Política

PEC ANTIDROGAS

CCJ do Senado aprova PEC que criminaliza porte e posse de drogas

A proposta coloca no texto da Constituição que é crime possuir ou carregar qualquer tipo de droga, mesmo que seja para consumo próprio

Da Redação

Quarta - 13/03/2024 às 17:31



Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado CCJ do Senado aprova PEC que criminaliza porte e posse de drogas
CCJ do Senado aprova PEC que criminaliza porte e posse de drogas

Em reação à retomada do julgamento do Supremo Tribunal Federal sobre descriminalização da maconha para uso pessoal, a Comissão de Costituição e Justiça aprovou nesta quarta-feira (13) a Proposta de Emenda à Constituição que criminaliza o porte e a posse de drogas. Apresentada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a proposta coloca no texto da Constituição que é crime possuir ou carregar qualquer tipo de droga, mesmo que seja para consumo próprio.

O texto será levado ao plenário do Senado, onde precisa do voto de ao menos 49 dos 81 senadores em dois turnos. Se for aprovada, a proposta será enviada à Câmara dos Deputados.

O principal argumento de Pacheco e do grupo favorável à PEC é o de que a decisão do Supremo pode liberar o que chamam de "tráfico em pequenas quantidades".No caso da maconha, parte dos ministros defende um limite em gramas para diferenciar o usuário do traficante —como 10 gramas, 25 gramas ou 60 gramas. A PEC, por outro lado, não define critérios objetivos para a distinção e mantém a Lei Antidrogas, de 2006.

O texto original de Pacheco também não fazia nenhuma diferenciação sobre a punição para quem usa drogas e quem trafica. O relator, senador Efraim Filho (União Brasil-PB), sugeriu, por fim, que o usuário tenha pena alternativa à prisão, além de tratamento contra a dependência.Com as mudanças, a PEC propõe a inclusão no artigo 5º da Constituição o seguinte trecho:

"a lei considerará crime a posse e o porte, independentemente da quantidade, de entorpecentes e drogas afins sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, observada a distinção entre o traficante e o usuário por todas as circunstâncias fáticas do caso concreto, aplicáveis ao usuário penas alternativas à prisão e tratamento contra dependência".

Durante a votação, boa parte dos senadores, incluindo o relator, apontou que o STF tem invadido as competências do Congresso.

"O fórum adequado para que se trate questões dessa natureza, que poderá ou não levar a descriminalização da droga no Brasil, é o Parlamento", disse Efraim.

Um dos poucos a se manifestar contra a PEC foi Contarato. O senador afirmou a PEC não traz nenhuma inovação e que o Congresso está sendo omisso ao deixar de definir critérios claros para distinguir o usuário do traficante.

"Sabe o que vai definir, com essa emenda que foi apresentada pelas 'circunstâncias fáticas'? Que o pobre e preto em um local de bolsão de pobreza, se ele for flagrado com um cigarro de maconha, as circunstâncias fáticas vão ser a cor da pele e o local do crime. A ele vai ser atribuído tráfico de entorpecentes."

Críticos à Lei Antidrogas apontam que a falta de critérios objetivos tem feito com que pessoas flagradas nas mesmas circunstâncias tenham tratamento diferente de acordo com a cor da pele e a condição social.

Fonte: Folha de São Paulo

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