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MISSÃO CUMPRIDA

Pioneira, Eulália Pinheiro preside sua última sessão no TJ/PI antes de aposentar

Atualmente, Eulália é a única mulher a fazer parte do TJ/PI

Cintia Lucas

Segunda - 07/08/2023 às 17:15



Foto: Divulgação TJ/PI Eulália Maria Ribeiro Gonçalves Nascimento Pinheiro
Eulália Maria Ribeiro Gonçalves Nascimento Pinheiro

Primeira mulher a ingressar na magistratura estadual piauiense, a desembargadora Eulalia Pinheiro presidiu, hoje (7), pela última vez, uma sessão plenária do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI). A presidência da sessão foi repassada pelo desembargador Hilo de Almeida, presidente do TJ-PI, como parte das homenagens à magistrada, que se aposenta nesta terça-feira (8). Atualmente, Eulália é a única mulher a fazer parte do TJ/PI.

Eulália Maria Ribeiro Gonçalves Nascimento Pinheiro ingressou como magistrada no TJ/PI, no dia 25 de julho de 1978, foi também pioneira entre as mulheres como desembargadora do TJ-PI, presidente da Corte estadual e do Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Piauí (TRE-PI).

Ao longo da carreira, atuou como juíza auxiliar na comarca de Floriano. Respondeu, como titular, pelas comarcas de Canto do Buriti, Barras, Parnaíba e Teresina, onde atuou na 5ª Vara Criminal. Foi convocada, em 1994, para atuar como juíza na Câmara Especializada Criminal e na Câmara Especializada Cível do TJ-PI. Integrou, ainda, a Corte eleitoral no biênio 1997/1999. É desembargadora desde 30 de março de 2003.

“Ainda estudante, na Universidade do Ceará, fiz uma escolha pautada em um sonho. Faria o curso superior de Direito, a despeito da vontade dos meus pais, pois seria juíza no meu estado natal”, disse a desembargadora durante seu pronunciamento em plenário.

O sonho tornou-se realidade. Mas uma realidade espinhosa. “Quando informada pelo então Presidente do Tribunal, à época da minha aprovação no concurso da Magistratura, de que ele seria contrário à mulher na magistratura, ainda candidata aprovada respondi que ele não havia formalizado no Edital, e que se o tivesse feito eu teria arguido a inconstitucionalidade da norma editalícia. Para mim era certo. Eu seria juíza no Piauí”, argumentou. “Faria quantos certames fossem necessários. Mas Deus agraciou-me logo com o primeiro”, acrescentou.

Jovem destemida, passou por diversas comarcas. “Mas Canto do Buriti me trouxe grandes desafios na atuação profissional quando a titularizei, foi marcante. Pois me completou o coração. Conheci meu marido, e realizei o sonho de formar minha família, família que tanto amo, que tanto me orgulha, que sempre me apoia e me acompanha, meus filhos amados, Liana, Nathalie e Natan Filho, e agora as suas filhas”, relata a magistrada.

Ainda em seu discurso de despedida, a desembargadora lembrou que o trabalho é sua vida. “Exerço este trabalho buscando honrar tudo que ele me deu. Trabalhei incansavelmente. Meu propósito sempre foi cumprir os deveres inerentes ao cargo, dando o meu melhor em nome da Justiça, de forma indistinta e imparcial”, declarou.

Pioneirismo
O pioneirismo marca a trajetória profissional da desembargadora Eulalia Pinheiro. E se, ao se tornar a primeira juíza do Piauí, não tinha consciência da grandeza deste feito, ao tomar posse como desembargador, sabia que escrevia seu nome na história do TJ-PI.

“Tinha ciência do meu pioneirismo. Pesava sobre os ombros a consciência da representatividade. Os preconceitos estavam se rompendo e a maior exigência para que a mulher ocupasse as mais importantes funções em nosso País era que ela fosse competente. Ser competente era ser bem mais eficiente que o homem em iguais circunstâncias”, disse.

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