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Mesmo após registrar 14 fugas este ano, a cerca elétrica e os sensores de presença da Penitenciária Irmão Guido, na zona rural de Teresina, continuam sem funcionar há quase dois anos. Para o diretor administrativo do Sindicato dos Agentes Penitenciários da Secretaria de Justiça do Piauí (Sinpoljuspi), Kleiton Holanda, os problemas têm facilitado as fugas, entrada de drogas, celulares e até mesmo armas dentro do presídio.

Na terça-feira (29), um ex-detento foi preso arremessando pacotes com drogas para o pátio da penitenciária. Somente este ano, 50 presos conseguiram escapar da Irmão Guido.

"Falta manutenção no sistema de segurança da Irmão Guido, que hoje conta com a pior estrutura do estado. São problemas facéis de serem resolvidos, basta instalar uma central de R$ 200 para funcionar os sensores de presença e a cerca elétrica, que segue o estilo residencial, ao invés da industrial como indicado em presídios", declarou.

Esta não é a primeira vez que o G1 mostra o problema. Em abril deste ano, uma reportagem já mostrava as falhas no sistema de segurança dias após a fuga de 10 detentos.

Kleiton Holanda denuncia ainda que a tela de proteção da penitenciária é inadequada, capaz de passar um braço entre os espaços, e por isto são constantes os flagras de pessoas jogando objetos para dentro da unidade.

A Secretaria de Justiça anunciou que fará a instalação de detectores e com isso acabar com as vistorias íntimas. No entanto, a alternativa é questinada pelo Sinpoljuspi, que alerta para os riscos do aparelho detectar apenas objetos metálicos e não conseguir identificar drogas, por exemplo.

"A Irmão Guido também sofre com a superlotação e poucos agentes penitenciários. São 400 presos, sendo que a capacidade é para 300 pessoas e temos apenas seis funcionários por plantão. Faltam câmeras fora da área de segurança e os poucos agentes que temos trabalham sem rádio de comunicação. É um conjunto de problemas que facilita as fugas. Somente este ano, 50 presos conseguiram escapar de lá. É lamentável esta situação", relatou.

Na segunda-feira (28), uma tentativa de fuga foi abortada pelos agentes. Cerca de 40 presos de oito celas da unidade danificaram os cadeados do pavilhão D e se preparavam para escapar durante a madrugada. Os funcionários estranharam a movimentação dos detentos e conseguiram impedir a fuga.
Mudanças

O diretor da Penitenciária Irmão Guido, Fábio Keyller, reconheceu os problemas na tela de proteção, sensores e cerca elétrica. Ele afirmou ao G1 que solicitou à Secretaria de Justiça mudanças no sistema de segurança da unidade.

"O problema é que aqui temos muito vento e termina danificando o sistema de segurança. Técnicos estiveram no presídio fazendo o orçamento para instalar a nova cerca elétrica que será em espiral.

Infelizmente tem imperfeições na tela de proteção e conversei com o secretário de Justiça para corrigir isto. Estamos treinando o pessoal para começar a utilizar os detectores em outubro e retirar as vistorias íntimas, que são consideradas vexatórias", disse.

Em nota, a Secretaria de Estado da Justiça do Piauí (Sejus) informou que está providenciando um plano de reforma para a Penitenciária Regional Irmão Guido e tem executado reformas em todas as unidades penais do Estado, buscando solucionar os problemas estruturais.

Dentro do plano de melhorias, a Sejus disse ainda que já reformou toda parte administrativa e cozinha da Irmão Guido e vai entregar novos equipamentos de segurança para a unidade, como detectores de metal, escaner raio-X, detectores manuais, dentre outros.