Política

JUROS

Lula critica comportamento do Banco Central e questiona taxa de juros elevada

Presidente do Brasil diz que Selic alta prejudica o país e acusa Roberto Campos Neto de ter interesses políticos

Da Redação

Terça - 18/06/2024 às 10:34



Foto: G1 Presidente Lula: BC joga contra o país
Presidente Lula: BC joga contra o país

Nesta terça-feira (18), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o comportamento do Banco Central do Brasil, responsável pela definição da taxa básica de juros, a Selic, é a única "coisa desajustada" no país atualmente.

Em entrevista à Rádio CBN, Lula criticou novamente o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, acusando-o de ter "lado político" e "trabalhar para prejudicar o país". "Só temos uma coisa desajustada neste país: é o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Presidente que tem lado político, que trabalha para prejudicar o país. Não tem explicação a taxa de juros estar como está", declarou Lula.

O dólar apresentou volatilidade após Lula afirmar que Campos Neto trabalha para prejudicar o país. "Temos situação que não necessita essa taxa de juros. Taxa proibitiva de investimento no setor produtivo. É preciso baixar a taxa de juros compatível com a inflação. Inflação está controlada. Vamos trabalhar em cima do real", completou o presidente.

Sucessão de Campos Neto

Lula também afirmou que Campos Neto, cujo mandato termina neste ano, tem aspirações políticas. "A quem esse rapaz é submetido? Como vai a festa em São Paulo quase assumindo candidatura a cargo no governo de SP? Cadê a autonomia dele?", questionou Lula.

Sobre o futuro presidente do Banco Central, Lula disse que indicará uma pessoa comprometida com o crescimento do país. O presidente sugeriu que Campos Neto tem influência do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, citando um evento recente em que Campos Neto foi homenageado em São Paulo. "A festa foi do Tarcísio pra ele [Campos Neto]. Homenagem do governo de São Paulo para ele, certamente porque governador de SP acha maravilhoso taxa de juros de 10,5%. Quando ele se 'autolança' a um cargo. Vamos repetir o Moro? Presidente do BC está disposto a fazer o mesmo papel que Moro fez? Paladino da justiça com rabo preso", disse Lula.

Desde o início do seu terceiro mandato, Lula tem criticado Campos Neto por não concordar com os elevados níveis da taxa de juros no Brasil. O mandato de Campos Neto termina em 2024 e, desde 2021, a legislação brasileira garante a autonomia do Banco Central, que deve operar sem interferência política. A legislação estabelece que o presidente e diretores do Banco Central tenham mandatos de quatro anos, não coincidentes com a presidência da República, e suas nomeações devem ser aprovadas pelo Senado Federal.

Expectativas para a Selic

Lula já declarou várias vezes que não há justificativa para manter a taxa Selic elevada e esperava que Campos Neto fosse mais "rápido" e "prudente" no ciclo de cortes. Atualmente, a Selic está em 10,50% ao ano, e o mercado financeiro espera que os juros sejam mantidos nesse patamar na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, marcada para esta quarta-feira (19).

Na segunda-feira (17), o Boletim Focus — relatório do Banco Central que compila as expectativas dos economistas do mercado — indicou pela primeira vez que não há mais previsão de corte na taxa Selic este ano. Até então, esperava-se uma redução de 0,25 ponto percentual, para 10,25% ao ano. No começo do ano, a expectativa era que a Selic terminasse 2024 a 9% ao ano.

O Boletim Focus desta semana também revisou para cima a projeção de inflação para 2024, de 3,90% para 3,96%, e a previsão para a taxa de câmbio, de R$ 5,05 para R$ 5,13. Um dólar mais caro pressiona a inflação brasileira, dificultando a redução da taxa de juros.

Impacto dos juros elevados

Juros elevados prejudicam o crescimento econômico, pois encarecem os financiamentos, a tomada de crédito e os empréstimos, reduzindo os níveis de consumo e investimento no país.

Redução de gastos

Na entrevista, Lula foi questionado sobre a redução de gastos do governo. Ele afirmou que uma proposta de orçamento está sendo preparada para envio ao Congresso, mas não deu detalhes sobre a contenção de despesas. Perguntado sobre cortes em previdência, saúde, educação e aposentadorias militares, Lula disse que nenhuma medida é descartável. "Nada é descartável. Eu sou um político muito pragmático. A hora que mostrarem provas que coisas estão erradas, a gente vai mudar", declarou

Fonte: G1

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