Foto: Divulgação
Miró Muribeca
Estará em Teresina nesta quarta-feira, no Café Literário, o poeta recifense Miró da Muribeca. De renome nacional, ele participa de sarau poético realizado mensalmente e organizado pela Revista Revestrés, na Livraria Anchieta e Café Show. É a primeira vez que vem a Teresina, uma das poucas capitais que ele ainda não apresentou sua performance poética. Outro autor homenageado será o Demetrios Galvão, poeta piauiense.
Miró tem 43 anos, recifense do bairro da Encruzilhada, morador da Muribeca, escreve desde 1985, tem sete livros lançados por este Brasil afora: Que descobriu azul anil (1985), Ilusão de ética (1993), Entrando pra fora e saindo pra dentro (1995), Quebra a direita segue a esquerda e vai em frente (1997), São Paulo eu te amo mesmo andando de ônibus (2001), Poemas pra sentir tesão ou não (2002), Pra não dizer que não falei de flúor (2004) e recitais por todas as esquinas.
Miró foi tema da tese de mestrado de André Telles Corpoeticidade: Poeta Miró e sua literatura performática, na Universidade Federal de Pernambuco.
A poesia dele tem um certo toque de crônica e ele gosta de dizer que não tem papas na língua, no sentido de usar palavras difíceis para que o engraxate e a mulher que vende tapioca na rua entendam.
Eis um dos seus poemas:
CARLA
Conheci Carla catando lata
seus olhos brilhavam
como alumínio ao sol
São Paulo ardia num calor
de quase quarenta graus
pisou na lata,
como pisam os policiais
nos internos da Febem
jogou no saco
com a precisão
que os internos jogam
monitores dos telhados
e rápido foi embora,
tal qual seqüestro relâmpago
deixando a lembrança de um tempo
que não havia
seqüestros,
Febem,
nem tanta polícia,
muitos menos
catadores de lata
Os olhos de Carla
Nem desse poema precisavam.
Fonte: Da Redação
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