Política Nacional

Joesley Batista rompe o silêncio sobre delação

Domingo - 23/07/2017 às 16:07



Foto: Reprodução Empresário Joesley Batista, dono do Gripo JBS
Empresário Joesley Batista, dono do Gripo JBS

O empresário Joesley Batista quebrou o silêncio 67 dias depois que o conteúdo de sua delação premiada veio a público e balançou o governo do presidente Michel Temer. Em artigo publicado na “Folha de S. Paulo” neste domingo, o delator destacou que não esperava o “súbito vazamento” e explicou que decidiu se manifestar “para acabar com mentiras e folclores e dizer que é de carne e osso”.

No artigo, Joesley revelou que reagiu com “medo, preocupação e angústia” ao ver a divulgação do conteúdo de seu acordo com a Procuradoria-Geral da República. Passados dois meses de abalo nas estruturas do Palácio do Planalto, ele alega que decidiu “entregar ao tempo a missão de revelar a razão”.

“De uma hora para outra, passei de maior produtor de proteína animal do mundo, de presidente do maior grupo empresarial privado brasileiro, a ‘notório falastrão’, ‘bandido confesso’, ‘sujeito bisonho’ e tantas outras expressões desrespeitosas”, escreveu o empresário.

Na visão dele, construiu-se a “imagem perfeita” de um empresário “irresponsável e aproveitador que tocou fogo no país, roubou milhões e foi curtir a vida no exterior”. Com a repercussão, segundo Joesley, políticos que se beneficiavam dos recursos da J&F passaram a criticá-lo e a mentir.

A data em que a colaboração vazou — aniversário de um de seus filhos — foi também, segundo o empresário, “o dia de seu renascimento”. Joesley explicou que se sentiu “um novo ser humano com coragem para romper elos inimagináveis da corrupção praticada pelas maiores autoridades” do Brasil.

“Eles (os políticos) estão em modo de negação. Não os julgo. Sei o que é isso. Antes de me decidir pela colaboração premiada, eu também fazia o mesmo. Achava que estava convencendo os outros, mas na realidade enganava a mim mesmo, traía a minha história, não honrava o passado de trabalho da minha família”, destacou o delator.

Inimígo público número um

Joesley ainda ressaltou no artigo o quanto considerou “absurda” a veiculação de imagens suas e de sua família no aeroporto, “como se estivessem fugindo” para o exterior. Desde então, ele disse que foca na segurança de seus parentes e na saúda financeira das empresas. Mas alega que jamais usou a delação para obter lucro.

“Nessa altura, porém, eu já havia sido transformado no inimigo público número um, e nada do que eu falasse mereceria crédito (…) Mentiram que eu estaria protegendo o ex-presidente Lula; mentiram que eu seria o responsável pelo vazamento do áudio para imprensa para ganhar milhões com especulações financeiras; mentiram que eu teria editado as gravações”, elencou.

A maior das mistificações, na avaliação de Joesley, foi atribuir a ele o papel de estragar a recuperação da economia brasileira, “como se ela fosse frágil a ponto de ter que baixar a cabeça para políticos corruptos”, alegou.

De volta a São Paulo, Joesley lembrou ainda a multa de R$ 10,3 bilhões que a J%F deverá pagar como resultado do acordo de leniência.

“Essa obrigação servirá para que nossas próximas gerações jamais se esqueçam dessa lição do que não fazer”, frisou.

O dono da JBS afirma que 17 de maio de 2017, quando a gravação com Temer se tornou pública, foi o dia de seu “renascimento”. “Senti-me um novo ser humano, com valores, entendimento e coragem para romper com elos inimagináveis de corrupção praticada pelas maiores autoridades do nosso país.”

Joesley diz também que, desde então, “vive num turbilhão para o qual são arrastados minha família, meus amigos e funcionários”. Segundo ele, políticos, que até então se beneficiavam dos recursos da J&F para suas campanhas eleitorais, passaram a criticá-lo, “lançando mão de mentiras”. “Disseram, por exemplo, que, depois da delação, eu estaria flanando livre e solto pela Quinta Avenida, quando, na verdade, nem em Nova York eu estava.”

“A lista de inverdades não parou por aí. Mentiram que eu estaria protegendo o ex-presidente Lula; mentiram que eu seria o responsável pelo vazamento do áudio para a imprensa para ganhar milhões com especulações financeiras, que eu teria editado as gravações”, escreve. Ele afirma que “a única verdade que sei é que, desde aquele 17 de maio, estou focado na segurança de minha família e na saúde financeira das empresas, para continuar garantindo os 270 mil empregos que elas geram”.

“Por isso, demos início a um agressivo plano de desinvestimento que tem tido considerável êxito, o que demonstra a qualidade da equipe e das empresas que administramos.” O empresário acrescenta que, de volta a São Paulo, vê na imprensa “políticos me achincalhando no mesmo discurso em que tentam barrar o que chamam de ‘abuso de autoridade’”. “Eles estão em modo de negação. Não os julgo. Sei o que é isso. Antes de me decidir pela colaboração premiada, eu também fazia o mesmo. Achava que estava convencendo os outros, mas na realidade enganava a mim mesmo, traía a minha história, não honrava o passado de trabalho da minha família.”

Joesley reclama que “poucos mencionam a multa de R$ 10,3 bilhões que pagaremos, como resultante do nosso acordo de leniência”. “Não tenho dúvida de que esse acordo pagará com sobra possíveis danos à sociedade brasileira. Hoje, depois de 67 dias e 67 noites da divulgação da delação, resolvi escrever este artigo, não para me vitimar – o que jamais fiz –, mas para acabar com mentiras e folclores e dizer que sou feito de carne e osso. E entregar ao tempo a missão de revelar a razão”, conclui.

Fonte: O Globo/Gazeta do Povo

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