Obesidade adolescente. Apetite, sedentarismo e metabolismo são as causas

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Sedentarismo

Sedentarismo Foto: Reprodução

Por que tantos adolescentes ganham peso no período da puberdade? Após acompanhar durante dez anos um grupo de jovens, cientistas constataram que o metabolismo basal deles torna-se mais econômico entre os 10 e os 15 anos.

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Até há pouco, pensava-se que o ganho excessivo de peso nos primeiros anos da adolescência tinha como causas um apetite estimulado pelo crescimento e por uma maior autonomia no acesso à comida. Mais recentemente, estudos bem conduzidos demonstraram que os jovens que engordavam não comiam necessariamente mais que aqueles que mantinham um peso normal. Tinham, inclusive, uma certa tendência a comer... um pouco menos. Tratava-se de um paradoxo que intrigava os especialistas.

Foi então que uma outra explicação surgiu e se confirmou: o sedentarismo. Um estudo feito na Inglaterra mostrou por exemplo que entre os 10 e os 15 anos cerca de um terço das garotas se tornavam inativas. Menos despesas calóricas, mais quilos acumulados.

Mesmo assim, verificou-se em seguida que as contas ainda não fechavam, nem mesmo levando-se em consideração o parâmetro dos gastos calóricos ligados à atividade física. Mas pesquisadores ingleses da Universidade de Exeter descobriram uma terceira explicação para o ganho excessivo de peso durante a adolescência, e essa descoberta foi publicada em artigo na última edição do International Journal of Obesity (www.nature.com/ijo). Para compreender o que acontece, é preciso saber que os gastos calóricos não são produzidos apenas pela atividade física, mas também (e sobretudo) de modo completamente involuntário, pelo metabolismo basal. Com efeito, 24 horas por dia, inclusive quando a pessoa repousa, o organismo necessita queimar calorias para funcionar. “Pensar, manter o sangue aquecido, fazer bater o coração, fazer funcionar o fígado e os rins, permite queimar até 1600 calorias diárias durante os anos da adolescência”, explica o professor Terence Wilkin, especialista em endocrinologia e do metabolismo que chefiou as pesquisas. No adulto, o metabolismo basal representa até 70% da despesa energética total.

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Um estudo que durou dez anos

Para saber como essa despesa energética durante o estado de repouso evolui no período da adolescência, Wilkin e seus colegas acompanharam, durante dez anos, uma amostragem de 347 jovens em boa saúde, indo à escola em Plymouth, e que tinham a idade de 7 anos quando entraram para o programa. A cada seis meses, os pesquisadores mediam a altura e o peso dos jovens e, uma vez ao ano, calculavam os seus gastos calóricos. Os gastos “voluntários” foram estimados em função da atividade física das crianças, medida por meio de um acelerômetro carregado ao nível da cintura durante sete dias. O gasto energético em repouso era medido com base no consumo de oxigênio.

Os pesquisadores observaram também a evolução da composição corporal,  submetendo a cada ano os alunos a uma “absorciometria bifotônica com raios X” (DEXA), técnica imaginativa que permite determinar a repartição entre massa gordurosa e massa magra.

As crianças faziam parte do grupo EarlyBird, um vasto programa de pesquisa lançado pela escola de medicina da universidade de Exeter para melhor compreender a epidemia de obesidade e as doenças a ela associadas, sobretudo o diabetes, tanto nas crianças quanto nos adolescentes. Um fator importante: segundo estudo publicado em abril último pela revista The Lancet, se nenhuma providência for tomada agora, um quinto da população mundial será obesa em 2025!

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Uma hora de samba a mais, un BigMac a menos

Sem surpresa, os pesquisadores notaram que o consumo energético basal aumenta até os 10 anos de idade, para diminuir em seguida de uma quarta parte entre os 10 e os 15 anos. Desse modo, uma criança de 15 anos em repouso queimaria a cada dia de 100 a 200 calorias a menos que uma criança de 10 anos, ou seja, o equivalente de 450 a 500 calorias a menos se levarmos em conta o aumento da massa corporal. “É como se ele dançasse a cada dia uma hora de samba a menos, ou comesse um BigMac a mais”, explicam os pesquisadores em comunicado.

Qual é a causa dessa queda do metabolismo de base? “Podemos apenas especular sobre isso”, explica o professor Wilkin. Os autores, com efeito, exploraram diversas pistas hormonais, mas nenhuma delas representa uma explicação satisfatória. A evolução da repartição entre massa gordurosa e massa magra não esclarece o fenômeno, pois essa repartição se torna nesta idade muito diferente entre moças e rapazes, enquanto que as mudanças do metabolismo basal são similares. Última pista evocada pelos autores: esta baixa “temporária porém substancial” da despesa energética em repouso “poderia ser o resultado da nossa evolução”. Esta melhor “eficiência” energética permitiria ao organismo “reservar para o crescimento as calorias absorvidas”. Mas aquilo que é uma vantagem quando os recursos alimentares são escassos ou faltam, torna-se um handicap quando a comida é abundante e muito calórica...

“Isso torna os adolescentes particularmente vulneráveis ao amento de peso”, insiste o professor Wilkin. Moral da história: Pratique muito esporte, mexa-se, sobretudo se você tem entre 10 e 15 anos de idade!

Fonte: Saúde 247

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