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Mulheres do Piauí falam sobre a representatividade feminina na sociedade

O Portal Piauí Hoje parabeniza todas as mulheres pelo seu dia

Quarta - 08/03/2017 às 15:03



Foto: Arquivo pessoal/Piauí Hoje Dia Internacional da Mulher
Dia Internacional da Mulher

Na data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, o PiauíHoje trouxe para os internautas uma reflexão de mulheres da sociedade piauiense a partir do questionamento: Para você, o que é ser mulher? Ouvimos opiniões de figuras femininas das mais variadas profissões que compartilharam seu olhar sobre o universo feminino a partir do mercado de trabalho, da vida em sociedade e representatividade.  

Rosário Bezerra, ex-vereadora de Teresina

"Ser mulher para mim é ser amada, respeitada em todas as dimensões (sexual, afetiva, familiar, profissional, religiosa, cultural, étnica, da saúde, como mãe, esposa, namorada etc.) é ser protagonista em todos os setores da sociedade. Como sabemos, grande parte da sociedade é machista advindo daí várias consequências danosas à mulher como a violência doméstica e o feminicídio, só para citar as que considero mais graves. Ainda se registra salários diferenciados, inferiores no exercício da mesma função entre homens e mulheres. O acesso a saúde deveria estar de acordo com nossas especificidades femininas, pois somente nós, até o momento, ficamos grávidas, amamentamos, menstruamos, temos menopausa, poderemos ter câncer de mama e útero, cumprimos tripla jornada de trabalho, entre outros fatores, portanto, nossa saúde requer maior cuidado e atenção. O que deveria ser regra para toda a sociedade.        

Diante dessa realidade, nós devemos ser protagonistas da nossa vida e da nossa história, para que as relações sociais primem pela igualdade de direitos e igualdade de gêneros entre todas as pessoas, em especial entre homens e mulheres. Temos o direito (conquistado a duras penas) de ir e vir, vestir e usar os adereços que quisermos, termos total controle sobre nosso corpo, ter a opção ou não da maternidade e ocupar o espaço também da política para elaborarmos leis e programas voltados para a mulher. Quando a sociedade trata as mulheres com respeito e dignidade, todos ganham e poderemos construir uma história de paz, prosperidade, sem machismos, sem estupro, com muito afeto, enfim, com cidadania.
Parabéns a todas as mulheres que lutam por seus direitos. E vamos continuar firmes pois ainda faltam metas a serem realizadas". Rosário Bezerra, economista/mestra em Educação e ex-vereadora do PT de Teresina.

Lisiane Mossmann, jornalista

“Enxerguei-me mulher aos 18 anos quando resolvi colocar a mochila nas costas e conhecer a América Latina por quase três anos. Sai de casa sem consentimento familiar e escutei: “Mulher não viaja sozinha. Vai se perder na vida”. 

Ali, dei-me conta que a batalha seria árdua. Até então, parecia atitude de uma adolescente rebelde: com desejos de desafiar família e padrões.

Sim, tive de aprender a passar, cozinhar, limpar casa, ser simpática, sentar direito, falar e rir baixo, que a culpa era minha, ser boazinha e comportada. Mas, não adiantou muito. 

De lá para cá, passaram-se 30 anos. Formei-me jornalista. Fui repórter, editora, professora. Trabalhei em veículos da grande imprensa nacional. Do Rio Grande do Sul voei para Fortaleza e depois para Teresina. Casei. Tornei-me mãe.  Terminei o mestrado e penso agora na possibilidade de um doutorado.

O mundo mudou. Mas a batalha...Ah! Ela persiste. Eu e milhares de mulheres ainda temos de diariamente provar que podemos ser e fazer o que queremos. Que merecemos receber o mesmo salário de um homem e ter as mesmas condições de trabalho. Que temos opiniões próprias. Precisamos, muitas vezes, apressar o passo numa rua escura e pouco movimentada. Mas dentro de nós, permanecem os desejos de explorar a vida e lutar pela liberdade de ser feliz e ter direitos iguais”.   Lisiane Mossmann, jornalista, 47 anos.

Thatila Porto

“Ser mulher é desempenhar vários papéis sociais e ter que estar bem. É ter que sustentar um alicerce que você muitas vezes não pede pra ser. É estar constantemente com receio de andar na rua sozinha com medo de que alguém te faça algum mal. É estar vigilante o tempo todo em relação aos direitos que nos foram adquiridos. É ser julgada socialmente se você comete algum erro sobre sua aparência ou veste algum tipo de roupa que não agrada à sociedade. É viver combatendo constantemente o mal que o machismo e a misoginia advindos do patriarcado nos faz. É ser questionada e vista como má se não achar que a maternidade é plena.

