Educação

Nasa vai enviar novas missões tripuladas à Lua até 2020

Piauí Hoje

Segunda - 20/07/2009 às 04:07



O programa da Nasa de enviar astronautas de volta à Lua, até 2020, é muitas vezes chamado de "Apollo com esteroides". Para os detratores, essa é uma descrição de menosprezo - fazer o mesmo caminho de 40 anos atrás, mas com foguetes maiores e mais custosos.No entanto, representantes da Nasa afirmam que as novas missões serão muito mais grandiosas - com astronautas morando na Lua por meses, percorrendo centenas de quilômetros da superfície lunar e, pela primeira vez, construindo um posto avançado num solo fora da Terra.Com déficits no orçamento federal, existem questionamentos sobre a viabilidade de construção dos projetos lunares que a Nasa tem elaborado nos últimos cinco anos "Não se trata só de bandeiras e pegadas", disse Dr. John Olson, diretor do escritório interno à diretoria de missões exploratórias da Nasa, que integra as partes díspares do programa lunar. "É um trabalho substancialmente importante".As tecnologias e as habilidades, dizem representantes da agência espacial americana, são essenciais antes de ir a Marte, o próximo grande destino. Cientistas enxergam várias possibilidades empolgantes de pesquisa na Lua, como construir um telescópio de rádio no lado mais longe, protegido do barulho da Terra, e observar camadas congeladas em crateras sombreadas próximas aos polos, onde possivelmente estão preservadas informações sobre o passado do sistema solar.Entretanto, com déficits no orçamento federal de trilhões de dólares e um painel reconhecido, agora reavaliando o programa de viagens espaciais humanas dos Estados Unidos, existem questionamentos sobre a viabilidade de construção dos projetos lunares que a Nasa tem elaborado nos últimos cinco anos. A agência pode ser orientada a focar em missões robóticas, a participar de alternativas mais baratas para chegar à Lua, ou mudar o alvo para outro elemento, como um asteróide.Se a Nasa não for à Lua, também não fica claro se alguém mais poderia ir. Alguns representantes da China e da Rússia falaram sobre estabelecer uma base lunar ao redor de 2025, mas nenhum desses países fez qualquer pronunciamento oficial - e seus foguetes atuais são pequenos demais para cumprir essa tarefa.A nascente indústria de voos espaciais particulares, que ainda deverá mandar uma pessoa à órbita, não demonstra a Lua como destino viável, pois não existem lucros óbvios para cobrir os bilhões de dólares em custos. "A ideia de que um investidor privado poder juntar fundos para desenvolver foguetes capazes de realizar uma missão lunar é extremamente especulativa, beirando a fantasia", disse John Logsdon, chefe de história espacial do National Air and Space Museum.Talvez o mais provável é que o programa lunar irá, como a Estação Espacial Internacional, se tornar um esforço combinado de várias nações.Na primeira reunião pública do painel que analisa o programa espacial humano da Nasa, o general Anatoly N. Perminov, chefe da Roscosmos, a agência espacial russa, afirmou, por telefone, que "a Roscosmos apoia a necessidade de envolver o potencial técnico e científico de outros países para projetos de larga escala como esse", incluindo o envio de astronautas à Lua e a Marte.Projeto "Constelação"A Nasa deu o nome de programa "Constelação" a seu sistema de transporte espacial de última geração. As primeiras duas peças do Constelação - o foguete Ares I, com a cápsula Orion - devem levar astronautas à Estação Espacial Internacional, a partir de 2015. Duas peças adicionais serão necessárias para a viagem à Lua: a Ares V, enorme foguete pesado, e o aterrizador lunar Altair, para levar os astronautas à superfície da Lua.À primeira vista, o Ares V parece mais ou menos como o Saturn V, da era Apollo, e o Altair parece como uma atualização fashion - com um visual mais redondo e moderno - do aterrizador que transportou Neil Armstrong e Buzz Aldrin para o Sea of Tranquillity. "Física e engenharia moldam muito dos projetos", disse Olson, explicando as similaridades.No entanto, existem três diferenças. A Ares V é um pouco mais alta que a Saturn V - 116,13 metros versus 110,64 metros. No entanto, a Ares V será capaz de transportar 63.500 kg numa viagem à Lua, ou 40% mais que a Saturn V.A Ares V, ao contrário da Saturn V, não transportará astronautas. Seguindo as recomendações do painel que investigou a perda da nave espacial Columbia, o programa Constelação colocará tripulação e carga em foguetes separados para aumentar a segurança dos astronautas. Enquanto grande parte dos equipamentos da nave espacial - o aterrizador Altair e a plataforma de decolagem da Terra - vai na Ares V, uma equipe de quatro astronautas parte numa cápsula Orion no topo da Ares I.Em órbita ao redor da Terra, a cápsula Orion irá receber os componentes enviados pela Ares V, e a nave espacial irá, então, seguir para a Lua.Na Apollo 11, Michael Collins teve de ficar sozinho circundando a superfície lunar no módulo de comando, enquanto seus dois companheiros iam ao satélite natural no aterrizador. Para as próximas missões na Lua, todos os quatro astronautas devem ir à superfície, enquanto a cápsula Orion, vazia, cuidará de si própria.Isso significa que o módulo de pouso Altair deve ser muito maior que o da era Apollo, para poder levar os astronautas e suprimentos a mais e alcançar mais partes da Lua. Os avanços na tecnologia também poderiam permitir versões de carga do Altair - sem astronautas - para trazer componentes modulares de um posto avançado, assim como rovers.O conceito de rovers exige uma cabine totalmente pressurizada na qual os astronautas podem trabalhar usando roupas de mangas curtas. Para viagens que duram mais ou menos uma semana, os astronautas viveriam essencialmente do veículo.As roupas espaciais seriam, na verdade, acondicionadas fora do rover, e os astronautas poderiam entrar neles através de aberturas na parte de trás, permitindo-os ir de dentro para fora em cerca de dez minutos."Isso muda completamente o jogo", disse Olson.Todavia, o orçamento federal proposto pelo presidente Barack Obama não pagaria por isso, certamente não antes de 2020. Após aumentos no ano atual e no ano fiscal de 2010, os gastos propostos pelo presidente americano em explorações humanas nos anos de 2011 até 2013 foram de vários bilhões a menos do que o presidente George W. Bush propôs no ano passado. Isso basicamente elimina os recursos para transformar o Altair e o Ares V de conceitos no papel a projetos detalhados e naves espaciais reais."Sem dinheiro, não há Buck Rogers", brincou Olson.Porém, a esperança de muitos dentro e fora da Nasa é que os níveis orçamentários da administração Obama sejam apenas um marco pendendo às recomendações do painel que analisa o programa espacial humano da agência. Seu relatório é esperado para o final de agosto.O painel está buscando alternativas ao Ares I e V, como adaptar foguetes já existentes, como o Delta IV, para as necessidades dos astronautas da

Fonte: UOL

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