Governo terá dificuldade para aprovar a CSS

Piauí Hoje


O governo terá uma dificuldade adicional para aprovar no Senado a CSS, novo apelido da velha CPMF. O relator da proposta será escolhido pela oposição.Caberá ao presidente da Comissão de Constituição e Justiça a escolha do senador a quem será confiada a relatoria.Para desassossego do governo, quem preside a comissão é Marco Maciel (DEM-PE), na foto. Era visceralmente contrário à CPMF. Agora, pragueja a CSS entre quatro paredes.Em privado, Maciel revela simpatia pelo nome da colega de legenda Kátia Abreu (DEM-TO). Uma senadora que ganhou notoriedade como relatora da CPMF.A primazia na escolha do relator converte a oposição em ditadora do calendário. Pode apressar ou retardar a votação do projeto, conforme a sua conveniência.A dúvida do momento é a seguinte: o melhor é votar a proposta da CSS logo ou convém adiar o embate para depois das eleições municipais de outubro?Se achar que tem votos para enterrar o novo tributo, como fez com a CPMF, a oposição vai apressar. Se julgar avaliar que o governo pode prevalecer, vai adiar.Antes de chegar à comissão de Justiça, a proposta terá de passar por duas instâncias: a CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) e a CAS (Comissão de Assuntos Sociais).A primeira é presidida por Aloizio Mercadante (PT-SP), favorável à CSS. A segunda e comandada por Patrícia Sabóia (PDT-CE), que torce o nariz para o tributo.Nessas duas comissões, ainda que a análise seja feita a toque de caixa, serão consumidos pelo menos 15 dias.Na comissão de Justiça, se quiser, a oposição pode ganhar até 30 dias. Daí a importância da indicação do relator.Na Câmara, onde a supremacia do governo é absoluta, a CSS passou com margem de escassos dois votos. No Senado, a maioria de Lula é bem mais fluida. É por isso que governistas como o líder do PSB, senador Reanto Casagrande (ES) condicionam a ressurreição da CPMF a um empenho inaudito do governo.Nos subterrâneos, o governo trama a favor da CSS. Na superfície, porém, Lula soa como se remasse contra a maré.O presidente esforça-se para dissociar sua imagem da recriação do imposto do cheque. Nesta quinta-feira (12), Lula disse que o tributo é um "grande problema da bancada da Saúde" do Congresso.Disse mais: "A CSS é uma criação do Congresso, o governo não participa de articulação." Foi explícito: "O governo não vai articular, é um problema do Congresso."As declarações foram vistas pelos operadores governistas no Congresso como "desastrosas". Eis o que declarou ao blog um líder de partido governista:"Se o presidente lava as mãos, como vou convencer os meus liderados a votarem a favor de um projeto que aumenta a carga tributária da classe média"?Nos próximos dias, a oposição definirá o nome do relator da encrenca. Kátia Abreu tem a seu favor, além da preferência de Maciel, a simpatia da cúpula do PSDB.Há, porém, dois entraves à indicação da senadora que ajudou a enterrar a CPMF em dezembro do ano passado.Kátia flerta com a idéia de tirar uma licença do mandato de senadora. Deseja livrar-se da azáfama do Senado até outubro.Candidata à presidência da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), a senadora quer ter tempo livre. Um tempo que usaria também para dedicar-se às campanhas de postulantes a prefeituras de Tocantins, seu Estado.De resto, há outros senadores "demos" candidatos à vaga de relator da CSS. Entre eles Demóstenes Torres (DEM-GO).De concreto, tem-se, por ora, o seguinte: seja qual for o relator escolhido, a preferência do bloco oposicionista na designação do nome vai à crônica da CSS no Senado como um problema adiconal para o governo.

Fonte: Blog do Josias

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