Nadadores impedidos pela PF de embarcar para os Estados Unidos

Bentz e Conger foram retirados de um voo na noite de quarta-feira (17)


Nadadores Gunnar Bentz e Jack Conger deixam delegacia

Nadadores Gunnar Bentz e Jack Conger deixam delegacia Foto: Tasso Marcelo/AFP

O advogado dos dois nadadores americanos impedidos pela Polícia Federal de embarcar para os Estados Unidos disse que há uma "confusão a respeito da participação dos nadadores Gunnar Bentz e Jack Conger no suposto assalto sofrido pela delegação americana de natação no Rio". Bentz e Conger foram retirados de um voo na noite de quarta-feira (17).

"A delegacia diz que eles são testemunhas e o despacho do juiz diz outra coisa. Enquanto isso não for solucionado, eles não vão prestar depoimento", afirmou o advogado Sérgio Riera, como mostrou o Bom Dia Rio.

Ele diz que os clientes estão "muito assustados" e sem entender porque não conseguiram embarcar no voo. Os dois estavam juntos com outros nadadores americanos na saída de uma festa na Lagoa, Zona Sul do Rio, mas não haviam prestado depoimento na Delegacia de Atendimento ao Turista (Deat). A ação criminosa ocorreu após esta festa, segundo relataram à polícia outros dois atletas, Ryan Lochte e James Feigen.

Lochte deixou o país na última segunda-feira (15), informou a Polícia Federal. Feigen segue no Brasil, mas não teve sua localização revelada pelo Comitê Olímpico dos Estados Unidos. Segundo a Polícia Civil, o inquérito sobre o caso pode ser concluído ainda nesta quinta (18).


Impedidos de embarcar para os Estados Unidos, os atletas se calaram ao serem levados à delegacia do aeroporto internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, para prestar depoimento na noite desta quarta-feira (17).

Após quase 4 horas na delegacia, Gunnar Bentz e Jack Conger foram liberados no início da madrugada desta quinta (18), por volta de 1h20, e se hospedaram em um hotel próximo ao Galeão. Bentz e Conger chegaram a entrar no avião para voltar aos EUA, mas foram retirados por policiais civis e agentes da Polícia Federal.

Entrevista

Após deixar o Brasil, o nadador Ryan Lochtedeu uma entrevista, na noite desta quarta-feira (18), à rede de TV norte-americana NBC. O atleta reafirmou ter sido assaltado, junto com três colegas da equipe de natação olímpica americana, mas deu detalhes diferentes das duas versões anteriores: a que ele contou em uma entrevista de TV no domingo (14), horas após o caso, e a que ele relatou em depoimento à polícia do Rio.

Por telefone, Lochte afirmou que os quatro estavam em um posto de gasolina com os três outros nadadores após saírem de uma festa na Lagoa, na Zona Sul do Rio. Ao saírem do banheiro, tiveram uma arma apontada para eles. Em versão anterior, Lochte contou que o táxi em que estavam foi parado por outro veículo.

Lochte disse também que, ao depor na polícia no Rio, foi tratado com muita cordialidade, que os policiais fizeram poucas perguntas e não pediram que ele ficasse para as investigações. O nadador reclamou que está sendo tratado como suspeito, quando é vítima.

Interrogatório por carta

A polícia vai enviar por ofício ao FBI uma relação de perguntas para que o 12 vezes medalhista olímpico Ryan Lochte responda, dos EUA, por carta precatória.

As duas decisões de proibir a saída dos nadadores foram do Juizado Especial do Torcedor e Grandes Eventos, a pedido da Deat. A PF notificou o Consulado dos EUA e o Comitê Olímpico americano para impedir a saída dos nadadores, mas não havia recebido resposta até a noite.

Em nota, o Comitê Olímpico Americano informou que o time de natação deixou a Vila logo após o fim das competições e que, por questões de segurança, não poderia confirmar a localização de cada atleta.

Contradições

Na decisão de pedir a apreensão dos passaportes, a  juíza Keyla Blanc De Cnop, do Juizado Especial do Torcedor e Grandes Eventos, assinala que foram identificadas contradições nos depoimentos prestados pelos nadadores.

Ryan Lochte disse à polícia que ele, Feigen, Bentz e Conger estavam num táxi quando foram rendidos por um bando armado, que exigiu o dinheiro que ele tinha – cerca de US$ 400. Feigen afirmou que apenas um dos criminosos estava armado.

Em entrevista à rede americana NBC no domingo, Lochte contou que os assaltantes mostraram distintivos e obrigaram o grupo a deitar no chão. Os criminosos teriam então roubado o dinheiro e a carteira dele, mas deixaram a credencial e o celular, fato que os investigadores estranharam.

Instigados a dar mais detalhes do assalto, Feigen e Lochte disseram que não se lembravam porque estavam muito bêbados após deixarem a festa. Os agentes ainda procuram o taxista que teria levado os nadadores da Lagoa à Vila Olímpica. A polícia tem as imagens de um posto de gasolina e busca registros de câmeras de segurança que ficam no trajeto.

Vídeo contradiz depoimentos

Outra contradição surgida nos depoimentos é quanto aos horários do suposto assalto: os nadadores relataram que saíram da festa, na Lagoa, por volta das 4h. Câmeras de segurança da Casa da França, onde foi a festa, mostra que eles saíram às 5h45.

Eles contaram também que teriam sido assaltados perto da Vila dos Atletas, já na Barra da Tijuca, razão pela qual seguiram para o alojamento. Imagens registradas pelas câmeras de segurança da Vila mostram que os atletas chegaram ao local às 6h56.

Em vídeo divulgado pelo jornal britânico Daily Mail, é possível identificar que 4 nadadores chegam à portaria e passam pelo detector de metais antes de entrar. Lochte chega a brincar com Feigen, batendo com sua credencial na cabeça do colega.

Para a juíza Keyla Blanc, as imagens evidenciam que os atletas chegaram com suas integridades físicas e psicológicas inabaladas, e que tal comportamento justifica o pedido do Ministério Público para que seja investigada de uma possível falsa comunicação de crime.

Pai de Lotche não entende controvérsia por assalto

Em entrevista à agência de notícias americana Associated Press (AP), o pai Ryan Lotche disse não entender a polêmica em relação ao caso e comentou que o filho ia comprar uma carteira nova.

"Estou feliz porque ele está a salvo. Foi uma experiência desafortunada para ele e os outros três. Não sei por que tanta controvérsia. Eles foram simplesmente tirados do táxi e assaltados. A principal coisa é que ele tem muita sorte de estar em segurança e tudo o que levaram foi o dinheiro e a carteira", disse Steve Lotche, por telefone.

Fonte: G1

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