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Debate no Senado sobre criminalização do aborto reúne figuras polêmicas da pandemia

Audiência reuniu nomes que entraram em evidência na pandemia no governo Bolsonaro

Da Redação

Terça - 18/06/2024 às 12:18



Foto: Cristiano Mariz O senador Eduardo Girão em audiência no Senado
O senador Eduardo Girão em audiência no Senado

A sessão de debate em defesa do projeto de lei que equipara o aborto após a 22ª semana ao crime de homicídio, realizada nessa segunda-feira (17) no Senado, contou com a presença de algumas personalidades que ganharam notoriedade durante a pandemia de Covid-19, no governo de Jair Bolsonaro, por discursos antivacina e apoio ao chamado "tratamento precoce" com medicamentos sem eficácia comprovada.

Entre os participantes estava a médica Annelise Meneguesso, que durante a pandemia participou de reuniões com Bolsonaro e defendeu o "tratamento precoce" nas redes sociais diretamente do Palácio do Planalto.  Na audiência desta segunda-feira, Meneguesso citou passagens bíblicas para sustentar sua posição favorável ao PL 1904/2024, chamando as visões contrárias de "serviço do maligno" e "agenda demoníaca". Annelise Meneguesso também já concorreu ao cargo de vice-prefeita de Campina Grande, na Paraíba, em 2020.

Outro nome presente foi o médico Hélio Angotti Neto, ex-secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde no governo Bolsonaro. Angotti Neto, em 2022, declarou em uma nota técnica que as vacinas contra a Covid-19 não tinham efetividade ou segurança comprovadas, enquanto defendia a hidroxicloroquina. Essa afirmação contraria a posição da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O médico Raphael Câmara, ex-secretário de Atenção Primária à Saúde (Saps) do governo Bolsonaro, também participou da sessão. Câmara é conhecido por lançar uma cartilha afirmando que "todo aborto é crime" no Brasil, apesar da legislação permitir a interrupção da gravidez em casos de risco de vida para a mulher, estupro e anencefalia fetal. Câmara, que é relator de uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que proibiu o procedimento de assistolia fetal, criticou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, por suspender processos baseados nessa resolução.

A professora Nyedja Cristina Gennari também esteve presente e fez uma encenação polêmica no Senado, atuando como um feto sendo abortado. Em sua performance, ela gritava: "Não! Não acredito, essa injeção, essa agulha não! Quero continuar vivo! Não façam isso!". Nas redes sociais, Nyedja se define como contadora de histórias e realiza apresentações para diferentes públicos. Ela foi recentemente homenageada com o título de cidadã honorária de Brasília. Após a sessão, Gennari afirmou em vídeo que sua apresentação estava relacionada ao procedimento de assistolia fetal e não ao projeto de lei em discussão.

"Em nenhum momento minha apresentação estava associada a esse PL do aborto. Em nenhum momento minha história foi para agredir uma mulher", disse Nyedja na gravação.

Fonte: O Globo

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