Foto: Montagem Piauí Hoje
Crianças com necessidades especiais são discriminadas no Teresina Shopping
Foram vários dias de preparação para que tudo saísse perfeito. Foi feito uma campanha em busca de presentes, lanches, transporte e por fim, foi escolhido o local onde crianças com necessidades especiais realizassem o sonho de Natal: o Teresina Shopping. O que não passava pela cabeça dos integrantes da ONG Mundo Colorido, com sede em Barras, município situado ao Norte de Teresina, é que o sonho viraria um pesadelo. A ONG acusa o estabelecimento de descaso total com as crianças especiais, pois não houve sequer um acolhimento no dia da ação e as crianças ficaram expostas ao calor, sem nenhum conforto e o lanche foi servido no chão do shopping. O olhar dos pais era e dos voluntários era de tristeza. O caso chamou a atenção da titular da 28ª Promotoria de Justiça, Dra. Marlúcia Gomes Evaristo Almeida. Foi marcada uma audiência na manhã de hoje (17), no Ministério Púbico Estadual, onde o advogado Joaquim Santana acompanha os integrantes da ONG e pais de algumas crianças prejudicadas.
Em entrevista ao Piauí Hoje, a presidente da ONG Mundo Colorido, Amanda Paz, disse que entrou em contato com o Teresina Shopping em novembro para informar que queria levar três ônibus com crianças especiais e responsáveis para o estabelecimento. "Nós escolhemos o Teresina Shopping para fazer a confraternização de Natal por ter a decoração natalina mais bonita. Comecei a combinar com o Teresina Shopping em novembro e mostrei a ação passada, que fizemos no Shopping Rio Poty. Repassei meu contato, combinamos tudo. Um rapaz entrou em contato comigo para informar sobre a liberação da entrada dos ônibus e então no sábado (14), chegou o dia do passeio. Entramos com os ônibus e até ai tudo certo. Chegamos e para nossa surpresa não tinha lugar nem para a gente se sentar e eles disseram que a gente não entrou em contato com eles. Mas isso não é verdade, tenho todas as mensagens que provam que eu disse o dia que iria ser o passeio e a quantidade de crianças que iriamos levar. Combinei tudo com eles, pedi autorização para levarmos lanches e os presentes para a praça de alimentação. Agora todas as mães estão indignadas", disse Amanda Paz.
Ainda segundo a presidente da ONG, foi organizada uma campanha no final do mês de outubro, em que as crianças assistidas pela ONG gravaram vídeos fazendo seus pedidos de Natal. Várias pessoas adotaram um pedido das criança e doaram os presentes. A entrega dos presentes e o lanche seriam realizados no Teresina Shopping, onde tem um belo cenário de Natal que poderia encantar os pequenos. Amanda conta ainda que as crianças tiveram que sentar no chão para lanchar e ficaram em um péssimo local, próximo ao estacionamento e sem refrigeração.
"Quando entramos no Shopping nos mandaram para um local muito ruim que não tinha onde as crianças sentarem. Os voluntários pediram cadeiras mas isso foi negado, apenas quase quando estávamos de saída é que aparecem alguma. O Papai Noel passou por lá, mas percebemos que era porque ele estava indo para o estacionamento e o mesmo ficou por muito pouco tempo. os guerreirinhos que podiam, ficassem no chão. Não tinha mesa para colocarmos os lanches e foi servido no chão. Para completar, o local não tinha ventilação, gerando muito desconforto. Esta sendo difícil relatar o que passamos, pois foi muito triste ver essa falta de respeito com todos que participaram. Ficamos escondidos, nos sentimos excluídos em um local que é público", disse trecho na nota divulgada pela ONG.
Cleidiane é mãe da Rafaela Cristina, que tem síndrome de Down e é uma crianças assistidas pela ONG. A mãe gravou um vídeo para mostrar a situação. Confira abaixo:
Outro lado
A assessoria de comunicação do Teresina Shopping enviou uma nota ao Piauí Hoje e disse que a ONG não solicitou um momento com o Papai Noel ou local reservado para as atividades. O estabelecimento disse ainda que a ONG solicitou um horário de visita às 14h e não às 19h, horário em que chegaram ao shopping e que o fluxo de clientes é maior, principalmente na Praça de Alimentação.
Veja a nota do Teresina Shopping:
"O Teresina Shopping esclarece que a entidade Mundo Colorido solicitou, via redes sociais, a liberação da entrada de três ônibus no estacionamento, o que foi prontamente atendido. A entidade não solicitou previamente um momento com o Papai Noel ou local reservado para realização das atividades, conforme todos os registros de contato com o Shopping. A informação repassada pela entidade era de que a visita ao shopping ocorreria às 14:00h do último sábado (14) e não às 19:00h quando chegaram, horário de maior fluxo de clientes, principalmente na praça de alimentação. Mesmo sem a comunicação prévia da estrutura que necessitariam para acomodar as crianças, o shopping buscou atender às necessidades dos visitantes, de acordo com o que foi solicitado pela entidade no momento em que já estavam no local. O shopping reitera seu compromisso social e repudia qualquer tipo de discriminação e/ou preconceito. Somente este ano foram 23 visitas programadas de escolas públicas e/ou entidades, com aproximadamente 1.500 crianças que formalizaram a solicitação por meio de ofício e foram atendidas. Durante a visita, elas conhecem a decoração natalina, assim como tiram foto com o Papai Noel e a recebem digitalmente. Além disso, recebem o lanche disponibilizado pelo shopping na praça de alimentação".
Nota da ONG
"Gostaríamos de esclarecer o que aconteceu no dia 14 de dezembro de 2019, referente a ação natalina de crianças, adolescentes e adultos com necessidades especiais das cidades de BATALHA, BARRAS, CABECEIRAS, JOSÉ DE FREITAS E TERESINA, ATENDIDAS PELA ONG MUNDO COLORIDO. Bem, primeiramente nossa campanha deu início no final do mês de outubro onde foram postados vídeos com pedidos de natal para as pessoas apadrinharem no qual pretendíamos fazer nossa confraternização para a entrega dos presentes, então, pensamos em levá-los para conhecer as belas decorações natalinas de um Shopping, assim escolhemos entres os Shoppings da capital, o Teresina Shopping por ter feito uma decoração belíssima. Após termos escolhido o mesmo, procuramos os meios de comunicação do estabelecimento, através do telefone de contato, de mensagem no direct do Instagram para explicar o porque de termos escolhido o Shopping e informar quem éramos, o que queríamos fazer, etc. Assim fizemos, ao contactá-los, tivemos uma resposta sobre nosso propósito que era pedir a autorização para levarmos lanches e os presentes para a praça de alimentação. Foi explicado mais ou menos o total de quantas crianças e acompanhantes iriam e também o horário que prentediamos ir e os mesmo pediram o telefone da presidente da ONG, Amanda Paz, onde a mesma conversou com eles, falou sobre o motivo principal da ida ao Shopping e eles apresentaram até um projeto deles que era pela manhã de 08:00 as 11:00, mas informamos que ficava inviável o horário, por conta que tinha muitas crianças especiais da zona rural que queriam participar e ficava complicado a vinda delas muito cedo devido limitações com suas alimentações, a distância das cidades para capital, a disponibilidade dos voluntários (pois pela manhã de sábado alguns estavam trabalhando) dentre outras coisas".
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