A Justiça de Oregon City, no Estado de Oregon (EUA), condenou por unanimidade, através do seu juri, quinta (29), por homicídio Dale Hickman e Shannon Hickman, ambos com 26 anos, por não ter levado seu filho recém-nascido a um hospital, preferindo orar para que ele se curasse. A sentença será anunciada até o final de outubro. Até lá, eles permanecerão em liberdade.
Ambos são da igreja Seguidores de Cristo, que é uma igreja cujos fiéis têm um histórico de rejeitar a medicina porque acreditam na cura pela fé. Cinco outros devotos já foram condenados pelo mesmo motivo.
Casal que tentou a cura pela fé é da igreja Seguidores de Cristo.
O MP (Ministério Público) acusou os dois de homicídio porque oraram e passaram óleo ungido em David, o filho que nasceu com problemas respiratórios por ter infecção bacteriana e pulmões subdesenvolvidos.
Shannon não procurou ter um acompanhamento pré-natal porque essa seria a orientação da igreja. Ela teve o parto na casa de uma parente dois meses antes do previsto.
Shannon disse ter pensado em ligar para a emergência, mas o seu marido pediu que não o fizesse porque ele "estava rezando". Para o MP, contudo, o casal sempre achou que o filho seria curado pela fé em Jesus.
Médicos ouvidos pela Justiça afirmaram que, se David tivesse tido atendimento médico, a chance de sobrevivência seria de 99%.
David Hickman nasceu em 26 de setembro de 2009, e viveu menos de nove horas.
Mark Cogan, advogado de defesa, disse não haver evidências de que o bebê seria salvo se tivesse sido socorrido por médicos. Disse que os seus clientes são vítimas de perseguição religiosa.
Shannon afirmou que não se sente culpada porque a morte de seu filho decorreu da "vontade de Deus".
Para homicídio, a pena em Oregon é de no mínimo seis anos de prisão. Mas como existe uma atenuante para casos envolvendo crenças religiosas, o casal deverá ficar preso por 18 meses no máximo, além de pagar multa de US$ 250 mil (R$ 464 mil).
O governador do Oregon, John Kitzhaber, já assinou uma lei que remove as proteções juridicas para os pais que usam exclusivamente a cura pela fé, não permitindo seus filhos de receberem o cuidado médico devido.
A lei é uma reposta direta a alguns cristãos, visando eliminar o tratamento espiritual como uma defesa contra todas as acusações de homicidio. A menos que a lei mude novamente, o Hickmans serão os ultimos pais, do Oregon, protegidos por isenções religiosas.
Fonte: agencias
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