Economia

Ontem aconteceu a abertura em Belo Horizonte do 22º Congresso Brasileiro de Economia- BE

Quinta - 07/09/2017 às 19:09



Provocações para o debate, indagações aos economistas, homenagens, condecorações e a palestra magna do economista argentino Roberto Frenkel marcaram a cerimônia de abertura do 22º Congresso Brasileiro de Economia (CBE), na noite de 6 de setembro.O evento contou com a presença do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, do presidente do Cofecon, Júlio Miragaya e do presidente do Corecon-MG, Paulo Roberto Bretas.  Mais de mil participantes se inscreveram para os três dias do 22º CBE. Para a plateia que ocupou o auditório do Minascentro, um vídeo de abertura enfatizou questões fundamentais que o Brasil e o mundo precisam discutir. 


Ao abrir o evento, o presidente do Corecon-MG, Paulo Bretas, ressaltou que a democracia requer transparência e que a isenção é, muitas vezes, uma ilusão. Para ele, os economistas devem persistir na busca de respostas para essas grandes questões que afligem as sociedades. Para “provocar” os participantes do Congresso, ele elegeu quatro problemas que precisam de solução. O primeiro, segundo o economista, é a desigualdade social. Abordando a questão, ele indagou: “Estamos voltando ao século 19? Vamos nos acostumar a ver novamente os pobres vagando pelas ruas?”.


O segundo problema destacado foi o endividamento público e o déficit fiscal. Segundo Paulo Bretas, a dívida alimenta os “vermes rentistas”. O terceiro problema referiu-se à baixa produtividade das empresas e à péssima qualificação dos trabalhadores. E o quarto problema para provocar o debate foi o comportamento pouco competitivo das empresas brasileiras.  Paulo ressaltou que é preciso “ter coragem para enfrentar nossos problemas e tirar a população da apatia”.


A professora Maria da Conceição Tavares foi homenageada pelo trabalho incansável em prol do desenvolvimento do país. O ex-reitor da UFMG, Clélio Campolina, seu ex-aluno, foi indicadopor ela para receber a homenagem em seu nome.


Júlio Miragaya, presidente do Conselho Federal de Economia, afirmou, em sua fala, que a conjuntura política, econômica e social do país é crítica e que, na base desse cenário, está a crise de um sistema econômico que criou a esdrúxula situação em que apenas oito famílias têm riqueza superior à metade da população do planeta. Finalizando, ele parabenizou o Corecon-MG pela organização do Congresso.


O vice-prefeito de Belo Horizonte, Paulo Lamac, destacou que a cidade fica engrandecida pela presença de todos os participantes.


Segundo o governador de Minas, Fernando Pimentel, o desejo de entender o Brasil e o mundo e a pretensão de trazer soluções foram os elementos que o levaram a estudar economia. Em sua fala na abertura, ele prestou uma homenagem à profissão e também a Maria da Conceição Tavares.  Para finalizar, Pimentel disse que via com muita preocupação o que estava ocorrendo no Brasil atualmente. Mas ressaltou a esperança em tempos melhores. “Que nós não percamos de vista que nossa profissão é essencial para construir um país feliz e esperançoso”, enfatizou.


Na palestra de abertura do evento, Roberto Frenkel, professor honorário da Universidade de Buenos Aires e pesquisador no Centro de Estudios de Estado y Sociedad (Cedes), discutiu a relação entre câmbio real competitivo e seus efeitos sobre inflação e salários reais. Segundo ele, o tamanho da influência sobre essas variáveis depende da proporção de bens e serviços internacionais que são consumidos pelos assalariados. Entretanto, Frenkelressaltou que, independentemente do alcance dessa influência, a desvalorização acelera a inflação e provoca a redução de salários reais.

Debates movimentaram o dia


Mercado de trabalho, futuro da profissão, alternativas para geração de renda, sustentabilidade e desenvolvimento. Esses foram alguns dos temas presentes nos debates da primeira tarde do 22o CBE. A mesa ‘O Mercado de Trabalho do Economista’ discutiu a concorrência com profissionais de outras áreas que realizam atividades afins, como contadores, engenheiros e administradores. Baseado em sua experiência em agências reguladoras, o professor Gesner Oliveira, da EAESP-FGV, enfatizou a importância da formação multidisciplinar. O ex-presidente do COFECON, Dércio Garcia Munhoz, tratou da importância do investimento na graduação de Economia e da necessidadeda formação de profissionais capazes de analisar informações e formarem opiniões.  


O pluralismo na profissão foi uma das temáticas da mesa ‘Ensino de Economia e Futuro da Ciência Econômica’. Participaram da discussão o diretor da Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Ciências Econômicas (ANGE), Rubens Rogério Sawaya, Eduardo Rodrigues da Silva (presidente da ANGE), Roberto Macedo (ex-presidente do Ipea) e Marcos Antônio da Silva e Silva (coordenador-geral da Feneco). Todos defenderam a necessidade da formação de um profissional capaz de entender o contexto econômico e suas relações complexas.
           
A mesa ‘Alternativas de Processos Produtivos e Geração de Renda’ discutiu o alcance e a importância da economia solidária no contexto nacional. O ex-secretário de Desenvolvimento Social e do Trabalho, André Quintão, destacou que a economia solidária é fundamental na construção da sociedade e traz ganhos de organização, cidadania, solidariedade e fraternidade entre as pessoas. O professor da UFRN, Roberto Marinho, deu um panorama geral sobre essa modalidade no Brasil, ressaltando que existem 33 mil empreendimentos de economia solidária e que mais de dois milhões de pessoas estão envolvidas neste setor em 2,7 mil municípios. 


No debate ‘Energia, Sustentabilidade e Desenvolvimento’, o professor-adjunto do Instituto de Economia da UFRJ, Edmar Luiz Fagundes de Almeida, destacou que, apesar da crise vivenciada pela Petrobrás, a produção de petróleo no Brasil continua em crescimento devido ao pré-sal. A presidente do Conselho de Energia da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), Olga Côrtes Rabelo Leão Simbalista, enfatizou que o programa nuclear brasileiro é o único no mundo que tem atividades militares sobre salvaguarda internacional.

Fonte: Ascom Corecon Minas

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