Pelé avalia seu tesouro em R$ 28 milhões

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De acordo com boletim médico divulgado esta manhã pelo Hospital Israelita Albert Einstein, o estado de saúde de Pelé apresenta melhora. O Rei do Futeb

De acordo com boletim médico divulgado esta manhã pelo Hospital Israelita Albert Einstein, o estado de saúde de Pelé apresenta melhora. O Rei do Futeb Foto: Divulgação

Maior jogador de futebol de todos os tempos, Pelé reuniu durante sua carreira – e também depois dela – uma enorme coleção de objetos. Um tesouro aparentemente difícil de avaliar, mas que teve seu valor estimado pelo próprio Rei: R$ 28 milhões.

São 2.413 itens, a maior parte deles ainda hoje distante dos olhos dos fãs, que foram incorporados ao capital de uma das empresas de Pelé, a Montag Divulgação Ltda. Em janeiro de 2015, a Jucesp (Junta Comercial de São Paulo) registrou a mudança no contrato social da companhia, que até então tinha capital de R$ 100 mil.

A cláusula 1.3 do documento aponta aumento de R$ 27.979.000, "totalmente subscrito e integralizado pelo sócio Edson Arantes do Nascimento, mediante integralização dos bens constantes do acerto relativo à vida e carreira do sócio Edson Arantes do Nascimento".

Pelé é dono de 99,99% das cotas da empresa, tendo a sobrinha Danielle do Nascimento Magalhães Zilli como sócia minoritária. Advogada, ela é casada com Rogério Zilli, responsável pela organização e catalogação de todas as peças do acervo.

Zilli contou com a ajuda de um software para medir, pesar e listar as características de cada objeto e hoje atua em parceria com o Museu Pelé. A instituição expõe apenas uma pequena fração da coleção, aquela que é considerada a parte mais representativa – são cerca de 160 itens que respondem por aproximadamente 80% do valor do acervo.

A lista a que no GloboEsporte.com teve acesso inclui, claro, as mais famosas conquistas de Pelé, como a bola do gol mil, a réplica da Taça Jules Rimet, medalhas das três Copas vencidas pelo Rei (1958, 1962 e 1970) e o troféu de "Atleta do Século", entregue pelo jornal francês L\'Equipe.

Ali, porém, também aparecem relíquias desconhecidas e curiosas. Pelé, por exemplo, guardou centenas de medalhas e placas que lhe foram dadas como homenagem por rádios, jornais, associações e outras organizações.

Em sua coleção também está um pequeno frasco plástico, onde, numa solução de formol, estão conservados fragmentos do menisco direito do ex-jogador, extraído em 1999, em cirurgia nos EUA.

Outro item curioso: uma placa entregue por uma associação argentina que aponta Pelé como "el mejor del todos los tiempos". Estaria encerrada a polêmica sobre quem é superior: ele ou Maradona?

Galpão

As peças do acervo de Pelé que não estão expostas em seu museu, instalado na zona portuária de Santos, estão guardadas em boas condições em um galpão alugado no Guarujá, onde o ex-jogador vive. Há a expectativa de que elas possam ser levadas à reserva técnica construída no Museu Pelé em breve. O espaço está pronto, mas ainda faltam detalhes para que ele se torne totalmente operacional.



Inaugurado em 2014, durante a Copa do Mundo, o Museu Pelé vive uma crise financeira e ainda discute novos modelos de administração. Uma das possibilidades é de que o Santos, clube onde Pelé alcançou algumas de suas maiores glórias, assuma a gestão do local.

Outra sugestão, que não exclui a anterior, é a de criar exposições itinerantes. Essa opção faz parte do caderno criado pela Sport 10, empresa que detém os direitos de imagem de Pelé, para negociar a possibilidade de o jogador se tornar o principal garoto-propaganda da Copa do Mundo de 2022, no Catar.

O livreto, revelado no mês passado pelo GloboEsporte.com, possui 253 páginas – 181 delas dedicadas à coleção – com centenas de imagens feitas para a catalogação das peças.

Gestores da empresa querem levar os objetos ao exterior para criar receitas ao Museu. Além do Catar, citam Paris, Londres e Moscou, a última no ano do Mundial de 2018, sediado na Rússia.

