Na semana do Dia Internacional da Mulher, um triste dado mostra a fragilidade do estado em relação aos direitos das mulheres. Segundo a pesquisa do Sindicato dos Policiais Civis de Carreira do Piauí (Sinpolpi), somente no ano passado 33 mulheres foram mortas em Teresina e em vários outros municípios do Estado. A média é como 2,75 mulheres fossem assassinadas a cada mês.

Segundo o presidente do Sinpolpi Cristiano Ribeiro, os dados são da pesquisa dos homicídios dolosos do Piauí, que tem como objetivo medir a violência e cobrar soluções por parte do Governo Estadual, principalmente exigindo mais policiais, preparação dos quadros da segurança pública e cobrando mais estrutura do aparelho de segurança.

Ao contrário da pesquisa mensal que mostra quase sempre um maior número de assassinatos na capital, quando se trata apenas de mulheres, o interior registrou o maior número de crimes, com 24, ficando Teresina com os outros nove casos. Picos e Elesbão Veloso são entre os municípios do interior os que registraram o maior número de assassinatos: três.

A metade dos delitos, ou seja, 16 crimes, tiveram como possível motivo, o ciúme, o sentimento de posse, os crimes passionais como a Polícia costuma chamar. Em outros dez casos, o motivo ainda era desconhecido no momento em que os dados foram coletados. A pesquisa é realizada mês a mês com base nas informações divulgadas pela imprensa do Piauí, principalmente os jornais impressos e os portais de internet.

A pesquisa mostra ainda que os meses de maio, considerado o mês das mães e dezembro foram os que mais registraram assassinatos de mulheres, com cinco casos cada um. Em maio, por exemplo, foi registrado o assassinato de Maria Eliane Pereira Gomes, 25 anos. Ela foi morta com pedradas na cabeça e o corpo foi encontrado em um matagal na região do bairro Cidade Leste, em Teresina. Já em dezembro um dos crimes teve como vítima professora Antônia Rosiane Mota, cuja os restos mortais foi encontrado no povoado Mendes município de São Miguel do Tapuio. Os meses de janeiro, fevereiro e outubro registraram um assassinato cada um deles.

O mês de agosto registrou quatro assassinatos de mulheres. Dentre eles a pesquisa cita a morte da estudante Fernanda Lages Veras de 19 anos encontrada sem vida em uma obra da zona Leste de Teresina. A pesquisa registrou a morte de Fernanda como um assassinado cometido com barra de ferro e cujo motivo ainda era desconhecido.

Segundo os responsáveis pela pesquisa, apesar da Polícia ainda não ter concluído de Fernanda foi assassinada, cometeu suicídio ou sofreu acidente, o seu caso já foi incluído porque as primeiras informações divulgadas pelos meios de comunicações já tratavam o fato como assassinato.

Dentre as ocupações, a maioria é dona de casa , mas há também funcionária pública municipal, estudantes, uma cantora diarista e duas garotas de programas e professora, dentre outras. Oito das vítimas tinham Maria no nome.

A pesquisa realizada mensalmente onde a maioria das vítimas é do sexo masculino mostra que a esmagadora maioria foi morta através de armas de fogo, mas quando se trata apenas das vítimas do sexo feminino a situação é diferente. Em apenas nove casos as vítimas foram mortas com arma de fogo. Dez foram mortas com armas brancas. Em outros nove casos as mulheres foram assassinadas por espancamentos com paus, pedras, barras de ferro ou mesmo estranguladas. O restante dos crimes, em número de cinco não tiveram os seus instrumentos conhecidos até o momento da realização da pesquisa.

Todos os crimes chocaram a população pela maneira cruel como foram praticados. Destes o primeiro registrado em janeiro que teve como vítima uma funcionária pública morta dentro de um hospital, até um dos últimos, que foi o assassinato de uma estudante em uma construção na zona Leste de Teresina e cujas investigações continuam em andamento.

Podem ser citados também o caso de uma garota cujo corpo foi encontrado nu na margem de uma rodovia estadual em Teresina, uma mulher que os vizinhos diziam ser cantora encontrada morta da zona Leste de Teresina e dois dos três casos de Picos, além de duas mulheres mortas pelo mesmo homem em Elesbão Veloso. No primeiro crime de Picos a vítima estava com o marido em uma churrascaria quando os dois foram abatidos a tiros por pistoleiros e no outro a vítima, de vinte e poucos anos foi morta a tiros dentro de um carro pelo ex-companheiro, um dos vários casos em que o acusado não se conformava com a rejeição. O fato voltou a se repetir, desta vez em Elesbão Veloso onde um lavrador matou a ex-esposa, a sogra e ainda tentou acabar com a vida do sogro que num esforço maior matou o assassino da sua família com um tiro de espingarda.