Política

Machado diz que Jucá pensava em Constituinte para limitar poder do MP

Delator Sérgio Machado PMDB Jucá Lava Jato

Sexta - 17/06/2016 às 17:06



Foto: Blogs O Globo Ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado
Ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado
O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado disse na delação premiada que políticos de vários partidos chegaram a discutir um pacto para conter a Lava Jato e que a manobra incluía a convocação de uma Constituinte para reduzir os poderes do Ministério Público.

Antes de a delação de Machado vir a público, nesta semana, ele já havia divulgado conversas gravadas com políticos. Em uma delas, Jucá falava em estancar a Lava Jato. Os áudios de Machado foram responsáveis pela queda de dois ministros do governo de Michel Temer, o próprio Jucá e Fabiano Silveira (Transparência).

No depoimento da delação premiada, Sérgio Machado revelou que a tentativa de estancar a Lava Jato não partiu apenas do PMDB, partido de Jucá. O delator relatou que Jucá falou de tratativas com o PSDB para alterar leis e tentar limitar a operação.

"Na conversa com o senador Romero, ele falou que tinha estado há poucos dias numa reunião com o PSDB, que também estava preocupado com o assunto. E o senador Romero aventou as hipóteses de tentar um entendimento no sentido de se manter a operação no que estava ou aguardar uma Constituinte, que podia acontecer em 18, onde poderia ser limitado os poderes do Ministério Público", disse Machado na delação.

O ex-presidente da Transpetro disse que essa negociação era uma tentativa de livrar políticos de vários partidos, inclusive o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, do alcance da Lava Jato.

Machado disse que também conversou com o presidente do senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Na conversa, falaram da possibilidade de trazer outros partidos para o acordo.

"Ele [Renan] tinha tido um primeiro encontro com o PSDB e iria ampliar essas conversas com o DEM e com o PSB", afirmou.

Os investigadores então questionaram Machado sobre em que sentido eram as conversas. Ele respondeu que era no sentido "de você ir ampliando o número de partidos políticos que estariam preocupados em encontrar uma solução pra essa situação". "Porque está todo mundo preocupado neste momento em encontrar uma saída para isso. Todos os partidos, como eu disse no meu depoimento. E essa seria a maneira de você juntar mais o DEM e mais o PSB", concluiu Machado.

Segundo Machado, Renan pensava em três pontos para conter as investigações. "Primeiro: não permitir a colaboração de quem estava preso". "Segundo ponto seria voltar a interpretação que existia na Constituição que a pessoa só poderia ser julgado, ser preso depois de transitado em julgado", continuou. "E a terceira hipótese de que, na lei de leniência, fazer uma discussão melhor sobre a lei de leniência onde pudesse ficar claro todos os pontos", completou.

Os investigadores questionam sobre detalhes acerca da lei de leniência e Machado respondeu: "a lei de leniência, como foi feita, ficou com algumas questões abertas. Que ficasse claro a questão criminal, a questão das pessoas ficarem fora", afirmou. A lei de leniência é uma espécie de delação premiada para empresas, que colaboram com as investigações em troca de punições mais brandas.

O que dizem as defesas

A defesa da família de Sérgio Machado disse que tudo que ele e os filhos tem para dizer já está nos acordos de colaboração.

A assessoria de Romero Jucá disse que a palavra do delator Sérgio Machado não merece nenhum crédito e que o senador nunca agiu para limitar a operação. Disse ainda que o delator dirigia as conversas que estava gravando procurando enfoques que pudessem comprometer o interlocutor e que mesmo agindo assim não conseguiu que o senador Jucá falasse contra a Lava Jato.

A assessoria de Renan Calheiros afirmou que o presidente do Senado apenas expressou opiniões, o que é direito de qualquer cidadão, mas que nunca agiu para atrapalhar as investigações, como o próprio Supremo Tribunal Federal já manifestou.

O Instituto Lula enviou nota afirmando que o ex-presidente nunca participou ou soube do suposto acordo para barrar a Lava Jato.O instituto diz ainda que é caluniosa e leviana a tentativa de setores da imprensa de envolver o ex-presidente nessa armação e que Lula se defende na Justiça. Afirmou ainda que Lula não tem nada a esconder e não tem nada a temer.

A assessoria do PSDB informou que as declarações de Machado são absurdas, e nenhuma iniciativa nesse sentido contou ou contará com o apoio do partido que, segundo a assessoria sempre apoiou e continuará a apoiar a Operação Lava Jato.

A assessoria do PSB informou que a afirmação do delator não tem fundamento. O partido disse que apoia firmemente a operação Lava Jato e o combate sem tréguas à corrupção.

A assessoria do Democratas informou que sempre defendeu todas as investigações conduzidas pela Operação Lava Jato e que o partido repudia veementemente quaisquer declarações que o relacionem a tentativas de barrar as investigações.

Fonte: globo.com

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