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Governo lança Rio-2016 mas não sabe preço de metade das obras

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Terça - 28/01/2014 às 15:01



Foto: Reprodução Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
A APO (Autoridade Pública Olímpica) divulgou nesta terça-feira (28), no Rio de Janeiro, a Matriz de Responsabilidades Olímpicas documento que reúne a lista de todas obras, assim como seus custos e quem paga a conta, necessárias para os Jogos Olímpicos de 2016 com 52 projetos. Menos da metade deles, 24 iniciativas, já possuem orçamento definido. Juntos, eles custarão R$ 5,6 bilhões. De acordo com o governo, o custo do restante dos projetos será acrescentado à matriz conforme tiverem seus editais de licitações prontos e divulgados.

Os projetos incluídos na matriz são apenas as obras essenciais para a realização da Olimpíada, que não seriam feitas caso a cidade não fosse receber os Jogos: parque aquático, estádio e vila olímpica e o Complexo Deodoro (onde serão disputadas 11 modalidades olímpicas), dentre outras. O novo velódromo (o antigo, construído para o Pan-2007, não possui padrões olímpicos e será demolido) também está na relação.

Na matriz apresentada nesta terça, não há nenhuma obra de infraestrutura que ficará de legado concreto para o Rio de Janeiro, como obras de mobilidade urbana. De acordo com a APO (Autoridade Pública Olímpica), na segunda quinzena de março, será divulgado um "plano de aceleração de investimentos públicos". Aí sim com a relação das obras de melhoria urbana na capital fluminense. Como não integrarão a Matriz de Responsabilidades Olímpicas, não há compromisso claro de que esses outros projetos fiquem prontos até 2016. "A intenção é essa", disse o presidente da APO, general Fernando Azevedo e Silva, quando perguntado as outras de legado estarão concluídas até a Olimpíada.

Na semana passada, Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio-2016 apresentou o orçamento privado da Olimpíada do Rio. O órgão, que será o responsável pela operação dos Jogos (alimentação de atletas, equipamentos esportivos, etc), vai gastar R$ 7 bilhões com o evento (em valores atuais) do próprio bolso, sem recursos públicos. Isso é 25% a mais do que o informado no dossiê de candidatura do Rio a sede dos Jogos Olímpicos.

O fato de o Comitê dispensar a ajuda governamental, porém, não significa que a Olimpíada de 2016 sairá mais barata aos cofres públicos. Na verdade, o comitê transferiu parte de suas responsabilidades a Prefeitura do Rio, governo do Estado e governo federal. Agora, serão eles quem vão providenciar parte do que, inicialmente, seria providenciado pelo comitê.

Segundo o secretário executivo do Ministério do Esporte, Luis Fernandes, ainda não está definido qual parte das responsabilidades do Comitê Rio-2016 será custeada com recursos públicos. Fernandes ressaltou que governo federal, do Estado e Prefeitura do Rio gastarão, no máximo, R$ 1,8 bilhão com os itens que não serão pagos pelo comitê. Na candidatura do Rio a sede dos Jogos, foi informado que governos repassariam até R$ 1,4 bilhão para o órgão.

No mesmo dossiê, também foi informado que o evento custaria cerca de R$ 28 bilhões. Disso, aproximadamente R$ 24 bilhões seriam custeados com recursos públicos. Fernandes, do Ministério do Esporte, afirmou que a intenção é gastar menos que isso na prática. "O aporte de recursos públicos nos Jogos tende a ser menor do que o previsto na candidatura", afirmou ele.

Matriz atrasada

Desde pelo menos o começo de 2013 que o governo federal promete a divulgação da Matriz Olímpica. No segundo semestre, o TCU (Tribunal de Contas da União) começou a emitir pareceres e decisões recomendando a formulação do documento o quanto antes, até que no fim do ano deu um ultimato para que o documento fosse apresentado até o final de janeiro.

Em outubro, o general paraquedista Fernando Azevedo e Silva assumiu a APO (Autoridade Pública Olímpica) com a missão de preparar a Matriz e impor ritmo e organização na preparação as as olimpíadas.

O cargo estava vago havia cerca de dois meses, quando então presidente, Márcio Fortes, se demitiu. Apesar de não dar declarações públicas sobre o assunto, Fortes estava insatisfeito com o esvaziamento da APO e a resistência encontrada no cumprimento dos prazos. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, chegou a declarar que a APO não servia para nada no início deste ano.

Antes de apresentar a Matriz de Responsabilidades, o general Azevedo e Silva destacou que cumpriu sua primeira missão à frente da APO. Também prometeu transparência com os dados que compõem documento. Segundo ele, de seis em seis meses ou quando for necessário , a matriz será atualizado. O general só não respondeu quando os 52 projetos listados na matriz terão seu custo divulgado. "Isso depende do andamento das licitações. Só vamos incluir o valor quando houver maturidade necessária para isso, quando for divulgado o edital de licitação."

Complexo de Deodoro

A presidente da EOM (Empresa Olímpica Municipal), Maria Silvia Bastos, disse que, em abril, a matriz já deve conter valores referentes a obras do Complexo de Deodoro, um das estruturas que mais têm preocupado o COI (Comitê Olímpico Internacional). Bastos disse que as licitações para as obras no complexo ainda estão sendo elaboradas. Reconheceu certo atraso, mas garantiu a entrega de Deodoro no prazo.

"Deodoro é missão difícil, mas não é impossível", afirmou ela. "Tudo indica que estamos com um cronograma viável. Atraso existe com relação ao cronograma original, mas vamos entregar no prazo."

Sobre o andamento geral dos projetos olímpicos, o general Azevedo e Silva afirmou que já não tempo a perder. "Se perdeu a flexibilidade nos cronogramas", disse ele. "Deodoro é um exemplo disso."

Fonte: UOL

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