Portas abertas

Pelé tem em seu acervo 34 chaves de cidades do mundo todo, homenagens recebidas em locais como Kingston, a capital da Jamaica, Acapulco, no México, e Orlando, nos Estados Unidos. São justamente os americanos os principais entusiastas deste tipo de homenagem.

Contratado pelo New York Cosmos na década de 1970, o ex-camisa 10 foi protagonista na primeira tentativa de popularizar o "soccer" no país. Lá, recebeu também títulos de cidadão, como em Atlanta. Los Angeles, por sua vez, proclamou o "Dia do Pelé", algo semelhante ao que fizeram as cidades de Oakland e Columbus.

Os americanos também presentearam Pelé com o selo do presidente dos EUA. A medalha da Ordem do Império Britânico, condecoração recebida pelo Rei em Londres, em 1997, é outro objeto na lista.

Pelé também criou uma relação especial com o México em 1970, quando liderou a Seleção ao tricampeonato mundial. Não por acaso, seu acervo conta com várias peças ligadas ao país.

Além de chaves de cidades, o ex-atleta ganhou também alguns sombreros, símbolos mexicanos. Um par de chuteiras, assim como uma camisa, ambos utilizados na Copa, reforçam a coleção.

No cinema

Fora dos gramados, Pelé brilhou nas telas de cinema. Ele protagonizou filmes no Brasil e no exterior, alguns deles representados em seu acervo. Pôsteres de "A Marcha" (1972), "Os Trombadinhas" (1979) e "A Minor Miracle" (1983) – este com título "A Vitória do Mais Fraco" no país – foram guardados pelo ex- atleta.



Do longa mais conhecido de que participou, Pelé reuniu mais lembranças. Além do pôster de "Fuga Para a Vitória" (1981), tem também uma cópia em disco do filme e as chuteiras que usou para ajudar Sylvester Stallone e Michael Caine, ao lado de outros prisioneiros aliados, a vencerem um time de futebol formado por soldados nazistas durante a Segunda Guerra.

A carteirinha da Associação de Atores e Artistas dos Estados Unidos, a qual teve que se filiar para atuar no filmes americanos, está na lista de Pelé, que ainda protagonizou um filme ao lado dos Trapalhões e teve um documentário produzido em 2004, "Pelé Eterno", por Anibal Massaini.

Homenagens de rivais

Entre os 2.413 itens listados, talvez nenhum seja tão surpreendente quanto o 1.704. Um placa da associação Futbolistas Argentinos Agremiados, espécie de sindicato dos jogadores argentinos, com dizeres que dispensam tradução: "Pelé – El Mejor Jugador de Todos Los Tiempos".

Não há registro do ano em que o grupo entregou a homenagem ao Rei, mas a suposição é de que seja anterior ao auge de Maradona, na década de 1980.

Rivais locais também prestaram tributo a Pelé, que tem placas entregues pelas maiores torcidas organizadas de Corinthians e São Paulo. Da diretoria do Palmeiras, recebeu congratulações pelo milésimo gol onde é chamado de "Glória do Futebol Nacional".

As peças de Edson

Pelé costuma separar sua persona de ídolo do futebol da de Edson Arantes do Nascimento. Na coleção, porém, as peças do garoto nascido em Três Corações-MG também têm lugar garantido.

Algumas já são conhecidas e podem ser vistas no Museu Pelé, como a caixa de engraxate que ele usava para ganhar uns trocados durante a infância em Bauru, ou o rádio em que seu pai, Dondinho, ouviu e chorou pela derrota da Seleção na Copa de 1950 – o que teria feito o garoto prometer ao pai que venceria o Mundial pelo Brasil, promessa cumprida oito anos depois.

Outras, entretanto, surpreendem: num potinho transparente, com tampa azul, estão os fragmentos do menisco do joelho direito do Rei, removidos durante uma cirurgia em julho de 1999. Pelé, que sofreu poucas lesões durante a carreira, machucou-se meses antes durante uma brincadeira no CT do Santos. A operação foi feita pelo médico John Xethalis, que cuidou dos atletas do Cosmos na época em que Pelé atuou em Nova York.

O Rei também guarda fotos ao lado de familiares e um desenho feito por seus filhos. Objetos que não devem ser levados a exposição. São parte do tesouro que permanecerá escondido dos fãs.

Fonte: agencias

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