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SEM AR-CONDICIONADO

Calor: Motoristas da Uber e 99 não ligam ar-condicionado e usuários reclamam

Aos 40 graus, a maioria dos motoristas não liga o ar-condicionado em Teresina

Da Redação

Quinta - 05/10/2023 às 08:50



Foto: Getty Images / WhatsAapp Motoristas de aplicativo
Motoristas de aplicativo

Mesmo com os termômetros marcando 40 ºC em Teresina no B-R-O-BRÓ, a maioria dos motoristas das plataformas Uber e 99 não liga o ar-condicionado durante as viagens.  Isso tem deixado os usuários do serviço cada vez mais insatisfeitos.

Assim que o transporte por aplicativo chegou ao Brasil, o serviço era considerado ‘cinco estrelas’. Era difícil entrar em um carro e o motorista não oferecer balinha, o ar-condicionado estava sempre ligado e alguns ofereciam até mesmo água gelada.  Sem falar que não havia cancelamentos de corrida como há hoje. Com o passar do tempo, essas mordomias foram desaparecendo.

Afinal, por que os motoristas preferem trabalhar no calor e não ligam o ar-condicionado? Muitos deles até mentem falando que é norma da plataforma em razão da propagação da COVID-19 e por isso a orientação é circular com os vidros abertos. No entanto, já sabemos que isso não é verdade, pois essa norma só existiu no auge da pandemia e atualmente não há nenhum tipo de impedimento para circular com os vidros do carro fechados.


Uma das razões que os levam a não ligar o aparelho é porque o lucro do motorista com a viagem fica ainda menor. Digamos que o uso do ar-condicionado gaste uns 10% do combustível e o motorista gaste em média R$ 1.500 de combustível por mês para trabalhar, significa que ligar o ar-condicionado para os passageiros lhe custaria R$ 150 no mês.

Há uma polêmica acerca do assunto depois que motoristas de várias cidades passaram a cobrar uma taxa extra do passageiro para que a viagem seja com o ar-condicionado ligado. É muito difícil encontrar um passageiro que concorde com essa prática.

A usuária Kassilda Farias é uma das que considera a cobrança um absurdo. 

“O usuário não tem que se responsabilizar pelas ‘despesas’ do motorista, pois buscamos em todas as áreas ter o melhor serviço”, disse Kassilda.  

O motorista Kelson Silva está há um ano trabalhando como motorista na 99 e disse que não liga o ar-condicionado porque paga aluguel do carro e no final a conta não fecha.

“Não dá para pagar aluguel de carro, gasolina e ar-condicionado. No final eu vou estar pagando para trabalhar e não vou ter dinheiro para levar para casa. Infelizmente quem vive de aluguel de carro é complicado. Supondo que eu faça R$ 300 no dia, R$ 100 já tiro para o aluguel. Eu gostei dessa ideia de cobrar uma taxa por fora, mas ainda não tive coragem de fazer assim não, pessoal pega mal”, explica o motorista.

Já a motorista Kézia Maria não abre mão de trabalhar no conforto. Para ela o ar-condicionado ligado significa cuidar de sua própria saúde.  

“Eu rodo com o ar ligado. Moramos em uma cidade quente e principalmente nessa época do ano que piora as temperaturas. É essencial o ar-condicionado para própria saúde do motorista que está todo o dia dentro de um carro. Também dá um pouco de alívio para o passageiro”, afirma Kézia Maria.  

Ela disse ainda que não cobra nenhuma taxa extra do passageiro para ligar o ar-condicionado porque seu carro é econômico e não criticou quem cobra. 

“Gasolina está cara e não temos nenhuma ajuda financeira por parte do aplicativo para nada”, concluiu.

Paulo Sousa trabalha há três como motorista de aplicativo nos turnos manhã, tarde e noite. Ele montou sua própria estratégia para não deixar de oferecer conforto aos passageiros.

“Começo às 5h30 da manhã e fico até 9h sem ligar o ar-condicionado porque esse horário ainda não está muito quente. No horário de pico pela manhã acabo faturando mais por conta da tarifa dinâmica. Entre 10h e 13h eu ligo o ar-condicionado. Dou uma pausa e volto 15h para as ruas e rodo até 18h com o ar. De noite eu só ligo se o cliente pedir. Finalizo às 20h. Sempre busco locais onde o preço das corridas está lá em cima para poder compensar os gastos com o ar”, comentou.

Lêda Pessoa utiliza transporte por aplicativo quase todos os dias e disse que é difícil encontrar um motorista que ligue o ar-condicionado. No entanto, ela afirmou que pede para ligar e geralmente é atendida.  

“As vezes eu peço para ligar. Já outros eu nem peço só pela cara deles. Comigo nunca cobraram taxa extra. Sou contra essa taxa porque é questão de sobrevivência mesmo. Acho que o problema está no repasse do valor do aplicativo para os motoristas. Nós consumidores estamos fazendo nossa parte que é pagar o valor cobrado”, comentou Leda Pessoa. 

Por fim, o que deveria ser feito que tanto os motoristas como passageiros tivessem conforto durante as viagens, era que as empresas Uber e 99 melhorassem o repasse dos valores aos profissionais, levando em consideração o aumento no preço do combustível.

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