Foto: Meio Norte

A Polícia Militar acompanhada do Corpo de Bombeiros e técnicos da Eletrobras, iniciaram na manhã desta quarta-feira (20), o despejo dos invasores dos apartamentos do Conjunto Torquato Neto, no bairro Portal da Alegria, na zona Sul de Teresina.

O despejo foi feito no Residencial Caneleiro, nas quadra AK, AE, AJ e AS e foi determinado pela juíza Marina Rocha Cavalcanti Barros Pinto, da 5º Vara Criminal. O prazo dado para a desapropriação voluntária de 10 dias e deu determinação para Caixa Econômica Federal emitir um mandato de despejo.

O cabeleireiro Eduardo Morais, afirmou que todos os moradores merecem permanecer no local e exigem respeito. “Esse despejo é desnecessário, pois as pessoas que estão é por que precisam de moradia digna, somos todos trabalhadores e de forma alguma sairemos daqui. Nós exigimos respeito”, declarou.

O marceneiro João Francisco, disse que os técnicos da Eletrobras, estão desligando o abastecimento de energia para forçar os moradores sairem dos apartamentos.

“Nós estamos aqui há mais de dois meses, antes eu pagava R$ 300 de aluguel e não tenho como sair. Aqui já são mais de 3 mil pessoas morando e não vamos sair. Eles querem primeiro cortar a energia para que a gente possa ir embora", disse.

O autônomo Willy Dantas, que antes morava na Vila Irmã Dulce e pagava R$ 300 reais de aluguel afirma que tem uma filha de 1 ano e 5 meses não concorda com o despejo feito pela PM. “Esse despejo é inconstitucional essas casas são do minha Casa Minha Vida, são destinadas as pessoas, no local tem mulheres grávidas, pessoas de bem, não tem marginal, os que aparecem aqui fazendo vandalismo são os mesmo que atormentam todos nós, a gente não tem culpa desse pessoal querer atrapalhar o movimento. A gente quer que aconteça políticas públicas eficientes para que a gente possa ganhar, a Caixa constroi com imposto pago pela gente, se eles resolverem fazer o financiamento nós vamos pagar, ninguém quer morar aqui de graça, a gente quer pagar pela casa, nos não estamos roubando aqui tem mais de 5 mil famílias de Teresina e do interior, muita gente passando fome vem para cá com uma oportunidade”, declarou.

A coronel Julia Beatriz, coordenadora de gerenciamento de crises da Polícia Militar do Piauí, afirmou que o trabalho da Polícia Militar foi de notificar os moradores do residencial que eles tem até 10 dias para desocupar o local e a Eletrobras está fazendo o desligamento da energia elétrica. “Nós recebemos a informação que existem 1.000 imóveis ocupados irregularmente”, pontuou.

Carlos Petrônio, diretor do setor de segurança patrimonial da Eletrobras, explica que o serviço foi uma determinação da Polícia Federal. “Nós recebemos um oficio da Polícia Militar, Polícia Federal e CEF informando que nesse local havia vários fios com ligações clandestinas e viemos realizar o desligamento dessas ligações clandestinas. Nós contamos com apoio da PM realizar esse serviço. Estamos com 30 homens trabalhando”, esclareceu.
Um dos moradores denunciou que uma mulher estava cobrando um valor de R$ 60 reais de cada morador alegando que eles ficariam no local. Segundo Júnior, a mulher teria recolhido o dinheiro de cerca de 5 mil pessoas. “Ela garantiu que nós ficaríamos aqui e agora quem chegou foi a polícia para tirar a gente das nossas casas”, disse.

O delegado Alex Raniere, da Polícia Federal, afirmou que está acompanhando o serviço realizado pela Polícia Militar e Eletrobras. “O despejo tem caráter de urgência, mas estamos dando um prazo de 10 dias para que as pessoas possam se organizar e sair do local voluntariamente”, explicou.

Os moradores bloquearam a avenida principal com fogo para impedir a passagem de veículos em protesto contra os despejo dos apartamentos invadidos e ameaçam ir para BR-316, que liga Teresina para Demerval Lobão, para bloquear a rodovia. Eles atearam fogo em pneus, pedaços de madeira, e outros materiais.

Os invasores ocuparam os apartamentos construídos pelo Governo Federal e Prefeitura Municipal de Teresina.