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Consulta médica
M.A.D.S.S., de 46 anos, sofre de depressão e síndrome de pânico e faz uso de medicamentos psicotrópicos para tratar o problema. A paciente mora na Vila Palitolândia, região do Angelim, na zona Sul de Teresina. Ela está cansada de esperar por uma consulta com um psiquiátrica através do Sistema Único de Saúde (SUS) e conta que desde junho deste ano está aguardando ser chamada para uma consulta e que seus remédios já acabaram, mas ela só pode comprá-los com uma prescrição médica.
A paciente procurou o portal Piauí Hoje para denunciar a demora para conseguir uma consulta com psiquiatra em Teresina. M.A.D.S.S diz que está tendo várias crises constantes e que só quer uma consulta para que possa prosseguir com seu tratamento.
No Brasil, há 11 milhões de pessoas diagnosticadas com depressão e a doença é a segunda principal causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos de idade. Segundo dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), a média brasileira é de 5,6 mortes por suicídio a cada grupo de 100 mil habitantes. O Piauí apresenta quase o dobro desta taxa, atingindo uma média de 10 mortes, de acordo com o levantamento feito entre os anos de 2010 e 2017. Dados da Fundação Municipal de Saúde (FMS) revelam que somente em 2018 foram registrados 583 casos de violências autoprovocadas em Teresina.
Apesar dos números alarmantes e muitas campanhas de prevenção ao suicídio, Teresina enfrenta a falta de assistência aos doentes mesmo dispondo de várias unidades para atender pessoas com transtornos psíquicos. A maior dificuldade para um paciente como M.A.D.S.S. é esperar por mais de 120 dias por uma consulta com psiquiatra.
"Eu tomo esses remédios há 13 anos e às vezes tenho crises fortes. Estou sem meu remédio e a farmácia não pode vender. A demanda é grande, mas não é a nossa culpa. A culpa é do Governo que não se interessa pelos nossos casos de depressão. Assim como eu, tem muita gente em situação igual a minha ou até pior. Tem pessoas que se matam porque elas querem se livrar daquele sentimento naquele momento. Elas não querem morrer! Elas só querem se livrar daquela dor e não têm um comprido para relaxar. Estou com três dias angustiada porque minha tia faleceu e eu fiquei pior, mas não tenho como tomar um remédio e dormir. Não tenho como relaxar e não posso chegar na farmácia e só pedir o remédio. É angústia por cima de angústia. Isso é falta de interesse público e psiquiátrica deveria ter em todos os postos de saúde porque o mundo está cheio de pessoas depressiva e com síndrome de pânico. São muitos os casos de suicídio, a minoria é divulgado, pois se divulgarem esses casos é pior", desabafa a paciente.
O Piauí Hoje apurou com o Conselho Regional de Medicina que há 95 médicos psiquiátricas no Piauí e a maioria atua em Teresina. Esse número é considerado muito pouco para a demanda. Ao todo, são sete Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) para atender pacientes mais graves na capital. A FMS também dispõe de seis Ambulatórios de Saúde Mental, incluindo o Pró-Vida, especializado em casos de tentativa ou intenção de suicídio, que funciona no Hospital Lineu Araújo.
M.A.D.S.S., procurou várias vezes a Unidade Básica de Sáude (UBS) para conseguir a consulta com o psiquiatra, mas sem sucesso. Na UBS, a paciente foi registrada na regulamentação online e deve aguardar o atendimento, que não tem previsão para acontecer.
A equipe de reportagem procurou a FMS para entender o motivo da demora para a realização da consulta da paciente. A FMS reconhece que a demanda é muito alta e só resta mesmo aguardar. A FMS recomenda que em caso de crises, o paciente deve se dirigir ao PROVIDA que será atendido de imediato por um psiquiatra.
M.A.D.S.S., disse que as coisas não são simples assim. Ela conta que já foi no Lineu Araújo e nada foi resolvido. "No dia que eu fui tinha uma cartela ainda com 10 comprimidos de uma das três medicações que tomo. As outras duas eu não tinha. O médico disse para eu tomar esses 10 comprimidos enquanto aguardo minha consulta, já acabou e até agora nada. É só isso que eles sabem falar", critica a paciente.
Ouça os áudios da paciente falando sobre as dificuldades:
Áudio número 2
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A depressão e a síndrome de pânico de M.A.D.S.S., requer um acompanhamento psiquiátrico contínuo, mas isso está totalmente fora da realidade. "Durante o ano eu teria que consultar oito vezes com o psiquiatra, mas devido a precariedade do SUS, só consigo duas consultas ao ano e com muita dificuldade".
Por fim, a paciente diz que não adianta mais ir ao CAPS, UBS ou Provida, pois em nenhum desses locais consegue a prescrição para obter seus remédios. "O médico da UBS passou pela segunda vez remédio para mim e ele não pode passar mais. Agora só o psiquiatra pode me receitar. Eu até consegui com um amigo médico a receita, mas quando cheguei na farmácia não me venderam porque disseram que ele não é psiquiatra. É muito difícil essa situação.
A FMS ressalta que em casos de urgências psiquiátricas, a exemplo de tentativa de suicídio, a população pode acionar a ambulância do SAMU ou ir por meios próprios para o hospital Areolino de Abreu, unidade que tem psiquiatras 24 horas e é referência para atender casos de urgência psiquiátrica, sem comprometimentos clínicos.
Lista de organizações filantrópicas que contribuem com a prevenção do suicídio em Teresina:
1.Centro de Valorização da Vida (CVV) – Telefone: 188 (disponibiliza linha telefônica para conversa amiga);
2.Centro Débora Mesquita (CDM) – Telefone: (86) 99827-3343/ 98894-5742 (faz palestra sobre doenças mentais e suicídio, fornece atendimento psicológico e tem grupo destinado às pessoas que perderam um ente querido por suicídio);
3.Grupo Contato Apoio Contato e Esperança (GRACE) – Telefone: (86)3237-0077/3237-0202 (disponibiliza linha telefônica para conversa amiga, atende presencialmente na sede e também faz visita domiciliar).
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