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CGU aponta sobrepreço de R$1,6 bi em edital de fundo gerido por aliado de Ciro Nogueira

Licitação do Fundo Nacional para Desenvolvimento da Educação estava orçada em R$ 6,3 bi, mas CGU calcula que o valor dos produtos é de R$ 4,5 bi

Quinta - 02/06/2022 às 10:51



Foto: Redes sociais Ciro Nogueira e Bolsonaro
Ciro Nogueira e Bolsonaro

Relatório da CGU (Controladoria-Geral da União) apontou potencial sobrepreço de R$ 1,59 bilhão na licitação para aquisição de 10 milhões de mesas e cadeiras pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), órgão ligado ao MEC (Ministério da Educação) e comandado por aliados políticos do governo Jair Bolsonaro (PL). O atual presidente do FNDE, Marcelo Ponte, foi chefe de gabinete do hoje ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP). Após a constatação, o edital encontra-se suspenso.

Inicialmente, a licitação do FNDE estava orçada em R$ 6,3 bilhões, mas o valor dos mesmos produtos calculados pela CGU é de R$ 4,5 bilhões.

Segundo o órgão de controle, o FNDE encomendou o dobro do material necessário, além de errar no processo de pesquisa de preços de mercado. A auditoria também constatou valores digitados ou associados a itens errados que provocariam um prejuízo de R$ 176 milhões aos cofres públicos.

A data de realização do certame estava prevista para 4 de fevereiro, mas foi suspensa após solicitação de novas informações pela CGU.

Em nota ao UOL, o FNDE afirmou ter seguido as instruções necessárias e negou ter cometido erro quantitativo ou "de digitação na planilha de estimativa de preços. O que ocorreu foi a divergência de resultados decorrentes da busca por itens com especificações diferentes em um mesmo pregão. O que já foi esclarecido em reunião entre equipes técnicas do FNDE e da CGU".

Controladoria Geral da União

CGU APONTA RISCO DE CONLUIO

Segundo o relatório da CGU, no edital, o FNDE recebeu propostas de oito empresas, um volume insuficiente considerando o tamanho do pregão. Uma das interessadas está sediada num condomínio residencial do Paraná e não tem funcionários.

"Essa situação caracteriza a inexistência de estrutura fabril ou qualquer espaço físico adequado para a produção do mobiliário licitado", diz o relatório.

Além disso, a sócia da empresa do Paraná é filha de um empresário que também disputava o mesmo contrato do FNDE. A CGU aponta "potencial risco de conluio". Também foi possível verificar que a empresa do homem ofertava os itens com preço superior, "contribuindo para elevar o preço médio dos fornecedores".

Em seu relatório, a CGU ressalta que não foram identificados documentos ou estudos técnicos que indiquem que as empresas consultadas estavam aptas a apresentar propostas e fornecer os itens licitados.

PRESIDENTE DO FNDE É INDICADO POR CIRO NOGUEIRA

Em seu relatório, a CGU ressalta que não foram identificados documentos ou estudos técnicos que indiquem que as empresas consultadas estavam aptas a apresentar propostas e fornecer os itens licitados.

Em abril, o TCU (Tribunal de Contas da União) suspendeu um processo para compra de até 3.850 ônibus escolares pelo FNDE por suspeita de sobrepreço no edital. Na época, o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que, quando estava no cargo, recebeu ordem direta do presidente Jair Bolsonaro para dar o controle do FNDE ao Centrão.

O atual presidente do FNDE, Marcelo Ponte, foi chefe de gabinete do atual ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, um dos líderes no Centrão.

Fonte: UOL

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