Tudo parece estar acabado. Finda a invasão, a tristeza toma conta dos moradores. Parte da favela destruída, algumas pessoas feridas, a filha do pastor morta. Imbatível como um leão, Juvenal olha em volta para ver o estrago. Até que fica tonto, sente uma forte dor no peito e baqueia."Tá tudo bem, Juvenal?", pergunta Guigui. Ele responde que sim, mas imediatamente cai no chão, desacordado. Quando ela abre o casaco do líder, entende o motivo: durante o conflito, um disparo de Lobato o atingiu.Comoção na PortelinhaUma ambulância chega e dá os primeiros socorros a Juvenal. Mas ele continua inerte. Logo a notícia da morte do líder se espalha pela comunidade. Todos choram, desolados. Como vão viver sem seu rei? Solange chama por seu paizinho, pela primeira vez ela demonstra um afeto sincero.Na rua, o povo faz vigília. Acende velas, entoa hinos, numa histeria coletiva comovente. Os anões, os mecânicos de Antônio, Lucimar, Bernardo, Amara, Bernardinho e muitos outros mais. Todos que um dia foram ajudados pela mão do pai da Portelinha. Desolados.Alzira e Guigui choramDe repente, Alzira entra como louca na casa de Juvenal. "Não morre, meu amor! Fica comigo, Juvenal!", grita ela, pela primeira vez assumindo seus sentimentos em público. Irritada e com ciúmes, Guigui tenta tirá-la dali, mas não consegue. Então também cai num choro desesperado: há muito tempo ela ama este homem em segredo.Lembranças do líder "O líder da Portelinha está morto", diz Macieira aos moradores, e faz um lindo discurso. Tristes, cada um começa a se lembrar dos momentos importantes que viveram ao lado de Juvenal. Misael lembra de quando o aconselhou a não ser mais um pau-mandado. Evilásio se recorda do dia da invasão que fez nascer a comunidade. Morena guarda na memória seus namoros com o líder anos atrás. Ninguém se conforma."Eu não morri!"Deitado sobre a cama, a mão de Juvenal treme, levemente. Em sua mente, ou no além, ou seja lá onde ele está, o líder vê Alzira se aproximando. Ela o chama, como se ele não estivesse lá. Intrigado, Juvenal tenta falar com ela e não consegue. Aos poucos, começa a se dar conta do que aconteceu. Vai saindo de seu transe, abre os olhos e grita, como se nascesse de novo: "Eu não morri!". Aos pulos, corre em direção ao seu povo, assustando e alegrando a todos. Nunca houve um dia tão feliz na Portelinha.
Fonte: Globo
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