De acordo com o militar, ele estava patrulhando o Parque Ecológico, que fica acima da sede da unidade, quando o pedreiro chegou. Ele era conduzido por oito PMs. Com a chegada do homem, ele e alguns outros policiais receberam ordem do major Edson para ficar dentro de um dos quatro contêineres que servem como base para a UPP.
Lá de dentro, ele começou a ouvir os primeiros gritos do Amarildo e saiu do contêiner, vendo parte da sessão de tortura: o subcomandante tenente Medeiros aplicava choques elétricos e asfixiava o pedreiro com um saco plástico. Outros três policiais participaram ativamente da sessão e outros acompanharam a tortura, inclusive cinco policiais que ainda estão em liberdade.
Depois de ter visto a cena, o policial que fez a denúncia relatou ter voltado para o interior do contêiner, sem que o major Edson o visse. Lá ele ficou até cessarem os gritos. Em seguida, ele pôde ouvir policias gritarem “deu merda”.
As câmeras da UPP registram a saída da testemunha às 22h. Ele contou que, naquele momento, viu alguns policiais e o comandante da base colocarem o corpo dentro de um saco preto. Depois deste momento, ele não viu e nem soube mais do paradeiro do corpo.
Desde o último dia 4, dez policiais militares estão presos, acusados da tortura e morte de Amarildo, além da ocultação de seu cadáver.
De acordo com a promotora Carmen Eliza Bastos de Carvalho, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) avalia, a partir do depoimento do PM, a conduta de mais de dez policiais militares que também podem ter participado ativamente da tortura, morte e ocultação do cadáver de Amarildo, ou então podem ter testemunhado o crime sem que nada fizessem.
A denúncia do Ministério Público, na qual já foram acusados 10 policiais pelo crime, será aditada, o que deve ocorrer "em breve", de acordo com a promotora.
Carmen Eliza defendeu ainda que o major Edson Santos, ex-comandante da UPP da Rocinha, seja separado dos outros presos. Atualmente, todos estão juntos no Batalhão Especial Prisional (BEP) da PM. O Ministério Público estuda pedir a transferência do oficial para outra unidade.
- Ele (Edson) tem domínio dos policiais e precisa ser afastado desses outros denunciados. É preciso cessar essa influência. A colheita de provas será mais isenta quando isso acontecer - explicou a promotora.
Fonte: Extra