Polícia

DENÚNCIA

Policial federal é investigado por agredir e cobrar multas da própria esposa

Agente da PF foi ouvido pela Delegacia da Mulher e admitiu que multava a esposa para 'corrigir' seus comportamentos dentro de casa

Da Redação

Quarta - 02/10/2019 às 16:40



Foto: Cintia Lucas Delegada Vilma Alves
Delegada Vilma Alves

José Henrique Alves Moita, um policial lotado na Superintendência da Polícia Federal no Piauí, está sendo investigado na Delegacia da Mulher por impor multas à própria esposa visando punir e "corrigir seus comportamentos dentro de casa", conforme ele teria dito em depoimento na delegacia coordenada pela delegada Vilma Alves.

"Trata-se de uma jovem professora que vinha sofrendo violência doméstica, física e psicológica. Ela tinha que pagar multas pelos supostos erros domésticos. Fiquei abismada porque é um agente da polícia, colega de trabalho. O nível de medo dela era alto, não podia sequer sair com o bebê para a casa da mãe dela sem uma autorização dele, além de não poder assistir TV e ter que chegar em casa em horário estabelecido por ele. Ela estava em condição de cárcere e submissa as ordens do marido, isso é crime”", relatou à delegada.

Ainda, segundo a investigadora, "o policial marido dela alegou que as multas eram para discipliná-la, ela não podia sair de casa com o bebê, que ela não teria a capacidade de ser mãe. Ele fere a constituição artigo 5 inciso 1, homens e mulheres são iguais, os dois estão no mesmo execício de direito. Nesse caso temos violência física, psicológica, patrimonial. Ele feriu a autoestima dela, ela chora por tudo. Ele feriu o artigo 7, inciso 2, da lei Maria da Penha", revela.

De acordo com matéria produzida pela jornalista Yala Sena para site ligado ao UOL, o policial cobrava multas de R$ 20 e R$ 50 sempre que a vítima deixava alguma roupa suja fora do cesto, estragava saladas, queimava comida ou fazia mal-uso do banheiro, entre outros. A reincidência em algumas das proibições também gerava cobrança.

O policial continua solto. A delegada Vilma informou que está prevista uma ação de divórcio para o casal. "A guarda do bebê vai depender dessa ação, mas ela deve ficar com a criança, pois ela ainda amamenta", conta.

O casal morava junto há dois anos em um bairro nobre da zona Leste de Teresina. Os nomes são mantidos em sigilo para não expor a mulher e a criança, conforme garante a lei. Mas a vítima disse à policia civil que já chegou a pagar mais de R$ 2 mil de multas ao marido.

Após audiência onde o policial foi ouvido pela polícia, Vilma entrou com pedido de medida protetiva contra o agente da PF.

A Policia Federal ainda não se pronunciou sobre o caso. É costume a PF só se pronunciar depois da conclusão do inquérito.

Fonte: Delegacia da Mulher

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