Política

INVESTIGAÇÕES

Mauro Cid será ouvido por juiz após áudios vazados por "amigo"

Cid afirma que Bolsonaro ficou milionário enquanto ele perdeu tudo

Da Redação

Sexta - 22/03/2024 às 12:48



Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo Tenente-coronel Mauro Cid e o ex-presidente Jair Bolsonaro
Tenente-coronel Mauro Cid e o ex-presidente Jair Bolsonaro

"Ninguém acusa a Polícia Federal e o Supremo Tribunal Federal de crime impunemente". A declaração é de um integrante da cúpula da Polícia Federal (PF) e adianta o clima hostil que o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, Mauro Cid, vai enfrentar nesta sexta-feira (22), quando será ouvido para explicar as declarações que deu, segundo a revista "Veja", a um "amigo", atacando a PF e o ministro Alexandre de Moraes.

Segundo informações divulgadas pela revista, o “amigo” gravou áudios de conversa com Cid, os trechos vazados revelam o tenente-coronel ressentido, que o então ex-presidente, Bolsonaro, ficou milionário com PIX de seus seguidores fiéis, enquanto ele havia perdido tudo. Contudo, Cid não para com suas lamúrias e insinua que seus depoimentos foram manipulados. 

Devido a essa situação, foi chamado a esclarecer os áudios. Sua defesa, coordenada por Cezar Bittencourt, correu para, em nota, tentar desmentir as falas de Cid, tratando o diálogo como clandestino e exaltando a legalidade da colaboração dele à Justiça contra Bolsonaro - e reafirmando tudo o que foi declarado por ele em depoimentos.

Até aliados de Bolsonaro estão cautelosos. A situação de Cid é delicada.

Segundo um procurador da República ouvido pelo blog, Mauro Cid incorreu em mais de um pecado capital para qualquer acusado que tente minimizar penas colaborando com a Justiça.

"Isso que ele (Cid) fez se chama reserva mental", inicia o procurador. "O colaborador não pode agir com reserva mental, subterfúgios e cartas na manga. Ele não é obrigado a colaborar. Mas, se decide fazê-lo, tem de agir com fair play", conclui.

Cid certamente já comprometeu a extensão de seu acordo de colaboração. Comparado por aliados de Bolsonaro a Joaquim Silvério dos Reis, o delator da inconfidência, enfiou-se, por vontade de voltar aos braços do bolsonarismo ou imprudência, no pior dos mundos.

De todos os envolvidos nos casos já citados, ele é o que mais tem provas contra si. O celular de Cid já era, por si só, uma espécie de delação. Mais: Cid recorreu à delação para salvar de punição a mulher e o pai, envolvidos comprovadamente, por documentos e registros telefônicos, em diferentes crimes.

A mulher de Cid entrou e saiu dos Estados Unidos com um comprovante de vacina falso, fabricado por ele, em conluio com um aliado de Bolsonaro e o ex-secretário de Saúde de Duque de Caxias.

O pai de Cid, a pedido dele, tornou-se uma espécie de vendedor de relíquias pegadas por Bolsonaro da Presidência. Ele ainda aparece em mensagens no celular de Cid como portador de dinheiro vivo levado a pessoas próximas ao presidente.

Militar de carreira, o pai de Cid chegou a cometer a proeza de se fotografar segurança uma caixa com obra de arte da Presidência que tentava vender nos EUA.

Ao comprometer o próprio acordo, Cid pode ter arrasado não só o próprio futuro, como o de sua família.

Mauro Cid será ouvido por juiz instrutor após vazamento de áudios.

Fonte: G1

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