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1º DE ABRIL

Campanhas contra as fake news são reforçadas no Dia da Mentira

Pesquisar em fontes seguras ajudam combater as fakes, mas todo cuidado é pouco com mentiras na Ne

Arnaldo Silva

Sábado - 01/04/2023 às 19:30



Foto: Reprodução Fake news
Fake news

Acredita-se que uma mudança no calendário utilizado na França no século XVI tenha dado origem ao que hoje conhecemos como o “Dia da Mentira”, celebrado no dia 1º de abril. Nesta data, é comum as pessoas inventarem histórias para brincar com os amigos.

Por falar em inventar histórias, até pouco tempo o monopólio da informação esteve nas mãos das grandes empresas de mídia, mas hoje qualquer pessoa pode produzir conteúdo ou até mesmo divulgar uma informação por meio das redes sociais.

Acontece que parte dessas informações são Fake News, um termo em inglês que é usado para referir-se a falsas informações divulgadas. A imprensa internacional começou a usar com mais frequência o termo fake news durante a eleição de 2016 nos Estados Unidos, na qual Donald Trump tornou-se presidente.

Na época em que Trump foi eleito, algumas empresas especializadas identificaram uma série de sites com conteúdo duvidoso. A maioria das notícias divulgadas por esses sites explorava conteúdos sensacionalistas, envolvendo, em alguns casos, personalidades importantes, como a adversária de Trump, Hillary Clinton.

No Brasil, quatro em cada 10 pessoas afirmam receber notícias falsas todos os dias. O número é ainda maior entre os brasileiros que se preocupam em cair em fake news ou que seus parentes caiam. Nesse cenário, o índice sobe para 65%. Os dados fazem parte de um levantamento feito pela Poynter Institute, escola de jornalismo e organização de pesquisas americana, e conta com apoio do Google.

No dia 25 de março, o Governo Federal lançou a campanha “Brasil contra Fake”, com o objetivo de combater a desinformação disseminada nas redes sociais. Com o tema "Quem espalha fake news espalha destruição", a campanha aborda o impacto do problema no dia a dia da população.

A ideia da campanha é retratar os mais variados perfis de pessoas para mostrar que estamos todos do mesmo lado e qualquer um pode se tornar vítima de uma notícia falsa.

Jornalismo anti-fake

Para combater tanta desinformação, foram criadas as agências de checagem, também conhecidas como ffact-checking. Essas iniciativas têm como objetivo mostrar à população que nem todas as notícias são verídicas e são capazes de apontar isso para qualquer pessoa que tenha dúvidas. 

No Piauí, a COAR Notícias,  fundada pela jornalista Marta Alencar, realiza diariamente o trabalho de confirmar se notícias são de natureza duvidosa ou não.

O Piauí Hoje conversou com a jornalista Marta Alencar que destacou que é importante que as pessoas busquem informações em fontes seguras. A jornalista ressaltou que no "Dia da Mentira", é comum que as pessoas contem histórias falsas que acabam sendo compartilhadas como verdade.

“É muito importante que as pessoas compreendam que o jornalismo é essencial ontem, hoje e sempre. E é quem de certa forma exerce o papel de intermediar entre a população e o poder público, de levar informações verificadas, checadas, interpretadas e analisadas para o público. [...] Informações divulgadas nas redes sociais nem sempre oferecem tudo isso e nem sempre oferecem informação que são baseada em códigos deontológicos em condutas éticas. Muitas vezes falta transparência nessas informações que circulam nas redes sociais”, contou Marta Alencar.

Para o dia da mentira, a jornalista sugeriu que as pessoas usem a data para compartilhar positividades e destacou que a mentira torna o mundo menos democrático. “Hoje, no dia da mentira, fale uma verdade de alguém, fale algo que possa enriquecer a vida do outro e compartilhar algo positivo para o outro, porque o mundo tá tão cheio de mentira muitas vezes por parte de atores políticos que de alguma forma torna o mundo menos democrático e contribui para que haja mais conflitos”,  ressaltou.

Ganância

Os motivos para que sejam criadas notícias falsas são diversos. Em alguns casos, os autores criam manchetes absurdas com o claro intuito de atrair acessos aos sites e, assim, faturar com a publicidade digital. No entanto, além da finalidade puramente comercial, as fake news podem ser usadas apenas para criar boatos e reforçar um pensamento, por meio de mentiras e da disseminação de ódio. Dessa maneira, prejudicam-se pessoas comuns, celebridades, políticos e empresas.

É isso o que acontece, por exemplo, durante períodos eleitorais, nos quais empresas especializadas criam boatos, que são disseminados em grande escala na rede, alcançando milhões de usuários. O Departamento de Justiça Americano denunciou três agências russas, afirmando que elas teriam espalhado informações falsas na internet e influenciarem as eleições norte-americanas de 2016.

As fakes matam

Qualquer tipo de informação falsa, da mais simples à mais descabida, induz as pessoas ao erro. Em vários casos, a notícia contém uma informação falsa cercada de outras verdadeiras. É principalmente nessas situações que estão escondidos os perigos das fake news, e suas consequências podem ser desastrosas.

Um caso que ficou conhecido e chegou ao extremo foi o da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, que morreu após ter sido espancada por dezenas de moradores de Guarujá, no litoral de São Paulo, em 2014. A revolta dos moradores foi em virtude de informações publicadas em uma rede social, com um retrato falado de uma possível sequestradora de crianças para rituais de magia negra. A dona de casa foi confundida com a criminosa e acabou linchada por moradores.

No Brasil, a legislação que prevê punição para esse tipo de crime não fala sobre internet, cita apenas rádio e televisão. Alguns sites de fake news usam endereços e layouts parecidos com os de grandes portais de notícias, induzindo o internauta a pensar que são páginas de credibilidade. Por isso, todo cuidado é pouco na internet.

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