Foto: Fotomontagem Piaui Hoje
A facilidade de acesso às armas é uma das causas da violência
Entre 2019 e 2021, a maioria dos homicídios de jovens e adolescentes entre 15 e 29 anos no Piauí ocorreu nas cidades das regiões metropolitanas de Teresina e Parnaíba, que abragem pelo menos dez municípios. Ao todo, foram assassinados 371 jovens e adolescentes entre 15 e 29 anos no estado.
Isso é o que revela o Atlas da Violência 2023 e o Informe Socieconomico N° 23, da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais e Planejamento Participativo - CEPRO, órgão da Secretaria Estadual de Planejamento, divulgado na quinta-feira (28/02).
De acordo com o estudo, em 2021, ocorreram 269 homicídios de jovens na Região Integrada de Desenvolvimento da Grande Teresina (RIDE - Teresina). A capital do estado apresentou a maior porcentagem desses casos, com 194 mortes, o que equivale a 72,1% do total.
Em segundo lugar vem a cidade Timon (MA), que faz parte da Região Metropolitana de Teresina. Em 2021, a cidade teve 58 assassinatos de jovens ( 21,6%). Outros municípios da região, como Altos, Demerval Lobão, José de Freitas e
Nazária, também registraram ocorrências, oscilando entre 0,4 e 1,9%, o que equivale entre um e cinco homicídios no mesmo período.
Em todo o Piaui, entre 2019 e 2021, foram registrados 371 homicídios de jovens, o que resulta em uma taxa de 46,2 homicídios por 100 mil habitantes. Apesar do crescente número de morte entre jovens, em comparação com a média nacional e dos estados nordestinos, o Piauí teve a menor taxa de homicídios de pessoas entre 15 e 29 anos.
Os dados do Atlas da Violência e do Informe da Cepro, mostram que a maioria das vítimas de homicídios é de jovens do sexo masculino. Esses crimes, conforme o estudo, ocorrem principalmente no Territórios de Desenvolvimento Entre Rios (59,30%) e na Planície Litorânea (16,98%).
Além disso, foi constatado que a Região Integrada da Grande Teresina (RIDE Teresina) e a Região Metropolitana de Parnaíba concentram a maioria dos homicídios contra jovens no Piauí, com destaque para as cidades de Teresina e Parnaíba, com 194 e 45 homicídios, respectivamente.
Para os técnicos da Secretaria Estadual de Planejamento, esse levantamento é fundamental para o planejamento e a implementação de políticas públicas voltadas para a prevenção da violência e a proteção dos jovens.
"Também ajuda identificar áreas geográficas e grupos populacionais mais vulneráveis, o que pode possibilitar uma alocação mais eficaz de recursos para combater a violência", dizem os técnicos da Seplan.
Em 2021, na Região Metropolitana de Parnaíba, no Piauí, foram registrados 63 homicídios contra jovens. A cidade de Parnaíba teve o maior número, com 45 casos, representando 71,4% do total. Em seguida vem a cidade de Luís Correia, onde ocorreram 12 mortes (19%). Em Cajueiro da Praia ocorreram quatro assassinatos (6,3%) de jovens em 2021 e em Ilha Grande foram registrados dois casos (3,2%).
"Os municípios da Região Metropolitana de Parnaíba pertencem ao TD Planície Litorânea, que é composto por 11 municípios. Ao analisar essas informações, nota-se que, na Planície Litorânea, os homicídios contra os jovens estavam centralizados exclusivamente na Região Metropolitana de Parnaíba", ressata o Informe da Cepro.
Marcondes Brito: dados preocupam e desafiam as autoridades As vítimas
O Atlas da Violência de 2023 confirma o que a maioria dos jovens e adolescentes vítimas da violência no Piauí é pobre, negro e da periferia.
Entre 2019 e 2021, foram assinados 371 homicídios de nas periferias das cidades das regiões metropolitanas de Teresina e Parnaíba, quem incluem pelo menos nove municípios.
Segundo o estudo, as maioria das vítimas é de pobres e negros da periferia que se envolvem com facções que dominam o tráfico de drogas nas principais cidades do estado.
Jovens X jovens
O preocupante é que quem mata também é adolescente ou jovem. De acordo com o Marcondes Brito, pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) no Piauí, os crimes violentos envolvendo essa faixa etária tem relação direta com disputas entre facções.
"Um dos fatores que é mais importantes é a relação dos jovens que matam e que morrem com o tráfico de drogas em disputas de facções criminosas que passaram a aumentar o índice de mortalidade", contou o pesquisador.
O delegado Charles Pessoa: ações de repressão ao tráfico de drogas Combate às facções
O delegado Charles Pessoa, coordenador do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRACO), diz que a Secretaria de Segurança Pública do Piauí tem um trabalho direcionado ao enfraquecimento das facções e isso contribuiu para diminuir os crimes envolvendo jovens e adolescentes.
"Desde 2023 nós já realizamos 600 prisões de membros de facções criminosas para desarticular elas. Neste ano, já percebemos uma diminuição dos homicídios, do tráfico de drogas e de novas adesões de jovens à facções" explicou o coordenador.
Mas nem só a repressão resolve essa violência. Outras medidas também estão sendo adotadas para preservar a vida dos jovens e adolescentes no Piauí. Especialistas dizem que as escolas de tempo integral, por exemplo, são equipamentos da educação que podem ajudar afastar os jovens e adolescentes do crime.
Outras ações do estado também podem mudar a realidade da violência entre jovens, como adoção de programas de incentivo ao primeiro emprego.
Melhorar o serviço de inteligência das polícias para prevenir e combater a ação dos criminosos. O uso de novas tecnologias para ajudar identificar e prender os traficantes e os chefes das facções criminosas que agem no estado.
Fonte: Atlas da Violência/Cepro
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