Foto: Noticias ao Minuto/© Reuters
Desabafo do Ex-presidente Lula
Para o antropólogo John Comaroff, professor na Universidade Harvard, a Operação Lava Jato viola a lei para criar "presunção de culpa" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O sul-africano vem sendo consultado pelos advogados de Lula, que adotaram o conceito "lawfare", termo definido pelo uso da lei para fins políticos, informa a Folha de S. Paulo.
Para Comaroff, o juiz Sergio Moro deve ser substituído para anular questionamentos sobre sua isenção nas ações que pesam contra o petista.
Ao vazar conversas privadas, mesmo que envolvam 20 pessoas, se Lula está entre elas, você sabe que é dele que a mídia falará. Isso é 'lawfare'. Você manipula a lei e cria uma presunção de culpa", explicou o especialista.
Em agosto, o Supremo Tribunal Federal (STF) avaliou como ilegal a parte das escutas de telefonemas do ex-presidente que havia sido feita após o período autorizado.
O problema é que Moro já havia tornado pública a íntegra das conversas, que causaram polêmica pelo palavreado de Lula e, especialmente, pelo diálogo em que a então presidente Dilma Rousseff dá a entender que nomearia o antecessor ministro para garantir a ele foro privilegiado.
Comaroff ainda criticou duramente o grampo no escritório dos advogados do petista, o que classificou como "muito ilegal no mundo todo".
Não se pode fingir que não se esperava que essas medidas contra Lula não teriam impacto. Isso demonstra uma ânsia em acusá-lo", disse o professor."Parece que Lula tem recebido um tratamento diferente nos aspectos legais na operação", completou.
O professor da Harvard foi procurado pela defesa do ex-presidente apenas na condição de especialista e disse que não prestará serviços como defensor.
"Eu estou tentando entender o caso. Meus colegas aqui em Harvard não conseguem compreender. Há fatos que perturbam a audiência internacional", afirmou Comaroff. "O país possui um sistema legal robusto. Não há necessidade de se violar a lei."
Frente aos questionamentos formais da defesa à conduta do juiz brasileiro, o antropólogo alegou que a saída de Moro do caso seria demonstração de isenção política da Lava Jato.
"Por que não? Certamente há muitos outros juízes capazes no Brasil. Em princípio, se você quer manter o sistema judicial o mais limpo possível, você não perde a oportunidade de evitar conflito de interesse ou atitudes impróprias", argumentou.
Os advogados de Lula também reclamaram à Justiça contra Sergio Moro e a força-tarefa pelo que consideram ser abusos como, entre outras condutas, impedi-los de acessar a íntegra da investigação contra o petista. O ex-presidente é réu em três ações na Justiça sob suspeita de prática de corrupção e outros crimes.
A Organização das Nações Unidas também foi procurada pela defesa de Lula, que avaliará o caso.
Fonte: Noticias ao minuto
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