Política Nacional

Indicação de Avelino Neiva para a Codevasf racha a base de Temer

Terça - 15/08/2017 às 11:08



Foto: Montagem/Paulo Pincel Deputado federal Heráclito Fortes e o senador Ciro Nogueira
Deputado federal Heráclito Fortes e o senador Ciro Nogueira

Partidos da base aliada que têm sido preteridos na distribuição de cargos do segundo ou terceiro escalão do governo federal não devem fechar questão na votação de uma provável segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB), disseram à Reuters duas fontes.

O nível de insatisfação dos governistas subiu na segunda-feira, segundo essas fontes, após Temer ter nomeado um indicado de parte do PSB, Antônio Avelino Rocha de Neiva, para presidir a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

O cargo, um dos principais do segundo escalão e com orçamento milionário, era assediado por parlamentares de partidos, inclusive o PP do senador Ciro Nogueira, um dos mais irritados com a nomeação, que, na primeira denúncia, votaram em peso para barrar o avanço da acusação contra Temer.

Entretanto, o PSB emplacou a indicação, mesmo só tendo dado 11 votos favoráveis ao presidente, além de duas ausências que também favoreciam o peemedebista, de um total possível de 35.

O deputado federal Heráclito Fortes (PSB-PI) emplacou um aliado no comando da Codevasf. Fortes faz parte do grupo de parlamentares do PSB afinado com o presidente Michel Temer e que negocia uma migração para o DEM com o aval do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Assume a presidência da Codevasf Antônio Neiva, ex-secretário estadual de Infraestrutura no Piauí no governo Wilson Martins (2011-2014). A nomeação foi publicada na segunda-feira (14), no “Diário Oficial da União (DOU)”.

Desde a votação da denúncia contra o Temer no Congresso no início do mês, a Codevasf vinha sendo cobiçada por aliados do presidente no Nordeste. Disputavam o posto o grupo de dissidentes do PSB no Nordeste e o PP do senador Ciro Nogueira (PI). Heráclito e Nogueira são adversários no Piauí.

Deixa o comando da Codevasf a servidora federal Kênia Marcelino, indicada para o cargo há pouco mais de um ano pelo senador Antônio Carlos Valadares (PSB).

A perda do posto é mais uma retaliação do governo Temer a aliados que votaram pelo prosseguimento da denúncia do procurador-geral, Rodrigo Janot, que resultaria no afastamento do presidente. O filho do senador, deputado federal Valadares Filho (PSB), seguiu a maioria da bancada do partido e votou pelo avanço da investigação.

Dinheirama

Com um orçamento de R$ 690 milhões em 2017, a Codevasf é responsável por executar as obras de revitalização do rio São Francisco, além da implantação de perímetros irrigados. A estatal é cobiçada por sua capilaridade no Nordeste e em Minas Gerais, onde tem três escritórios de representação e oito superintendências regionais. Avelino Neiva será o quinto presidente da Codevasf em pouco mais de dois anos, período em que o órgão passou pelas mãos de aliados do PT, PP e PSB. Na primeira votação, partidos do chamado centrão - como PR, PP, PSD, PTB e PRB - decidiram fechar questão a favor de Temer, medida que abriria espaço para punir infiéis que não seguissem a orientação partidária.

Na segunda denúncia, entretanto, não há certeza se esse comportamento será repetido. “Com certeza se isso continuar, não vai haver fechamento de questão”, avisou um líder de um partido da base à Reuters, sob a condição do anonimato. “Não dá para entender muito, o presidente deve ter uma conta aí que a gente não sabe qual é”, ironizou outro dirigente partidário.

Inicialmente, logo após a votação da primeira denúncia na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, os partidos da base mais fiéis receberam sinais do governo de que iria ocorrer uma reforma ministerial para punir partidos que não apoiavam maciçamente Temer, como o PSDB e o PSB. Depois, contudo, o presidente garantiu a posição dessas duas legendas na Esplanada dos Ministérios e os partidos do centrão passaram a apostar em trocas no segundo e terceiro escalões do governo.

A nomeação de um nome para o comando da Codevasf do PSB, bancada que nem sequer a metade apoiou Temer na primeira votação, acendeu o sinal de alerta no centrão

Previdência

Um importante dirigente partidário afirmou à Reuters que, sem a mexida no governo, a votação da reforma da Previdência não vai avançar, seja o texto que está parado no plenário da Câmara desde maio, pouco antes de vir à tona a delação da JBS, ou uma versão mais enxuta, que contemplaria apenas a adoção da idade mínima para a aposentadoria.

“Se falar em reforma da Previdência agora é uma piada, a gente nem discute”, afirmou esse dirigente, para quem o governo não

Fonte: Reprodução

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