Foto: Wilson Nanaia/Portal AZ
O advogado e o réu
A família da estudante universitária Camilla Pereira de Abreu, deixou a sala da 2ª Vara do Tribunal Popular do Juri, em Teresina, indignada com a tentativa de desqualificar a integridade moral da vítima - que seria garota de programa e bissexual - feita pela defesa do capitão-PM Allisson Wattson da Silva Nascimento, durante a audiência de instrução e julgamento, encerrada por volta das 14h40 desta sexta-feira (23).
“Nós achamos total absurdo e até lamentamos ter colegas dentro da advocacia que ainda utilizam desse tipo de prática, buscando a desqualificação moral da vítima. Isso é uma falta de respeito, não só com a família da vítima, mas com a vítima e a sociedade e nada tem a ver com o fato”, reagiu irritada advogada Ravenna Castro, advogada da família de Camilla Abreu.
“Se esse juiz não tivesse dado essa liminar para o Allisson [Wattson] ser um policial, mesmo não tendo passado no teste psicotécnico, nem a família dele, nem a nossa, estaríamos sofrendo. Foi essa liminar que colocou a arma na mão dele então o que a gente quer é que hoje seja feita justiça e não aconteça com outras famílias o que aconteceu com a nossa”, lembrou Jean Abreu, pai de Camilla.
O advogado Pitágoras Veloso levantou suspeita sobre a conduta de Camilla Abreu [segundo ele, a vítima se relacionava com ambos os sexos] durante a sessão, que foi presidida pela juíza Maria Zilnar Coutinho.
Liberdade
Pitógoras também pediu a revogação da prisão do assassino confesso da estudante. A juíza vai analisar a solicitação. “Verifique se há necessidade do réu continuar preso, já que a instrução foi cumprida. O réu praticou todos os atos, então porque manter o réu preso? Não há mais fundamento para o réu preso, as provas foram constituídas, por gentileza, analise com carinho o pedido, revogue a prisão preventiva por não mais persistirem [os requisitos] do artigo 312 e estabeleça outras cautelares, não tem mais porque manter a prisão. Dê a liberdade a Allisson para que ele possa responder ao processo em liberdade”, solicitou.
O promotor de Justiça reagiu. “O Ministério Público se manifesta contra esse pedido, vamos para as alegações finais e vamos trazer esse cidadão para o Tribunal do Júri para que ele saia condenado, todas as atitudes dele depois do dia 26 (de outubro) foram de destruir provas”, lembrou Benigno Filho.
Reconstituição
Após o pedido de liberdade do réu, feito pela defesa, o promotor de Justiça, Benigno Filho pediu a reconstituição do crime. “Restou uma dúvida em relação a duas teses, numa ele diz que foi tiro acidental. Hoje, ele se negou a dizer alguma coisa, usou o direito que a lei permite, que é ficar calado, agora vou pedir uma simulação do crime até para provar o que foi que houve”.
Mais cedo, Benigno Filho condenou a tentativa da defesa de atrapalhar o processo, alegando insanidade do réu. “Este moço, capitão da polícia, vem agora dizer que tem problema de insanidade, ele é tão sabido que ficou calado aqui e aí vem com pedido de revogação de prisão preventiva”,
A juíza vai analisar os pedidos da defesa e da acusação e decidir pelo deferimento ou não das questões.
A amiga de Camila, que era uma oito testemunhas ouvidas na audiência, relatou as agressões sofrida pela estudante. “Ela sofria muitas agressões, socos, puxões de cabelo. Ela tinha um braço machucado e ele nunca sarava, ela mandava fotos dela chorando, dizendo que não aguentava mais. Ela disse que ele apontou a arma para a testa dela”.
Fonte: Paulo Pincel
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