Brasil

PEC coloca o Brasil na contramão do mundo, aponta economista

Rezende afirma que o Brasil não está vivendo uma crise clássica de desarranjo econômico por falta de confiança dos investidores, como se propaga

Terça - 11/10/2016 às 18:10



Foto: Exame - Abril.com Felipe Rezende
Felipe Rezende

O economista Felipe Rezende, professor da Hobart and William Smith Colleges, no estado de Nova York, é uma voz dissonante em meio ao forte apoio da classe política e econômica à PEC 241, que propõe limitar os gastos públicos pelos próximos 20 anos. Em entrevista aosite da revista Exame, ele diz que a proposta vai colocar o Brasil "na contramão do mundo".

Ao contrário da avaliação da equipe econômica do governo de Michel Temer, Rezende afirma que o Brasil não está vivendo uma crise clássica de desarranjo econômico por falta de confiança dos investidores, como se propaga. Segundo ele, o problema está no endividamento das empresas.

Ele afirma que a dívida pública bruta trajetória ascendente inevitável e que estaria inclusive no mesmo patamar dos países emergentes com grau de investimento (representando cerca de 45% do PIB). Por isso, não faria sentido, segundo ele, criar uma emenda constitucional que congelasse os gastos públicos por um intervalo tão grande de tempo (20 anos), como prevê a PEC do governo Temer.

"Em todos os países que adotaram medidas contracíclicas, aumento de gastos em momento de crise, a recessão passou e os indicadores melhoraram. Nos Estados Unidos, no Japão, no Reino Unido, na França, o déficit diminuiu. Um déficit deste tamanho acaba estabilizando a atividade econômica e dá as bases para o crescimento. Os déficits do Brasil não vão ficar nesses níveis nem nos próximos cinco anos, quem dirá nos próximos 20. Adotar estas medidas é ir na contramão do mundo", diz o economista.

O modelo pregado pela PEC, de acordo com ele, também está ultrapassado, uma vez que o próprio FMI tem reconhecido que políticas contracíclicas são mais efetivas. "Esta política não é nem cíclica nem anticíclica, é acíclica, porque o crescimento dos gastos será o mesmo independente da fase econômica do país. Fora que o governo não controla a receita. Não há nenhuma garantia de que essa medida vá controlar a trajetória da dívida", diz.

Fonte: Brasil 247

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