Política

ATOS GOLPISTAS

Hacker reafirma ter recebido R$ 40 mil de Carla Zambelli

Delgatti detalha encontro com Zambelli e Bolsonaro: “Aceitei porque me ofereceram um emprego”

Arnaldo Silva

Quinta - 17/08/2023 às 11:06



Foto: Reprodução Hacker Walter Delgatti Neto
Hacker Walter Delgatti Neto

(Matéria atualizada às 11:40)

O hacker Walter Delgatti Neto está sendo ouvido na manhã desta quinta-feira (17), na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas de 8 de janeiro.

Em seu depoimento, Delgatti detalhou seu encontro com a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e afirmou ter aceitado o encontro com a parlamentar por ela ter lhe oferecido um emprego.

“Nisso, apareceu a oportunidade da deputada Carla Zambelli de um encontro com o Bolsonaro. Ele queria que eu autenticasse a lisura das eleições e, por ser o presidente da República, eu fui ao encontro. Eu estava desamparado, sem emprego, e ofereceram um emprego a mim. Por isso que fui até eles”, declarou Delgatti.

A relatora do colegiado, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), ressaltou que a oitiva do hacker pode auxiliar a CPMI esclarecer como Carla Zambelli atuou de modo a questionar a legitimidade do sistema eleitoral brasileiro nas eleições de 2022.

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou na noite de quarta-feira (16), que Delgatti fique em silêncio durante sua oitiva ao colegiado.

Investigações

A Polícia Federal encontrou pagamentos de dois assessores de Zambelli ao hacker de forma fracionada. Dalgatti afirmou para a PF que recebeu R$ 40 mil da deputada para invadir e inserir dados falsos nos sistemas de tecnologia do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em janeiro deste ano.

Reunião no Palácio da Alvorada

O hacker Walter Delgatti Neto detalhou sobre uma reunião no Palácio da Alvorada na qual participaram o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu ajudante de ordens Mauro Cid, o assessor da Presidência general Marcelo Câmara e a deputada Carla Zambelli.

Delgatti disse que a reunião durou cerca de uma hora e meia e o objetivo era falar sobre a eleição e a integridade das urnas eletrônicas. O hacker afirmou ainda que, por ser tratar de uma conversa técnica, Bolsonaro teria dito que “a parte técnica eu não entendo. Então eu irei enviá-lo ao Ministério da Defesa, e lá com os técnicos você explica tudo isso”.

Reunião com membros do PL

Walter Delgatti também contou sobre uma reunião com membros do Partido Liberal (PL), onde lhe foi sugerida a ideia de “pegarem uma urna, colocar um aplicativo meu lá e mostrar à população que é possível apertar um voto e sair outro. Eu faria o código-fonte da urna, não o do TSE”.

Indulto do presidente

O hacker chegou a ser questionado pela relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama, se ele colocou a possibilidade de ser preso por esses atos, Delgatti então respondeu: “Sim, inclusive a ideia ali era que eu receberia um indulto do presidente.”

Ele acrescentou como estava à época na mira da operação “Spoofing” da Polícia Federal (PF) e com as cautelares que o proibiam de acessar a internet, ele “visava esse indulto e foi oferecido no dia”.

Visitas ao Ministério da Defesa

Delgatti afirmou que esteve ao menos cinco vezes no Ministério da Defesa.

“[Estive lá] cinco vezes. Eu conversei com o ministro [Paulo Sérgio] Nogueira e também com o pessoal da TI. A ideia inicial era que eu inspecionasse o código-fonte, mas eles explicaram que ele só ficava no TSE e apenas servidores do Ministério da Defesa teriam acesso. Tudo que expliquei a eles consta no relatório que foi entregue ao TSE. Eu posso dizer que aquele relatório, de forma integral, foi exatamente o que eu disse. Eu apenas não digitei, mas eu que fiz ele porque tudo o que consta nele foi indicado por mim.”

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