Ministro usa obras para eleger o filho prefeito de Petrolina

Estado de S. Paulo


O governador Wilson Martins com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra

O governador Wilson Martins com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Foto: CCom

Castigado pela pior seca dos últimos 30 anos, o sertão de Pernambuco vive em pleno 2012 a reedição de um clássico enredo eleitoral do Nordeste. Para eleger o deputado federal Fernando Coelho Filho (PSB) prefeito de Petrolina, o grupo político liderado pelo ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), pai do candidato, usa água para angariar votos.

Em campanha, o candidato explora amplamente obras para levar adutoras e reservatórios à vasta caatinga do município, executadas pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) a partir de emendas que ele próprio apresentou e a pasta comandada pelo pai, responsável pela estatal, liberou. O projeto da família inclui a ascensão de Fernando Filho à prefeitura num primeiro passo e, em 2014, a candidatura do ministro Bezerra ao governo pernambucano.

Na Superintendência da Codevasf em Petrolina, responsável por todo o Estado, nada menos que 95% dos pagamentos gerados a partir de emendas em 2011 (R$ 3,3 milhões) foram para projetos apadrinhados pelo deputado. Em 2012, o porcentual alcança 70% do total (R$ 6,2 milhões). Os dados constam de relatório da própria companhia, obtido pelo Estado por meio da Lei de Acesso à Informação.

Candidato nega ter sido favorecido em emendas

O deputado e candidato a prefeito de Petrolina Fernando Filho nega favorecimento no pagamento das emendas. Ele explica que, como seu eleitorado se concentra no semiárido, apadrinha mais projetos na área de atuação da companhia que outros parlamentares. “Com certeza, fui o que mais colocou (emendas). Não posso ser penalizado se os outros não colocam”, afirma.

O deputado, no entanto, também é o mais beneficiado em termos proporcionais, segundo as tabelas da Codevasf. Este ano, os pagamentos da companhia referentes às emendas dele correspondem a 89% do valor pleiteado na Lei Orçamentária.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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