Polícia

ECONOMISTA

Viúva acusada de matar economista há 14 anos é inocentada pela Justiça

Vítima era economista da Prefeitura de Teresina e foi encontrado morto dentro do apartamento em que morava

Valciãn Calixto

Terça - 03/03/2020 às 17:04



Foto: Arquivo Pessoal José Afonso Vieira dos Santos Júnior
José Afonso Vieira dos Santos Júnior

Terminou nesta terça-feira (03) o tormento da ré Cybelle Moura Carvalho Santos, acusada de matar o ex-marido José Afonso Vieira dos Santos Júnior. A viúva, que foi a Júri Popular, saiu inocentada do Tribunal por ampla maioria de votos, segundo o advogado de defesa Yuri Felix. Foram 4 votos pela absolvição e 3 contra. O caso foi decidido por votação do Júri, com mediação de Robledo Moraes Peres de Almeida, da 1º Vara do Tribunal Popular do Júri.

O economista José Afonso foi encontrado morto dentro do apartamento em que morava em 2006, no bairro Primavera, zona Norte de Teresina. “O fato ocorreu em outubro de 2006. Um rapaz economista, funcionário da prefeitura [de Teresina], cometeu suicídio. Todas as investigações apontaram para suicídio. Ocorre que num determinado momento surgiu uma suspeita de envenenamento e um enforcamento simulado, da qual a viúva passou a ser principal suspeita”, relatou Yuri.

A família do economista defendia tese de que Afonso teria sido vítima de homicídio e que a ex-esposa teria forjado suicídio. 

O advogado de defesa conta que assumiu o caso em 2018, que aconteceram muitas idas e vindas durante o processo e o caso acabou sendo adiado sete vezes.

Advogado Yuri Felix

“Foi um processo de idas e vindas. Tivemos decisão de que não deveria ir a Júri Popular. Depois o Tribunal [de Justiça] decidiu que fosse a júri. Anos e anos transcorreram, assumi a defesa em 2018 e hoje aconteceu o plenário do júri, no qual a tese da defesa foi daquilo que aconteceu o suicídio e o Conselho de Sentença reconheceu a tese do suicídio, que não ocorreu homicídio, como a defesa vinha defendendo há tempos”, explicou.

De acordo com Felix, o economista "tirou sua própria vida por enforcamento, por conta de um quadro depressivo e uso reiterado de álcool". O homem teria usado um fio telefônico para o ato. Em seu corpo, a perícia encontrou presença de veneno.

Durante os 14 anos que durou o processo, amigos, familiares e a própria ré sofreram julgamentos por parte da família de Afonso, que acreditava no envolvimento da ex-mulher na morte. Cybelle chegou a contrair um câncer e acredita que tenha sido em função do estresse provocado pelo caso. Em nota enviada ao Piauihoje.com, a mulher agradece o apoio que recebeu ao longo dos anos de amigos e familiares, ela conta ainda que os momentos difíceis não foram poucos, mas que a justiça chegou.

“Hoje a justiça de Deus e dos homens foi feita. Passei 14 anos sofrendo uma grande injustiça. Agradeço a Deus, os familiares e amigos que estiveram nesses momentos tão difíceis, pois não foram poucos. Mas não carrego ódio no meu coração. E os que tentaram me acusar de um crime que nunca tive participação, estão em minhas orações. Agora só quero ficar perto do meu filho de 10 anos no que me partia o coração vê-lo sofrer, só eu e Deus sabe o que passei”, comentou.

Para o advogado de Cybelle, a sensação de sua cliente é de consolo. "Alívio, foram 14 anos de uma injustiça".

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