Economia

Infraero acelera plano de reestruturação que prevê a demissão de 5 mil empregados

Plano de Demissão Voluntária pretende diminuir rombo, que somou R$ 3 bilhões em 2015

Terça - 28/03/2017 às 19:03



Foto: Paulo Pincel Aeroporto Petrônio Portela, em Teresina
Aeroporto Petrônio Portela, em Teresina

A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) pretende acelerar as medidas anunciadas no ano passado para diminuir o rombo no caixa da estatal. Em 2015, o prejuízo foi de R$ 3 bilhões e mais uma vez quem vai pagar a conta serão os servidores da estatal.

Um conjunto de medidas, chamado de “projeto de reestruturação”, inclui a demissão, a princípio voluntária, de mais de 5 mil empregados. O Programa de Demissão Voluntária tem como meta inicial demitir 4,9 mil funcionários dos atuais 10,9 mil empregados. Mas o corte de postos de trabalho deve ser bem maior.

O portal piauihoje.com recebeu a denúncia de que funcionários da Infraero estariam sendo orientados a buscar outros órgãos federais para relotação. A reportagem esteve no Aeroporto Petrônio Portela na tarde desta terça-feira (28), onde conversou com alguns funcionários da estatal. A maioria não quis adiantar muita coisa, apenas que o aeroporto do Piauí não foi incluído nos leilões para concessão à iniciativa privada, mas que há, sim, um programa de demissão em curso.

A gerente de Operações e Segurança da Infraero no Piauí - no crachá identificada apenas como "Isabel" – recusou-se a dar qualquer informação à reportagem, argumentando ser norma da empresa. A gerente forneceu quatro números de telefones - (61) 3312-3924, 3312-3926, 3312-3917 e 3312-3813 -  e um de celular - (61) 99981-8411 - além do email - imprensa@infraero.gov.br - para que o portal buscasse as informações junto à Assessoria de Imprensa da estatal em Brasília.

A Gerência da Infraero no Aeroporto de Teresina
A Infraero no Piauí não forneceu qualquer informação sobre o Plano de Reetruturação da estatal

O plano

Além da demissão de 5 mil empregados, a reestruturação da Infraero prevê outras mudanças. A empresa vai deixar de atuar em navegação aérea, que passa a ser responsabilidade exclusiva da Aeronáutica. Só essa medida vai permitir o desligamento de dois mil funcionários e reduzir o prejuízo da estatal em R$ 180 milhões por ano.

O plano de restruturação também prevê a criação de quatro subsidiárias: a que vai concentrar todas as operações de navegação aérea, a ser transferida para a Aeronáutica; a prestadora de serviços aeroportuários; a que vai cuidar da participação da Infraero nas concessões dos aeroportos de Guarulhos, Campinas, Brasília, Galeão e Confins; e, por último, a Infraero Aeroportos, que concentrar os 20 maiores terminais, entre eles, Pernambuco, Manaus, Goiânia, Congonhas, Santos Dumont, Curitiba e Vitória.

O presidente da Infraero, Antônio ClaretO presidente da Infraero, Antônio Claret

Privatização maquiada

O Governo Federal realizou no dia 16 de março passado o leilão de quatro concessões aeroportuárias - Fortaleza, Salvador, Florianópolis e Porto Alegre - nesta que foi a primeira leva de aeroportos concedidos à iniciativa privada pelo governo de Michel Temer.

Com o leilão, subiu para nove os aeroportos públicos antes operados pela Infraero e que passam a ser explorados pela iniciativa privada, desde o início das concessões, em 2012.  Assim, caiu de 22 para 18 os aeroportosgeridos pela Infraero com superávit.  Os aeroportos deficitários, isto é, os que dão prejuízos, somam 37 e passam a representar 67,3% do total, segundo dados de 2015, já que o balanço de 2016 ainda não foi fechado.

Em 2015, a Infraero acumulou um prejuízo de R$ 3 bilhões. Em 2016, o rombo foi menor, de R$ 767 milhões.

O leilão

Os aeroportos de Fortaleza, Salvador, Florianópolis e Porto Alegre, todos superavitários, foram arrematados com um ágio de R$ 700 milhões, prova de que havia grande interesse na compra dos direitos de exploração desses terminais.

A alemã Fraport ficou com as concessões de Fortaleza (R$ 425 milhões, quando o mínimo era de R$ 360 milhões), e Porto Alegre (R$ 290,5 milhões, quando o lance mínimo era de R$ 31 milhões).

A francesa Vinci Airports foi a única interessada no aeroporto de Salvador. Ainda assim pagou um ágio de 113%, oferetando  R$ 660,9 milhões (o lance mínimo era de R$ 310 milhões).

Por fim, a Zurich arrematou Florianópolis (R$ 88,3 milhões, 57% acima do mínimo, fixado em R$ 53 milhões).

Investimentos

O valor da outorga a ser pago pelos concessionários nos próximos 30 anos de contrato é de R$ 3,7 bilhões - ágio de 23% sobre os R$ 3,014 bilhões previstos pelo governo de Michel Temer

Na assinatura dos contratos, as concessionárias terão que desembolsar R$ 1,459 bilhão. (ágio é de 93,7%, já que o mínimo inicial era R$ 753,5 milhões).

Fonte: Redação

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