Foto: Print do vídeo
A mãe da criança gravou vídeos que servirão como provas no processo judicial
Teresina (PI) - Um caso de discriminação contra uma criança autista tem gerado revolta na população piauiense. Nessa sexta-feira (1º), a gerente de uma unidade da Drogaria Globo, que fica dentro do Teresina Shopping, na zona Leste de Teresina, zombou de uma menina autista que usava uma pulseira guia de segurança. O acessório evita que as crianças corram para longe de seus responsáveis. A gerente comparou a criança com um cachorro e em tom de deboche fez os demais funcionários rirem.
Indignada com o comentário preconceituoso, a mãe da criança gravou vídeos que repercutiram rapidamente nas redes sociais. Raquel Torres relata que estava na farmácia com a filha, que também usava no pescoço um cordão que identifica pessoas autistas, e mesmo assim a gerente ficou fazendo chacota.
"Foi uma situação bem chata o que aconteceu, uma criança com colar, colar de autismo no pescoço, só porque estava usando isso aqui ó, na mão, porque minha filha se perde, entendeu? Minha filha se machuca e eu preciso usar, entendeu? Os funcionários aqui da loja estavam fazendo comparação, fazendo chacota da minha filha, como se minha filha fosse um cachorro... Eu espero que nenhum tipo de mãe passe pelo que eu estou passando”, disse a mãe da criança em vídeo gravado na frente da farmácia.
Raquel Torres avisou ao seu esposo sobre a situação e ele rapidamente foi até ao local. O pai da criança é o policial militar que aparece nos vídeos. Em dos vídeos, o policial aparece dialogando com os funcionários e disse que aquilo não poderia acontecer de forma alguma, ainda mais vindo de uma gerente.
A gerente tenta se explicar e diz ter feito "um comentário infeliz", argumentando ainda que tem autista na família. O pai diz que a gerente é irresponsável pelos comentários preconceituosos que fez.
Após o ocorrido, a família registrou um Boletim de Ocorrência e informou que irá tomar medidas judiciais contra a rede Drogaria Globo, que até o fechamento desta matéria não se manifestou sobre o caso.
Nas redes sociais, Raquel Torres disse que vai se recuperar e agradeceu profundamente o apoio de todos. Ela também afirmou que a filha ficou tão abalada emocionalmente que deu uma febre alta.
"Sabe eu vou me recuperar, porque não foi fácil e nem vai ser, mais eu agradeço profundamente por todo apoio que todos estão me dando nesse momento. Whitney agradece muito, uma pena que mexeu muito com o emocional dela e deu febre de quase 39 graus e sua noite foi meio conturbada. Mais a gente segue em frente e merecemos respeito. Obrigado de coração!", comentou a mãe.
A Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Autismo da OAB Piauí divulgou uma nota de repúdio sobre o assunto:
A Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Autismo, atenta aos vídeos que estão circulando na Internet em que uma mãe denuncia um caso de discriminação contra sua filha autista numa farmácia nessa capital, vem a público manifestar sua solidariedade a criança, a mãe e a todos (as) autistas que já sofreram discriminação.
Autistas podem ter comportamentos de fuga (eloping) pelo excesso de estímulos do ambiente ou pela vontade de explorar o mesmo. No caso de crianças, é importante que os responsáveis garantam a segurança delas quando apresentarem tais comportamentos. Caso seja necessário algum acessório para conter o(a) indivíduo(a) autista, deve ser visto e tratado com a devida naturalidade.
É inaceitável que pessoas enfrentem discriminação e tratamento desrespeitoso, especialmente em um ambiente que deveria ser acolhedor e inclusivo para todos. Situações como essa ressaltam a importância contínua de promover a conscientização e a educação sobre as necessidades das pessoas com autismo, para garantir que todos os espaços sejam acessíveis e acolhedores, promovendo inclusão.
Nesse sentido, gostaríamos de aproveitar esta oportunidade para oferecer nosso apoio e recursos técnicos. A Comissão está intimamente envolvida com a causa autista, sempre dispostos a fornecer capacitação gratuita para equipes interessadas a aprender sobre o autismo, bem como atender esse público de forma adequada, com o objetivo de sensibilizá-los sobre as necessidades das pessoas autistas e proporcionar um atendimento inclusivo e respeitoso a todos os clientes.
Acreditamos firmemente que a educação e a conscientização são fundamentais para criar uma sociedade mais justa e inclusiva para todos, e estamos comprometidos em contribuir para esse objetivo de todas as maneiras que pudermos.
Com nossa mais sincera solidariedade.
CDDPA
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