Pesquisadores discutem a relação memória, gastronomia e o homem

Foto: Cintia Lucas

Waldir Borim e Goreti Mendes

A colunista do PiauíHoje , coluna Cozinhart, Maria Goreti Maia Mendes, arquiteta e urbanista, especialista em Ciências Ambientais pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) participou nessa quinta-feira, 25, do bate-papo A saga do homem pela alimentação, uma realização do grupo “Eu Social”.

Goreti Mendes abordou sobre a memória da gastronomia, tema já debatido na coluna. “É um assunto muito instigante, que traz as recordações da culinária típica das regiões. O meu intuito é que as pessoas guardem essa memória, não deixem perder. Os hábitos, a maneira de cozinhar, os temperos, que aos poucos estamos perdendo”, disse Goreti Mendes.

A colunista diz que as forças da mídia, da comunicação, atualmente, deixam tudo muito pasteurizado. A culinária é traço da cultura, dos hábitos das pessoas e que formam a comunidade.

“Nós temos um hábito particular, aqui do Nordeste, por exemplo, assim como o americano tem nos Estados Unidos. Mas, com essa globalização das informações, isso se perde um pouco. Então, queremos fazer um resgate disso”, disse Goreti.

Waldir Borim, chef do restaurante Borim Gastronomia, mestre em Vestígios e Sabores: cotidiano e alimentação na fazenda histórica Casa Grande de São Domingos em José de Freitas pela UFPI, abordou o tema a partir de sua experiência como chefe e pesquisa acadêmica em alimentação.

“Minha fala vai permear um pouco sobre a pré-história, sobre como o homem se alimentava. Existem vestígios sobre como eram os alimentos, como eram consumidos e trouxemos para a realidade de hoje sobre como são os alimentos no Piauí, mais especificamente nos vestígios de uma fazenda histórica”, disse Waldir Borim.

Segundo Waldir Borim, na leitura dos vestígios, desde a pré-história, o homem sempre teve essa ligação com os alimentos. No Piauí, isso pode ser visto nas pinturas rupestres, nas gravuras. “Fica muito claro que tem a ver com alimentação. A caça, os frutos, os animais estão diretamente vinculados com a alimentação. E os principais vestígios que comprovam tudo isso são as fogueiras, onde eram preparados os alimentos, e nesses vestígios existem os carvões, que eram usados e que revelam a idade de quando aquilo foi feito”, disse Waldir Borim.

O pesquisador afirma há muitas fazendas históricas no Piauí e que podem ser estudadas em seu funcionamento. “Quem participava desta cozinha? Você percebe que era eclético. Havia influência da Europa, Estados Unidos, África. A miscigenação acontece também nas comidas”, disse o chefe de cozinha.