Foto: Divulgação
Denominada “IL CAPO”, a operação tem como objetivo combater crimes praticados pelo ex-procurador-geral
Apenas um dos 12 suspeitos com mandados de prisão preventiva decretados pela Justiça recebeu de “salários” mais de R$ 217 mil do Ministério Público do Piauí, sem dar um dia de expediente e sem sequer fazer parte do quadro funcional da Procuradoria Geral de Justiça do Estado, na gestão do procurador-geral Emir Martins Filho, entre 2004 e 2008.
O “laranja” , que mora em Palmas, no estado do Tocantins,teria recebido valores mensais, que variaram entre R$ 5 mil e 23 mil, durante 20 meses.
O “ex-funcionário” de Emir é um dos 12 envolvidos no esquema de corrupção que desviou R$ 8 milhões dos cofres do Ministério Público do Estado, sete ainda são procurados pelos policiais que atuam desde as primeiras horas de segunda-feira (24) para dar cumprimento a 24 mandados – 12 de prisão e 12 de busca e apreensão - da Operação IL Capo.
Emir Martins Filho e os outros 11 acusados – esse número deve crescer já que podem ser expedidos novos mandados de prisão para mais pessoas envolvidos na fraude - vão responder pelos crimes de lavagem de dinheiro, peculato - desvio de dinheiro público por servidor público -, corrupção ativa, corrupção passiva e formação de quadrilha.
Vazamento
Apenas cinco, dos 12 mandados de prisão, foram cumpridos, o que levantou a suspeita do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de que houve vazamento de informação sobre a operação.
Outro indício de reforça a suspeita de que Emir e os outros envolvidos no esquema foram avisados é a mala, encontrada no carro do ex-procurador, o que mostra que ele se preparava para viajar, mas foi interceptado antes da fuga.
A operação IL Capo ainda está em curso para dar cumprimento aos mandados de prisão em Teresina e Picos, no Piauí, e nos estados do Tocantins e Ceará. Os advogados de defesa Emir Martins e dos outros quatro detidos vão entrar com habeas corpus pedindo a liberdade se seus representados.
O promotor Rômulo Cordão, coordenador do Gaeco, explica que o esquema funcionava da seguinte maneira: duas folhas de pagamento era confeccionadas mensalmente no MPE: a “quente”, que era apresentada ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) e outra a “adulterada”, que era enviada ao banco para os pagamentos.
Emir Martins gerenciava diretamente a folha de pagamento do órgão, nomeando “laranjas” para receber esses pagamentos. A maior parte dos salários dos laranjas voltava para o chefe do esquema, que esquentava o dinheiro ilícito com a compra de imóveis e outros bens. O ex-procurador nomeou familiares e parentes - filho, nora, cunhadas e a esposa (hoje ex) alguns já presos e transferidos para o quartel do Comando Geral da Polícia Militar em Teresina.
“Outra forma de atuação era simplesmente atribuir valores para o pagamento de funcionários 'fantasmas', utilizando-se para tanto de matrículas de pessoas que não mais trabalhavam no Ministério Público, ou que jamais trabalharam no Ministério Público”, relata o documento do MP encaminhado à Justiça.
Emir Martins Filho vinha sendo investigado há seis anos pelo próprio Ministério Público Estadual, após relatório de processo de controle administrativo lavrado pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) ainda em 2010.
Foi pedido o bloqueio das contas bancárias, veículos e de bens (com indisponibilidade) de todos os envolvidos até a quantia supostamente recebida ilicitamente:
Emir Martins Filho – R$ 378.542,40
Maria da Glória Saunders Martins – R$ 17.576,69
Arminda Hagi Sauders Gadelha – R$ 487.087,13
Maria Liduina Uchoa Sauders – R$ 68.878,16
Maria Rachel Sauders Pacheco – R$ 323.264,99
Tiago Sauders Martins – R$ 192.115,34
Andrea Sauders Martins – R$ 16.741,22
Agamenon Rego Martins de Deus – R$ 227.335,12
Susyane Araújo Lima Sauders Martins – R$ 109.705,31
Mariana Sauders Uchoa de Moura Santos – R$ 34.013,46
Samuel Pacheco Morais – R$ 346.516,67
Fonte: Paulo Pincel
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