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Mar Vermelho e Moisés foram estrelas na TV, mas o que a ciência diz do

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Domingo - 15/11/2015 às 19:11



Foto: reprodução Ilustração mostra a abertura Mar Vermelho
Ilustração mostra a abertura Mar Vermelho
 A ansiedade foi enorme e a realidade correspondeu à expectativa: a sequência que mostrava o profeta Moisés abrindo o Mar Vermelho foi à tela da Record e rendeu recordes à emissora. Entre eles, liderar a audiência no lugar da Globo.

A cena em questão tratou do famoso episódio bíblico onde Moisés comanda os hebreus em sua saída do Egito. Para isso, abre o Mar Vermelho para que seus seguidores fujam da perseguição do faraó Ramses 2º. Para a Record, rendeu pico de 31 pontos e fez de “Dez Mandamentos” um fenômeno na web.

Mas o que a ciência diz sobre a sequência de fatos bíblicos? Os textos que dão origem à cena são ficção ou reflexo de fatos históricos? Cada parte do assunto foi abordada pela BBC em artigo explicativo que mostrou esse posicionamento.


Ele era hebreu, não era escravo e, segundo a Bíblia, foi adotado pela família real ao ser abandonado em um berço no rio. De acordo com o egiptolólogo Jim Hoffmeier, essa era uma prática comum no Egito da época.

Ou seja, é possível sim que a história de Moisés tenha ocorrido como é contada na Bíblia. Hoffmeier ainda corrobora a tese afirmando que, na época, crianças não faziam parte da nobreza e por isso o trecho bíblico é verossímil.


O texto bíblico cita dez pragas que cairiam sob o antigo Egito. São elas: águas do Nilo virando sangue; rãs cobrindo a terra; piolhos aos montes; moscas escurecendo os céus; morte do gado; chagas que atingem homens e animais; chuva de granizo destrutiva; nuvens de gafanhotos; trevas encobrindo o Sol por três dias; e, finalmente, a morte dos primogênitos.

Dessas dez pragas, seis delas podem ser explicadas por uma teoria apenas. Baseada na opinião de epidemiologistas, afirma-se que as pragas podem ter sido causadas pela proliferação de um micro-organismo nas águas do Nilo. Trata-se do Pfiesteria piscicida. Sua presença, em 1999, tornou um rio na Carolina do Norte, nos EUA, totalmente vermelho.

Assim sendo, a causa no Egito poderia ser a presença de poluentes — excrementos de animais, por exemplo — despejados no Nilo. A contaminação pode ter mudado o Pfiesteria como na Carolina do Norte: por conta da mutação genética, deixa de ser inofensivo para ser letal. E então começa a morte dos peixes, a baixa imunidade em humanos e, claro, o reflexo nos animais.

As rãs também entram nesse pacote, uma vez que elas tiveram que invadir a terra, onde morreriam logo depois. Nisso estaria ligado diretamente a chegada da nuvem de moscas e também da proliferação de piolhos, resolvendo as outras pragas. Os gafanhotos e o granizo, por sua vez, são problemas que até hoje assolam o Oriente Médio.

Por fim, os especialistas têm bastante dificuldade de explicar a morte dos primogênitos. Associada a todos esses fatos, essa incógnita é resolvida com a crença de que, para lidar com as outras pragas e misturando religião na história, tenha havido um sacrifício em massa. Mas essa é a parte que não se pode confirmar.

Existem ainda outras grandes possibilidades para as pragas em questão. São elas desastres naturais que, em menor escala, já aconteceram nos tempos modernos. Sem a tecnologia atual, qualquer desastre seria encarado de uma maneira muito mais caótica por qualquer sociedade civilizada, afirmam os historiadores.

Bem, não existem — é claro! — registros gráficos que provem a abertura do mar. E pensar em duas paredes de água gigantescas com um monte de gente passando no meio soa completamente non sense, não é? Mas a natureza pode sim nos “contemplar” com algo parecido.

Apesar de tudo, o episódio da travessia é o mais controverso. Na própria Bíblia em hebraico, por exemplo, “vermelho” foi traduzida de forma errada. Na versão em questão, Moisés cruza o “yam suph”, que é um “mar de junco”.

Ou seja, a tradução pode ter criado algo bastante fictício para descrever algo que realmente aconteceu. Nesse ponto, especialistas concordam que pode se tratar de uma metáfora para descrever a travessia em algum local bastante adverso. E, mesmo nesses pântanos, é possível sim que os soldados egípcios tenham se dado mal.

Nas teorias da ciência, o que acontece é que talvez o exército do Egito não tenha sido totalmente dizimado. O que pode ter acontecido é que Moisés conhecia o local e o atravessou com seu grupo. Os soldados não e acabaram caindo em fossos que podem ter até 3 metros de altura — suficiente para fazer alguém se afogar em lama.

Mas, mesmo que Moisés não tenha aberto o mar como a Record retratou, é possível sim que um fenômeno do gênero possa existir — mesmo que ele pareça grotesco demais. Tudo dependeria, no entanto, da existência de um mega tsunami. Simulações com o vulcão Santorini mostra que o colapso na ilha já gerou um tsunami de 182m que viajava a 640km/h.

Nessas condições, a ciência entra e analisa que as famosas “paredes de água” podem acontecer. Antes de tudo, porém, o mar de junco. Um grande tsunami é seguido da retração de águas na costa. Isso, então, poderia ter sido crucial para a travessia de Moisés levando em conta a história escrita em hebraico.

Sobre a incidência desse tipo de evento no Egito, os pesquisadores recorrem a 1994. Neste ano, uma ilha nas Filipinas foi atingida por um terremoto e um tsunami. O tremor abriu uma rachadura em um lago que ficava próximo da costa, gerando um escorrimento de água em formato de cachoeira até o fundo do buraco.

Controversa, a passagem por meio do Mar Vermelho segue baseada apenas em teorias. Norte-americanos, por exemplo, dizem que ventos muito fortes poderiam causar a abertura e possibilitar a passagem. Mas nenhuma delas pode ser comprovada uma vez que colocá-las na prática é impossível.

De qualquer modo, o tema que conquistou a audiência no Brasil também é alvo de estudo de cientistas do mundo todo. Se a história bíblica é falsa, real ou se apenas distorce uma realidade, é impossível afirmar. Mas a ciência tem o poder de provar que várias descrições condizem com a realidade, enquanto outras estão bem longe de serem plausíveis.

Fonte: yahoo

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