 1991. No Senado, tramita desde 2022, sem consenso para votação. O texto permite a instalação de cassinos em polos turísticos ou em complexos integrados de lazer, como hotéis de alto padrão, restaurantes, bares e locais para reuniões e eventos culturais.

Contrários

Na avaliação dos senadores contrários à proposta, a permissão não trará vantagem econômica ao país e promoverá consequências negativas, como o estímulo ao cometimento de crimes como lavagem de dinheiro e sonegação de impostos.

"A própria Organização Mundial de Saúde considera a ludopatia [vício no jogo] uma doença cada vez mais grave, que tem devastado empregos, porque as pessoas começam a perder produtividade; tem devastado a família, porque a pessoa começa a perder os entes queridos, que começam a sofrer os impactos do vício. Isso gera criminalidade", afirmou o senador Eduardo Girão (Novo-CE).

Na opinião desses senadores, o Brasil não está preparado para essa autorização, seja pela falta de órgãos de controle para acompanhar cassinos e bingos, seja pelo aumento da criminalidade e do surgimento de novos problemas sociais. Eles citam como possível consequência da liberação do jogo o aumento de dependência alcoólica e de drogas, além de estímulo à prostituição.

"Nós não queremos a aprovação do jogo em nosso país, nós não queremos a possibilidade de lavagem de dinheiro para tráfico de drogas, não queremos a possibilidade de sonegação, não queremos a possibilidade de que a sociedade brasileira se afunde ainda mais em problemas de endividamento", declarou o senador Carlos Viana (Podemos-MG).

O senador Sérgio Moro (União-PR) observou que o tema desperta muitas dúvidas. Uma delas, é a questão da publicidade e da falta de transparência. Ele citou como exemplo negativo a divulgação ostensiva de jogos esportivos online, as famosas bets.

"Eu tenho preocupações muito grandes em relação à publicidade. Parece-me que, em relação, por exemplo, a essas bets que foram aprovadas, está havendo uma publicidade abusiva, eu só vejo isso na TV, em intervalos comerciais. E é claro que todo negócio tem direito de fazer a sua publicidade, mas a gente tem que tomar cuidado sobre se isso não estimula um vício exagerado nessa matéria. Até gostaria de ver se nesse projeto teria alguma previsão a respeito desse tema", disse.

Ainda se manifestaram contrários à aprovação da matéria os senadores Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), Damares Alves (Republicanos-DF), Zequinha Marinho (Podemos-PA), Marcio Bittar (União-AC), Esperidião Amin (PP-SC), Marcos Rogério (PL-RO), Jorge Seif (PL-SC).

Fonte: Agência Senado

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