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O que o enredo da Beija-Flor não mostrou no desfile campeão do carnava

Beija Flor enredo Guiné Equatorial mostra

Quinta - 19/02/2015 às 14:02



Foto: agencias Crianças brincam com lama da capital da Guiné Equatorial
Crianças brincam com lama da capital da Guiné Equatorial
 Desigualdade, crimes financeiros, ditadura, mortes suspeitas, censura. Em vez disso, a Beija-Flor venceu a disputa na Marquês de Sapucaí com a colonização europeia da Guiné Equatorial, a natureza e a cultura do país africano. No jogo de luz e sombra da narrativa do samba enredo, a escola "escolheu" não mostrar a parte tenebrosa do regime político que escandaliza defensores de direitos humanos em todo o mundo. A polêmica ganhou corpo com as informações de que a agremiação teria recebido R$ 10 milhões do governo guiné-equatoriano para homenagear o país – um dos maiores produtores de petróleo do continente africano.

O país, com cerca de 700 mil habitantes, é governado há 35 anos pelo ditador Teodoro Obiang Nguema, que assumiu o governo com um golpe de estado em 1979. A Forbes já apontou o líder como um dos cinco piores do continente africano. Ele assumiu o trono após desbancar e executar o tio Francisco Macías Nguema.

A Guiné Equatorial tem níveis baixos de desenvolvimento humano, embora seja um dos países com o maior PIB per capita do mundo. Cerca de 20% das crianças morrem antes de chegar aos cinco anos.

Enquanto isso, o filho do ditador e vice-presidente Teodorin Nguema Obiang Mangue esbanja milhões de dólares para sustentar uma vida de luxo. Ele enfrenta processos por crimes financeiros. Inclusive, em 2012, a França emitiu contra ele um mandado de prisão por desvio de dinheiro público, abuso de bens sociais, abuso de poder e envolvimento em uma rede de lavagem internacional de dinheiro. A fortuna estimada do primogênito é de US$ 850 milhões.

A expectativa de vida no país, segundo pesquisa de 2009, era de 50 a 54 anos. A ONG Transparency, especializada em averiguar o nível de corrupção dos governos, critica a transparência do regime, já que o país não disponibiliza dados sobre as contas públicas. No ranking mundial de liberdade de expressão da mídia, o país aparece em 167º lugar, entre 180 países. Essa lista é da organização Repórteres sem fronteiras.

Como se isso não fosse suficiente, um episódio polêmico preocupa a Anistia Internacional: em 2014, apenas duas semanas antes do país suspender temporariamente a pena de morte, nove pessoas teriam sido executadas de forma suspeita. Quatro condenados por homicídio entre 2003 e 2013 foram mortos por um pelotão de execução.

Famílias e advogados alegam que não foram informados das execuções, e os próprios presos foram avisados apenas 30 minutos antes do fuzilamento. Ainda há denúncias sobre cinco pessoas que estavam no corredor da morte que teriam sido executadas em segredo, e os corpos não foram devolvidos às famílias. A abolição da pena de morte foi necessária para assegurar a entrada do país na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Fonte: agencias

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