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Lendas, paisagens fascinam quem visita zona rural de Castelo do Piauí

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Terça - 13/08/2013 às 17:08



Foto: portalcdp Parte de currais de pedras ainda persiste em Castelo
Parte de currais de pedras ainda persiste em Castelo
 Distante 25 km da sede do município de Castelo do Piauí, a região do povoado Buriti do Sobrado apresenta belezas naturais ainda inexploradas, uma rica vegetação, formações rochosas de variadas formas e tamanhos, cachoeiras, o final do cânion do rio Poti (Pedalta), currais e um sobrado de pedra edificados pelos escravos à época do Brasil colônia, que serviu como núcleo de povoamento na expansão das fazendas de gado da então província do Piauí, além dos muitos mitos, lendas, causos e histórias ainda desconhecidos.

Contam os mais antigos moradores da região do povoado Buriti do Sobrado que o lugar possui esse nome por causa das muitas palmeiras de Buriti (http://pt.wikipedia.org/wiki/Buriti) e de uma edificação antiga construída pelos escravos que remonta à época colonial e servia de sede da fazenda no período de expansão da pecuária extensiva no Nordeste brasileiro. Seria o lugar uma filial da Casa da Torre?

Com uma arquitetura colonial marcante, o Sobrado Velho se destaca imponente em meio a uma vegetação fechada, com arcadas, torres imponentes, salas grandes e muitos quartos, paredes robustas erguidas com enormes blocos de rocha. O piso era em ladrilho com o mesmo estilo das construções portuguesas antigas e o telhado feito com telhas grandes e resistentes. O que se pode perceber é que houve sim trabalho escravo pela estrutura das paredes e o grande trabalho deve ter dado para ser concluído.

Segundo Estevão Alves Mineiro, que é descendente de umas das famílias mais antigas da região, um dos últimos donos do Sobrado Velho foi o coronel Irineu Gomes Côrrea, senhor de posse que tinha muito gado na região circunvizinha, conhecido por coronel Zizuino.

Mas há muitas histórias e lendas que circundam o imaginário popular local, como a de que no sobrado havia rei e muitos súditos, um dos que a história oral não apagou foi o Rei Jhelis. Segundo o historiador Paulo Clímaco, nas tribos africanas era comum os líderes serem chamados de reis, e como o local tinha muitos escravos, possivelmente tinha um rei descendente de sua pátria mãe.

Acrescentou ainda o historiador que pelas características arquitetônicas o sobrado se assemelha muito com a casa da pólvora da então capital da província do Piauí, e que possivelmente Zizuino seria de Oeiras, como apontam os relatos dos moradores mais antigos da região.


Um dia quando estava sozinha em casa arrumando as coisas e sem a presença da sinhá, Virgínia foi surpreendida com uma tentativa do coronel em agarrá-la tentando beijá-la. Astuta a negra conseguiu escapar. Enfurecido Zizuíno correu atrás da mucama indefesa que, não tendo outra opção, se jogou do alto da janela do sobrado, caindo e machucando a coluna sem ter condições de se levantar, ficando paralítica para o resto de sua vida. Mesmo sem ter condições de andar novamente a mucama teve um sentimento de alívio por não ter sido possuída pelo coronel perverso.


Um dia uma escrava que vigiava a criação de bodes para que não fossem atacados por onças, encontrou no meio da vegetação e pedregulhos na região entre o atual Buriti do sobrado e Juazeiro do Piauí, uma imagem de uma santa muito parecida com imagens de santo da época do barroco.

A negra a pegou e a beijou colocando em seguida no mesmo lugar, fazendo orações e pedidos de proteção, sendo atendida. A negra, segundo se ouviu falar, era uma escrava que veio da antiga fazenda Pimenta, hoje Juazeiro do Piauí.

Temendo contar essa história e ser mal interpretada, passando por mentirosa, a jovem decidiu ficar em silêncio. No dia seguinte ela convidou uma amiga para ir até o local e a santa continuava lá. Passados alguns dias a mulher que foi ver a santa com a escrava contou para o rei que morava no Sobrado Velho e juntamente com sua comitiva, o monarca foi averiguar essa informação. Quando todos chegaram ao local, a madona continuava postada lá. Foi aí que então resolveram retirá-la, mas para a surpresa de todos a imagem não saía.

Foram atrás da moça que a viu pela primeira vez e o rei ordenou que ela a pegasse. Obediente, a negra atendeu e pegou a imagem que saiu com estrema facilidade. Trouxeram-na e em seguida ergueram uma pequena capela para a imagem de pedra que passou a ser a santa de devoção da região do Sobrado Velho.

Segundo Raimundo Soares de Sousa, morador da localidade Cachoeirinha, a imagem da santa de pedra permaneceu com a dona Joana, irmã do Gabriel das Lajes. Hoje essa imagem está postada na capela das Lajes e recebe o nome de Nossa Senhora da Piedade.

Currais de Pedras

Encravado próximo a um penhasco e a antigas ruínas que os populares chamam também de sobrado e em meio à mata fechada na localidade Santo Antonio dos Gomes, antigo Santo Antonio Velho, estão os currais de pedra. Fortificações feitas com grandes blocos de rocha, utilizando a mão-de-obra escrava, os coronéis mandavam construir para o alojamento do gado.

Essa prática de currais de pedra era comum nas antigas fazendas de gado do Piauí, iniciadas pelo sertanista Domingos Afonso Mafrense “O Sertão”, sendo o maior fazendeiro da província até então, e pelos Dias D’Ávila, da Casa da Torre da Bahia. A semelhança com esses currais no Santo Antonio dos Gomes é muito grande e ainda hoje vemos paredes em ruínas com mais de um metro de largura dispostas de forma retangular com mais de 20 metros de comprimento com 15 metros de largura. O que chama atenção é que no local tem currais de tamanhos menores ligados ao maior, caracterizando a divisão do rebanho.

Ainda segundo Paulo Clímaco, a distância de uma fazenda para outra seria de uma légua (6km) para que o rebanho tanto de um fazendeiro como do outro circulasse livremente pela área de pasto e era regra comum seguindo as orientações da carta régia da época. Além disso, não era permitido fazer nenhuma edificação próximo desta área, o que podemos perceber ao visitar a região entre as ruínas dos dois sobrados.

Fonte: portalcdp

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