Política

CORRUPÇÃO

Ex-assessor de Bolsonaro é o 4º nome a apontar rachadinha em gabinetes do clã

A suposta apropriação de parte dos salários de assessores pelos Bolsonaro foi revelada a partir de um relatório do Coaf, em 2018

Da redação

Sábado - 22/01/2022 às 11:36



Foto: Getty Images Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro

Amigo de Jair Bolsonaro, a quem assessorou na campanha presidencial de 2018, Waldyr Ferraz, o "Jacaré", tornou-se a quarta pessoa próxima a gabinetes da família a citar a existência de um esquema de rachadinha (desvio de salários) envolvendo ex-funcionários do presidente ou de seus filhos. A suposta apropriação de parte dos salários de assessores pelos políticos foi revelada a partir de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), em reportagem do Estadão em dezembro 2018.

 Waldyr afirmou à revista Veja que a advogada Ana Cristina Valle, segunda ex-mulher do presidente, comandou o esquema para desviar vencimentos dos assessores do ex-marido, então deputado federal, do senador Flávio Bolsonaro (à época, deputado estadual) e do vereador Carlos Bolsonaro. Cobrado pelo presidente a dar explicações, "Jacaré" negou ter testemunhado crimes e disse ter certeza que a família Bolsonaro não sabia de nada.

Apesar da tentativa de isentar o amigo, as declarações do ex-assessor incomodaram Bolsonaro, que escalou Flávio para rebater a publicação e tentar reduzir danos. O filho mais velho do presidente gravou um vídeo pouco antes de embarcar para o velório da avó, Olinda Bonturi Bolsonaro, em qual leu uma nota na qual Jacaré diz que suas declarações foram deturpadas pela publicação.

Jacaré participou de todas as campanhas de Bolsonaro - eles se conhecem desde o tempo em que o hoje presidente era vereador. Ele fica sabendo quando Bolsonaro vem ao Rio antes mesmo de agenda oficial do presidente ser divulgada.

Segundo Veja, Jacaré descreveu o suposto esquema que Ana operaria. Com poder para fazer uma cota de contratações dos gabinetes, nessa versão ela recolhia documentos de algumas pessoas, abria contas bancárias e lhes dava uma pequena parte do salário, ficando com o restante. Muitas vezes, os assessores seriam fantasmas. Bolsonaro, segundo essa narrativa, de nada saberia. Só teria descoberto, de acordo com Waldyr, quando o Estadão revelou a investigação já aberta. Waldyr também não participaria do esquema. O Ministério Público do Rio, porém, suspeita que o esquema beneficiava os parlamentares. Há um processo sobre o caso, envolvendo Flávio, e uma investigação sobre Carlos. O presidente não está sob investigação e, no exercício do mandato, não pode ser investigado por fatos anteriores a ele.

"Ela fez (a rachadinha) nos três gabinetes", disse Waldyr, segundo a Veja. "Em Brasília (na Câmara dos Deputados), aqui no Flávio (na Assembleia Legislativa do Rio) e no Carlos. O Bolsonaro deixou tudo na mão dela para ela resolver. Ela fez a festa. É isso. Ela que fazia, mas quem é que assinava? Quem assinava era ele. Ele vai dizer que não sabe? É batom na cueca. Como é que você vai explicar? Ele está administrando. Não tem muito o que fazer."

Fonte: Noticias ao Minuto

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