Ser mulher é viver a dor e a delícia do universo feminino. Delícia? Sim, a delícia de encontrar no dia-a-dia com outras mulheres e me sentir feliz, quando percebo o quanto fazemos bem umas às outras, na troca de experiências, saberes e ajudas. Vejo que podemos sim mudar nossa realidade para melhor, por um mundo que tenhamos dignidade, equidade de gêneros e acima de tudo RESPEITO. Juntas nós somos mais fortes”. Thátila Porto, socióloga e corretora de imóveis.

Rafaela Morais

"Ser mulher para mim é ser guerreira. É matar um leão por dia tirando forças de onde não tem. Ser mulher, é lutar por uma vida melhor para si e para os seus. Ser mulher, é ser mãe, esposa, filha, avó, amiga, profissional e guerreira. Ser mulher, é ter dias de tmp, cólica, cabelo desgrenhado, celulite, gordurinha localizada, chocolate, cafuné e num passe de mágica, 'divar'. Ser mulher, é ser loira, ruiva, morena, negra, japa, baixinha, magrinha, gordinha, o que quiser. Ser mulher, é ter o dom de gerar outra vida. Ser mulher, é uma tremenda viagem fantástica. Feliz dias das mulheres a todas essas manas maravilhosas.

Sou mulher 31 anos, negra, cabelos crespos e black, empoderada, historiadora, professora com muito amor e orgulho. Fui criada por outras grandes mulheres que me inspiraram a ser quem eu sou. Aprendi a ser forte, a não baixar a cabeça e correr atrás dos meus objetivos. Nunca sofri, realmente, nenhum ato de violência por ser mulher pois sempre soube me impor”. Rafaela Morais, professora.

Patrícia Raulino - advogada

“Hoje comemora-se o ‘Dia Internacional da Mulher’, em meio a esta celebração e, na qualidade de operadora do Direito há mais de dezesseis anos, importante se faz relembrar, de forma breve, como se deu a introdução da mulher nas carreiras jurídicas, antes um histórico universo predominantemente masculino.

Bem, a primeira mulher a exercer a advocacia no Brasil foi Myrthes Gomes de Campos no ano de 1899, data da sua primeira tentativa de ingresso no Instituto da Ordem de Advogados do Brasil, atual Ordem dos Advogados do Brasil, sendo que foi orientada a candidatar-se como estagiária, já que os estatutos da casa destinavam vagas dessa categoria para os advogados formados há menos de dois anos.

Desvirtuando o conceito de que o ofício era privilégio dos homens, Myrthes enfrentou preconceitos e foi pioneira na luta pelos direitos femininos, como o exercício da advocacia pela mulher, o voto feminino e a defesa da emancipação jurídica feminina.

Assim sendo, graças inicialmente a ousadia e coragem desta mulher e muitas outras que trouxeram o brilho de sua inteligência para este nobre ofício, é que a advocacia agora está sendo definitivamente conquistada pelo sexo feminino. Não apenas em termos qualitativos, onde 34% (trinta e quatro por cento) dos cargos de comando nos setores jurídicos de grandes empresas são ocupados por mulheres, mas também do ponto de vista quantitativo, pois as mulheres já são 42,3% do total de Advogados do Brasil e 50,5 % dos advogados com até cinco anos de formados. Figurando-se,um forte indicador de que as mulheres poderão ultrapassar em breve o número de advogados homens.

Por outro lado, ao se fazer uma análise não muito profunda da realidade atual, constata-se a falsa ideia de que há igualdade entre homens e mulheres, bastando um olhar cuidadoso, como, por exemplo, na composição dos tribunais, constituídos majoritariamente por indivíduos do sexo masculino, para perceber a necessidade de constante luta pela igualdade de participação nos mecanismos judiciários entre os dois gêneros.

Muito embora a nova realidade no mundo da advocacia indique que as mulheres estão conquistando espaço e poder neste setor que antes era dominado majoritariamente por homens, não há espaço para acomodações e sim, um desejo frenético de não apenas receber os louros oriundos deste nobre ofício, mas de que essa seja uma ampliação conceitual da mulher de forma a assegurar sua presença ímpar em todas as carreiras profissionalizantes do Brasil”. Patrícia Raulino, advogada.

Fonte: Redação

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