Mortes por arma de fogo caem 12% no Brasil em três anos

Piauí Hoje


As mortes por arma de fogo caíram 12% no Brasil, entre 2003 e 2006, como resultado de esforços e ações do governo e da sociedade civil contra a violência, aponta um novo estudo do Ministério da Saúde. Essa diminuição coincide com a implementação de ações como o Estatuto do Desarmamento, o fortalecimento da segurança pública nos estados brasileiros, além da mobilização da sociedade civil organizada. De acordo com a pesquisa "Redução do Homicídio no Brasil", realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Ministério da Justiça, em 2006, o país registrou 34.648 óbitos por arma, contra 39.325 em 2003. Isso representa 4.677 vidas poupadas no país, especialmente entre homens. Em relação às taxas de mortalidade por arma de fogo, a queda foi de 18%, caindo de 22 para 18 óbitos por 100 mil habitantes - veja tabela.A pesquisa revela, também, que houve queda no risco de morte nos municípios que receberam recursos da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do MJ e nos que melhoraram a estrutura para atuar na área de segurança pública. Aqueles que não investiram em segurança registraram aumento.REVERSÃO - Outra importante constatação da pesquisa é a de que houve a reversão da tendência de aumento de mortes por arma de fogo. Caso o país mantivesse o ritmo constante da elevação da mortalidade por essa causa, em 2006 teriam ocorrido 45.745 mortes. A diferença entre as mortes ocorridas e as que eram esperadas é de 13.838, o que corresponde a uma redução de 24%. De acordo com o estudo, o impacto das ações governamentais e da sociedade civil organizada resultou em 23.961 vidas poupadas. A tendência já havia sido verificada por outra avaliação do Ministério da Saúde, divulgada em 2005, que indicou a redução dos óbitos por arma de fogo coincidindo com recolhimento de armas no país. HOMICÍDIOS - De acordo com o estudo do Ministério da Saúde, os homicídios cresceram de maneira contínua no Brasil, entre 1980 e 2003. Na avaliação dos dados, o risco de morte por homicídio no país, no ano de 1980, era de 14 por 100 mil habitantes, atingindo um pico de 28,9 em 2003. Ou seja, a taxa ficou duas vezes maior no período. Já em 2006, o risco cai para 24 por 100 mil habitantes, representando queda de 17% em relação a 2003. Na década de 1980, foram registrados 230.832 homicídios no país, contra 348.461 na década de 1990. Essa tendência de aumento se manteve nos quatro primeiros anos da década de 2000, mas, desde 2004, começou a declinar. Após registrar 51.043 homicídios, número máximo de vítimas no Brasil, o número de óbitos começou a apresentar uma queda contínua desde então.De acordo com o estudo, 92% das vítimas de homicídios são homens na faixa etária de 15 a 39 anos. No ranking das principais causas de mortes entre o sexo masculino, os homicídios ocupam o terceiro lugar, atrás das doenças isquêmicas do coração e doenças cerebrovasculares - tabela 2.CUSTO DA VIOLÊNCIA - De acordo com a "Análise dos custos e conseqüências da violência no Brasil", estudo do Instituto de Pesquisas Aplicadas (Ipea), publicado em junho deste ano, estima-se que, em 2004, o custo da violência no Brasil chegou a R$ 92,2 bilhões, ou 5,09% do Produto Interno Bruto do país. O cálculo do Ipea leva em consideração gastos ou investimentos públicos e privados, tais como internações, pensões, perdas materiais, aplicação de recurso em segurança, despesas com proteção de carros, entre diversos outros itens.HOMENS - O estudo deixa evidente o quanto os homens são mais vitimados pelas armas de fogo. Apesar disso, em 16 estados e no Distrito Federal houve queda das taxas de mortalidade por arma de fogo entre as pessoas do sexo masculino. As maiores reduções ocorreram em Roraima (-55,7%) e em São Paulo (-48,3%). Entre os estados que pioraram estão o Amazonas e Alagoas, com aumentos de 85,2% e 59,4%. Também houve crescimento da mortalidade no Pará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão, Ceará, Bahia e Sergipe - veja tabela 3.CENTROS URBANOS - Quanto à mortalidade por arma de fogo em capitais, Maceió (AL) ocupa o primeiro lugar, com taxa de 75,4 mortes por 100 mil habitantes no ano de 2006. Em seguida vem Recife, com taxa de 61,5. Na seqüência, aparecem Vitória (ES), Belo Horizonte (MG) e Rio de Janeiro (RJ), com taxas de 58,9, 35 e 33,4 por 100 mil, respectivamente.De acordo com a pesquisa, a incidência dos óbitos por arma de fogos está concentrada nos grandes centros urbanos. Como exemplo o estudo afirma que os municípios com população acima de 500 mil habitantes concentram 28,7% da população brasileira e responderam por 41% dos óbitos por arma de fogo. No mesmo ano, os municípios com população até 100 mil habitantes concentraram 43% da população brasileira e 28% dos óbitos por arma de fogo.

Fonte: Agência Brasil

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