Política

Polícia Federal faz buscas nas casas e nas empresas de Ciro Nogueira

São 30 homens da Polícia Federal participam da Operação Compensação: PF e PGR se manifestaram

Sexta - 22/02/2019 às 10:02



Foto: Reprodução Policiais mfederais arrombam o portão da mansão
Policiais mfederais arrombam o portão da mansão

Pelo menos 30 policiais federais cumprem, na manhã desta sexta-feira (22), sete mandados de busca e apreensão em Teresina (PI), Brasília e São Paulo, como parte da Operação Compensação, que investiga denúncia contra o senador piauiense Ciro Nogueira, presidente nacional do Progressistas.

Ciro é um dos denunciados por corrupção passiva e de lavagem de dinheiro, por suspeita de receber propina para que Partido Progressista apoiasse o PT, em 2014 e em 2017, e não votasse a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que acabou cassada pelo Congresso.

A operação policial, que acontece simultaneamente nas casas de Ciro, em Teresina e em Brasília, e nas sedes de duas das empresas do senador, Ciro Nogueira Agropecuária e Imóveis e Ciro Nogueira Lima Filho Empreendimentos Ltda, em Brasília e São Paulo, foi autorizada pela ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal. Além dos mandatos de busca e apreensão, a Polícia Federal também está intimando vários suspeitos para depoimento.

Segundo as investigações, Gustavo Nogueira, irmão de Ciro, era responsável pelo recebimento da propina, paga inclusive em espécie pelo Grupo Comercial Carvalho, que não foi alvo das buscas por já ter colaborado com as investigações. R$ 5 milhões teriam sido pagos em espécie pelo Grupo Carvalho. 

Lava Jato

Ciro Nogueira é um dos denunciados no inquérito instaurado no Supremo em setembro de 2018, por determinação do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no STF, atendendo a pedido da Procuradoria-Geral da República.

Além do senador Ciro Nogueira, também estão sendo investigados o ex-ministro e atual prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT); e os executivos da J&F Joesley Batista e Ricardo Saud.

Propina

Segundo depoimentos Joesley e Saud, o PP de Ciro recebeu propina para apoiar o PT nas eleições de 2014. Os R$ 43 milhões teria sido repassado por meio de doações eleitorais oficiais ao PP, além de R$ 2,5 milhões em dinheiro, por meio de um supermercado do Piauí. Quem aprovava as doações era o então ministro Edinho Silva.

Edinho, em depoimento, garantiu que todas as doações ocorreram dentro da legalidade e de forma ética; que o PP já fazia parte do governo Dilma, estando à frente de ministério, e que, portanto, tinha interesse na reeleição da presidente.

Absurdo

O senador Ciro Nogueira reafirmou que as acusações contra ele são infundadas e absurdas, motivo pelos quais não se sustentam. Ele disse também que confia plenamente na Justiça para esclarecer os fatos e trazer à tona a verdade.

Confira a nota da Polícia Federal na íntegra:

"A Polícia Federal deflagrou nesta manhã (22/02) a Operação “Compensação”, em desdobramentos de investigações decorrentes do Inquérito 4736/STF, tendo como investigado principal um senador da República, entre outros, no qual se apura o cometimento de crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro. A investigação teve como origem os depoimentos prestados por colaboradores que afirmaram terem repassado cerca de R$ 43 milhões ao Partido Progressista, em pagamentos em espécie e doações oficiais, por intermédio do citado senador, em troca de apoio político do partido na campanha eleitoral para a eleição presidencial de 2014. Cerca de trinta Policiais Federais cumprem 07 mandados de busca e apreensão, autorizados pela Ministra ROSA WEBER, nas cidades de Teresina/PI, Brasília/DF e São Paulo/SP, além de intimações para fins de depoimentos dos envolvidos".

A íntegra da nota da Procuradoria Geral da República:

"Em atendimento a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a Polícia Federal cumpre nesta sexta-feira (22) mandados de busca e apreensão em residências de duas pessoas físicas e na sedes de duas empresas ligadas ao senador Ciro Nogueira (Progressistas/PI). As medidas autorizadas pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber, visam apurar possível lavagem de dinheiro e crimes antecedentes conexos contra a administração pública. Não há mandados a serem cumpridos no Senado Federal. A investigação tem como partida colaborações premiadas de executivos do grupo J&F. Em depoimentos, os colaboradores narraram a compra de apoio político a partidos por meio do político. No pedido enviado ao Supremo, a PGR explica que, segundo investigações preliminares, parte da propina paga ao partido do parlamentar foi viabilizada por meio de doações oficiais – simuladas - e outra parte no valor de R$ 5 milhões foi paga em espécie por meio de uma pessoa ligada ao senador. No total, teriam sido pagos R$ 42 milhões em propina".

Fonte: PF

Siga nas redes sociais

Compartilhe essa notícia: