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Igreja secular de Ponta da Serra resiste ao tempo no semiárido do Piau

Piauí tempo resiste antiga igreja

Quarta - 04/09/2013 às 17:09



Foto: lagoadobarro Igreja em Dom Inocêncio é uma das mais antigas do Estado
Igreja em Dom Inocêncio é uma das mais antigas do Estado
 A Data de fundação remonta ao ano de 1870. Monumento precisa ser preservado para não perder característica original do projeto. Veja a história da Igreja da Ponta da Serra contada pelo escritor de Dom Inocêncio Marcos Damasceno:

- O frei Henrique José Cavalcante construiu, com a participação de todo o povo da região, em 1870. Já existia a capela feita de pedra; construída em 1685 por outro Frei Henrique, de uma Ordem de Jesuítas, de origem até então desconhecida. Provavelmente, veio de Portugal para a Bahia.

- Depois do confisco por parte do governador piauiense, João Pereira Caldas, Ponta da Serra e região passam a ser propriedade do fazendeiro Valério Coelho Rodrigues. Ele comprou as posses. Seu filho Estevam Rodrigues herdou as terras.

Passaram, portanto, a pertencer ao seu filho Felipe Coelho Rodrigues (Felipe do Peixe). A sede de sua fazenda situava-se no hoje município de Queimada Nova-PI. Por volta de 1880, a localidade tornou-se um grande centro religioso e social.

Por volta de 1922, João Rodrigues Damasceno, bisneto de Felipe Rodrigues, herdou as terras em que localiza a capela. Nos anos 30, do século XX, as doou para a Igreja Católica. Na época, representada pela Prelazia de Bom Jesus do Gurgueia-PI, tendo Dom Inocêncio López Santamaría como Bispo Prelado.

A igreja fica no povoado de Ponta da Serra, a 84 km da sede do município de Dom Inocêncio. Frei Henrique Cavalcante, além desta capela, construiu a igreja de Remanso, no atual estado da Bahia, de São João, de São Raimundo Nonato e de Caracol. Segundo a tradição oral, a Capela de Ponta da Serra teria sido construída com mão de obra escrava e apoio financeiro de Carlão do Outeiro.

A tradição local retrata Carlão do Outeiro como um grande proprietário de terras, conhecido por sua brutalidade e rigidez no trato com os escravos. Conta-se que os acusava, injustamente, de roubo, quando sumia alguma de suas reses. Outros relatos dão conta de que, ao realizar negócios com boiadeiros de lugares distantes, acabava por enviar jagunços para assassinarem os compradores, ficando com o dinheiro e o gado. Vendo-se perto da morte, teria financiado a construção da capela para indulgência de seus pecados. Segundo a tradição oral, ele e sua esposa teriam sido sepultados ao lado da capela que ele ajudou a edificar.

Há informações de que, existem pessoas sepultadas dentro da capela. Uma gordura que se verifica no piso da capela poderia ser a comprovação desses sepultamentos. Ela poderia ser derivada da decomposição dos corpos que ali foram sepultados. Ao longo do tempo, a capela sofreu muitas reformas, o que contribuiu para a descaracterização da sua arquitetura. Uma delas foi feita em 1984. A reforma teria chamado a atenção da comunidade porque, com ela, foram implantados elementos completamente inapropriados ao estilo da construção.

O teto e a parte externa da capela foram os que mais sofreram com a reforma. O alicerce, feito com grandes pedras, ainda é o original. As paredes são, ainda, as mesmas. A torre também conserva a arquitetura original. Os comentários da população local a respeito da reforma da capela fizeram com que se buscasse conhecer a sua história e se preservasse algumas de suas partes originais.

O povoado de Ponta da Serra oferece um inquietante potencial arqueológico e patrimonial. Há histórias, conservadas pela tradição oral, de que o local, em outra época, teria uma população bem maior que a atual. Diz-se que era um lugar de encontros comerciais e religiosos. Nele havia, até mesmo, um posto fiscal. Nele, há também muitos tanques e currais de pedra. Não se sabe por quem e em que época essa estruturas foram construídas. Sua arquitetura remete a técnicas jesuíticas de construção.

Fonte: Lagoa do Barro

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